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OPINIÃO

Sônia Puxian: "Apostar é melhor do que duvidar"

Jornalista

Redação

10/02/2017 - 01h00
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Tudo na vida é consequência de escolhas, mas, na hora da decisão, o medo aparece para mostrar que nem tudo é como a gente pensa. Certo ou errado? A resposta é sempre uma incógnita, mas pode dar certo se você levar em conta a vontade de acertar e apostar no seu ponto de vista. 

Para se obter respostas, é preciso realizar o projeto. Pensar não resolve nem responde a essa pergunta, logo vale a pena colocar em prática e ver o resultado. Fazer é melhor do que pensar, afinal, no pensamento tudo pode acontecer, mas na vida real é a coragem que vai levar você adiante.

Você já prestou atenção nos prejuízos que o medo ocasiona? Medo de prestar vestibular e não ser aprovado; medo de iniciar um negócio e não ser bem-sucedido; medo de entrar numa relação e não dar certo; e por aí vai, mas tudo na vida é interrogação. A única certeza que temos é a nossa vontade de fazer as coisas darem certo. Para que isso aconteça, troque o medo pela esperança e aposte em você mesmo.

Quando tiveres a certeza de que o medo está fora do seu alcance, comece a realizar seus sonhos, não importa o resultado! Agir é melhor do que imaginar, apostar é melhor do que duvidar, lutar é melhor do que se recolher e vencer pode ser o resultado disso tudo. Elimine o medo e substitua-o pela coragem.  

Veja o que diz David Niven no livro “Os 100 Segredos das Pessoas de Sucesso”: “Você precisa de confiança para ter sucesso. Você já ouviu isso, já leu sobre isso, sabe disso. Confiança significa autoestima, e esta deve ser construída com base no respeito próprio. Por mais que tenhamos confiança em nós mesmos, sofremos quando fracassamos e ficamos abalados com os resultados negativos”. 

É importante antes de tudo acreditar em você mesmo. “Por isso não basta saber o quanto você é capaz ou talentoso, é preciso que tenha plena consciência de quem você é – a sua essência”, diz Niven.

Tudo o que nasce com a força interior, ou seja, se a pessoa acredita, acontece com a mesma energia, responde às expectativas de quem sonhou e quase sempre dá certo. É fácil notar que quando alguém acalenta um ideal e sonha com a sua realização consegue torná-lo real e a resposta é sucesso. 

E David Niven diz mais: “Escrever seus planos, metas e ideias faz com que eles se tornem mais reais para você. Ao escrever você percebe falhas e descobre outras alternativas em que não havia pensado antes. Cada passo que você dá para definir o que quer e o que precisa fazer para chegar aonde quer aumenta suas chances de realmente atingir seus objetivos”.

Se você optar pelas coisas boas, elas virão até você. E claro, é preciso ter sabedoria e discernimento para resolver os impasses do dia a dia, com a certeza de que resolver problemas nos deixa mais fortes e confiantes. E lembre-se: “Faça do bom humor sua porta de entrada para ser bem-sucedido!”.

A maneira de encarar os desafios do caminho conta com um grande aliado, a alegria, o entusiasmo e a coragem de levar adiante um ideal que há muito ficou adormecido no seu arquivo mental. O que é preciso para levar adiante essa proposta? São muitos motivos que o impedem de fazer essa mudança, mas também são muitas as vantagens de torná-la real, afinal, se não apostar não vai saber o resultado. 

Anote aí o que diz David Niven: “O presidente Kennedy gostava de uma lição de Confúcio: ‘A vitória tem muitos pais, a derrota é uma órfã’. Nossa tendência é reivindicar crédito pelo sucesso e jogar culpa pela derrota nas outras pessoas. No entanto, é preciso saber exatamente qual o nosso papel na vitória, seja ele qual for”.

Em tudo na vida há de se ter clareza dos atos e escolhas, mas uma coisa é certa, de nada vale ficar acomodado e não colher resultados, vale mais apostar, com a certeza de que a responsabilidade é de quem aposta.

ARTIGOS

O que tem para dizer o MPF?

19/11/2024 07h45

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O que há de ser entendido no silêncio que o Ministério Público Federal (MPF) adotou – quando se calou e se mantém calado – diante da solução que os governos federal e estadual encontraram para pôr fim ao caso da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul?

