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Sônia Puxian: "Alegria, cerveja, confraternização, muito dinheiro, pessoas felizes..."

Coordenadora de Comunicação da BPW – Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Campo Grande-MS

Redação

04/10/2014 - 00h00
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Conta a lenda que, certa vez, ao falecer um político e chegando ao outro lado, foi perguntado pelo atendente em que local preferia ficar, pois ele tinha um tratamento diferenciado. Privilegiado, ele poderia escolher entre o céu e o inferno.  

Tranquilo e satisfeito pelo atendimento especial e “vip”, o político foi levado até os dois locais para que ele os conhecesse antes de escolher. Primeiramente foram ao inferno, o atendente abriu as portas para que ele visse o local e como viviam as pessoas: “O ambiente era de festa, muita alegria, cerveja, confraternização, muito dinheiro, pessoas felizes, amigas, música, fartura de comida, tudo muito harmonioso”. Em seguida, ele foi levado ao céu; ao abrir as portas: “Ambiente de sofrimento, pessoas tristes, chorando, se lamuriando, trabalhando pesado, sem dinheiro, doentes, ambiente sombrio, muita dor e sofrimento”. O político ficou surpreso! O atendente dirigiu-se então ao político e disse: “O senhor volta amanhã já com a definição de onde quer ficar”. 

Feliz por ter a oportunidade de escolha, o político retornou no dia seguinte todo animado e, ao ser perguntado se queria ir para o céu ou o inferno, tranquilo e bem-humorado, respondeu rapidinho: “Quero ir pro inferno!”. Dirigiram-se  então ao local e, quando o atendente abriu a porta, o político empalideceu... Não acreditou no que via. O ambiente era outro: “Pessoas se lamuriando, chorando, tristes, doentes, muito sofrimento, trabalho forçado, suor, calor”. Surpreso e chocado com o que viu, o político ficou confuso, não entendeu direito, virou-se para o atendente e perguntou com ar de espanto: “Mas o que aconteceu?”. Ontem, eu vi outra situação, não era esse sofrimento. E o atendente respondeu: “Ontem, foi promessa, como nas campanhas políticas; hoje, é a realidade!”. UGH!

Pois é! Assim caminha a humanidade, ninguém mais sabe o que é verdade e o que é promessa, mas, diante de tantas ofertas, é mister fazer valer a própria escolha na hora do voto. Por enquanto, não tem ninguém indo para o céu ou para o inferno! 

A vida tem lá os seus tropeços, dificuldades, e é necessário lutar, trabalhar, vencer e superar obstáculos, mas tudo dentro da normalidade. Quando a situação foge ao controle, o resultado é anormalidade e dificuldade de prosseguir o caminho traçado, mas, como tudo na vida é passageiro, faça agora a sua parte para que a mudança traga bons frutos para todos. Vote consciente e bem pensado, não abra qualquer porta para não se decepcionar com o que vem depois.   

Já é hora de dar um basta na omissão e no descaso. As pessoas necessitam de atenção, segurança, saúde, educação, trânsito organizado, e por falar em trânsito, Campo Grande não tem perfil para ter congestionamentos, e eles ocorrem com frequência em determinados horários e por conta da falta de sincronização dos faróis. Resumo? “Não precisaria passar por isso, mas é interessante mostrar que a cidade tem trânsito, muitos carros, afinal, quem trafega por ela que fique sentado à toa... Outra solução seria o farol piscando após meia-noite, isso viabilizaria e tranquilizaria o motorista para que pudesse passar e não ficar parado por tanto tempo!    

Existem tantas possibilidades, mas pouca solução! São tantas falhas, mas poucas respostas.

Muitas promessas, pouco resultado... O povo trabalha, pega ônibus para retornar ao lar depois de um dia de trabalho e precisa de conforto, segurança e infraestrutura, como tratamento de esgoto, luz, asfalto, linhas de ônibus, escolas, postos de saúde, entre outras necessidades básicas.  

Na verdade, não somos nós que vamos fazer isso, mas somos nós que vamos escolher quem vai fazer isso. E esse poder de decisão ninguém tira de você, portanto, faça valer seu direito, a hora é agora. No momento de fazer a máquina “tocar sua musiquinha” com o número que você digitou, lembre-se: “Céu ou inferno?”.

Campo Grande – Cidade Morena, nosso coração pulsa forte por você!

ARTIGOS

O que tem para dizer o MPF?

19/11/2024 07h45

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O que há de ser entendido no silêncio que o Ministério Público Federal (MPF) adotou – quando se calou e se mantém calado – diante da solução que os governos federal e estadual encontraram para pôr fim ao caso da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul?

Como é sabido, a questão abarcava conflitos violentos que vinham acontecendo há décadas entre indígenas e não indígenas. Esses conflitos foram desencadeados a partir da instrução do processo administrativo em que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) demarcou – pela ocupação indígena em passado remoto que ela mesmo declarou – um território inteiro de terras particulares em Antônio João, até então, integralmente ocupado, possuído e explorado há quase um século por seus respectivos proprietários. 

O que amparava esses conflitos era a teoria do indigenato, de 1912, do ministro João Mendes, que pela ocupação indígena em passado remoto identificou a TI Ñande Ru Marangatu. Essa forma de identificação de terra indígena tem sido a causa das incontáveis invasões indígenas às terras particulares que ocorreram e que ocorrem todos os dias em MS e em muitas regiões do território nacional.

Lado outro, a Comissão Especial de Autocomposição do Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo, o que leva concluir que a mais alta Corte de Justiça concorda com esse modus operandi de se identificar terras indígenas e o adota, como se tanto fosse possível, na solução das causas que julga envolvendo matéria indígena. O exemplo mais recente envolve o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.017.365/SC.

Aliás, a Corte faz confusão quando identifica terras indígenas. Ora adota a teoria do indigenato, ora adota a sua própria interpretação, proclamada na assertiva de que a “configuração de terras ‘tradicionalmente ocupadas’ pelos índios já foi pacificada com a edição da Súmula nº 650, que dispõe: ‘Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto’”.

Notadamente, o STF relativizou ainda mais o direito de propriedade constitucional diante da matéria indígena, proclamando que, uma vez constatada a ocupação indígena em passado remoto, não há que se invocar o direito de propriedade, o título translativo nem a cadeia sucessória do domínio como defesa. Em resumo, o posicionamento extremo do Supremo é de que a ocupação indígena – seja ela presente, seja ela em passado remoto (indigenato) – define a terra indígena da União. 

A seu turno, por que o MPF – ferrenho defensor dessa ordem jurídica – deixou que os governos federal e estadual pagassem aos particulares pelas terras indígenas que ocupavam e exploravam no distrito de Campestre, em Antônio João? Com a palavra, o MPF em Mato Grosso do Sul!

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A resiliência e a fé

19/11/2024 07h30

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Os desafios diários enfrentados por quem atua na proteção da natureza têm se tornado uma enorme prova de resistência e fé. As condições climáticas extremas, impulsionadas pelas altas temperaturas, ameaçam nossas reservas com o fogo e penalizam a fauna e a flora – já impactadas pela reincidência de incêndios violentos desde 2020.

Percebo que a fauna enfrenta o pior processo de extinção desde o período em que conseguimos a vitória no controle da caça, do tráfico de animais silvestres e da pesca predatória na década de 1980. O cenário atual é de destruição de habitat natural, em que espécies estão sendo dizimadas de forma assustadora, especialmente répteis e insetos. As chamas estão tão intensas que, somadas aos ventos fortes, invadem todos os lugares: locas, copas das árvores, etc, persistindo por meses de forma impiedosa.

Não há dúvidas de que estamos perdendo essa batalha. Somente neste ano já ultrapassamos os 3 milhões de hectares queimados. Esse trágico número foi alcançado mesmo com o empenho de recursos financeiros nas ações de combate, que certamente superam R$ 1 bilhão – entre os investimentos dos governos federal e estadual.

Nunca tivemos – em um histórico de 40 anos – uma infraestrutura de combate tão ampla, incluindo recursos humanos, equipamentos de logística, helicópteros, caminhões e embarcações. É importante destacar o trabalho pioneiro da Famasul, que contabiliza os prejuízos na produção das fazendas no Pantanal, já ultrapassando R$ 50 milhões.

Como podemos ser mais eficientes se nossa capacidade financeira já extrapola seus limites dos desafios e a força humana se mostra insuficiente, em algumas situações até incapaz? Estamos enfrentando algo sem precedentes e que excede nossa capacidade de resposta.

Não devemos nos omitir na identificação dos responsáveis. Eles existem, embora sejam poucos. Ainda assim, acredito que não haverá melhoras significativas na questão comportamental apenas com multas milionárias e possíveis prisões. 

A experiência de outros países, como Portugal e Austrália, nos indica que o ímpeto punitivo não traz uma solução completa. Esses países já lidam com incêndios gigantescos e perdas de vidas humanas em virtude deles há mais de 20 anos.

O mais impressionante – e certamente mais doloroso que as próprias chamas – são as acusações equivocadas e a ignorância de alguns que associam o crescimento dos incêndios às reservas de proteção. Ao contrário, as poucas áreas protegidas no Pantanal (menos de 5%) têm estruturas para evitar incêndios e ações preventivas em seus planos de trabalho, como a presença de brigadas.

Podemos reduzir a escalada dos incêndios ano após ano se implementarmos outras estratégias que não se restrinjam ao combate ao fogo, mas que incluam 
a prevenção. Devemos reconhecer que nossos planos atuais não estão trazendo os resultados esperados e que não será somente o aumento dos investimentos financeiros que nos trará a solução.

O ponto crítico é como um dos biomas mais preservados (cerca de 85%) passou a ser um grande emissor de gás carbônico no País. Os fenômenos naturais são impactados negativamente pelas condições climáticas extremas. Essa situação ameaça nosso bioma e exige novas estratégias que unam ciência e competência para enfrentar esses fenômenos sem precedentes.

Restaurar ao proprietário formas de manejo do fogo pode ser uma alternativa. Eles podem ajudar. Ao mesmo tempo, com mais tecnologia e grupos de ação de combate ao fogo, equipados com boa logística e equipamentos adequados, podemos reduzir o tempo de resposta. Não podemos desistir e precisamos ter fé e resistência para rever nossa relação com o planeta.

Poderíamos, em um gesto responsável, olhar e fazer algo pela nascente do Rio Paraguai. Não sou pessimista, mas talvez apenas a desesperança e o senso de urgência possam nos salvar.

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