Como é sabido, a questão abarcava conflitos violentos que vinham acontecendo há décadas entre indígenas e não indígenas. Esses conflitos foram desencadeados a partir da instrução do processo administrativo em que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) demarcou – pela ocupação indígena em passado remoto que ela mesmo declarou – um território inteiro de terras particulares em Antônio João, até então, integralmente ocupado, possuído e explorado há quase um século por seus respectivos proprietários. 

O que amparava esses conflitos era a teoria do indigenato, de 1912, do ministro João Mendes, que pela ocupação indígena em passado remoto identificou a TI Ñande Ru Marangatu. Essa forma de identificação de terra indígena tem sido a causa das incontáveis invasões indígenas às terras particulares que ocorreram e que ocorrem todos os dias em MS e em muitas regiões do território nacional.

Lado outro, a Comissão Especial de Autocomposição do Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo, o que leva concluir que a mais alta Corte de Justiça concorda com esse modus operandi de se identificar terras indígenas e o adota, como se tanto fosse possível, na solução das causas que julga envolvendo matéria indígena. O exemplo mais recente envolve o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.017.365/SC.

Aliás, a Corte faz confusão quando identifica terras indígenas. Ora adota a teoria do indigenato, ora adota a sua própria interpretação, proclamada na assertiva de que a “configuração de terras ‘tradicionalmente ocupadas’ pelos índios já foi pacificada com a edição da Súmula nº 650, que dispõe: ‘Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto’”.

Notadamente, o STF relativizou ainda mais o direito de propriedade constitucional diante da matéria indígena, proclamando que, uma vez constatada a ocupação indígena em passado remoto, não há que se invocar o direito de propriedade, o título translativo nem a cadeia sucessória do domínio como defesa. Em resumo, o posicionamento extremo do Supremo é de que a ocupação indígena – seja ela presente, seja ela em passado remoto (indigenato) – define a terra indígena da União. 

A seu turno, por que o MPF – ferrenho defensor dessa ordem jurídica – deixou que os governos federal e estadual pagassem aos particulares pelas terras indígenas que ocupavam e exploravam no distrito de Campestre, em Antônio João? Com a palavra, o MPF em Mato Grosso do Sul!

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ARTIGOS

A resiliência e a fé

19/11/2024 07h30

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Os desafios diários enfrentados por quem atua na proteção da natureza têm se tornado uma enorme prova de resistência e fé. As condições climáticas extremas, impulsionadas pelas altas temperaturas, ameaçam nossas reservas com o fogo e penalizam a fauna e a flora – já impactadas pela reincidência de incêndios violentos desde 2020.

Percebo que a fauna enfrenta o pior processo de extinção desde o período em que conseguimos a vitória no controle da caça, do tráfico de animais silvestres e da pesca predatória na década de 1980. O cenário atual é de destruição de habitat natural, em que espécies estão sendo dizimadas de forma assustadora, especialmente répteis e insetos. As chamas estão tão intensas que, somadas aos ventos fortes, invadem todos os lugares: locas, copas das árvores, etc, persistindo por meses de forma impiedosa.

Não há dúvidas de que estamos perdendo essa batalha. Somente neste ano já ultrapassamos os 3 milhões de hectares queimados. Esse trágico número foi alcançado mesmo com o empenho de recursos financeiros nas ações de combate, que certamente superam R$ 1 bilhão – entre os investimentos dos governos federal e estadual.

Nunca tivemos – em um histórico de 40 anos – uma infraestrutura de combate tão ampla, incluindo recursos humanos, equipamentos de logística, helicópteros, caminhões e embarcações. É importante destacar o trabalho pioneiro da Famasul, que contabiliza os prejuízos na produção das fazendas no Pantanal, já ultrapassando R$ 50 milhões.

Como podemos ser mais eficientes se nossa capacidade financeira já extrapola seus limites dos desafios e a força humana se mostra insuficiente, em algumas situações até incapaz? Estamos enfrentando algo sem precedentes e que excede nossa capacidade de resposta.

Não devemos nos omitir na identificação dos responsáveis. Eles existem, embora sejam poucos. Ainda assim, acredito que não haverá melhoras significativas na questão comportamental apenas com multas milionárias e possíveis prisões. 

A experiência de outros países, como Portugal e Austrália, nos indica que o ímpeto punitivo não traz uma solução completa. Esses países já lidam com incêndios gigantescos e perdas de vidas humanas em virtude deles há mais de 20 anos.

O mais impressionante – e certamente mais doloroso que as próprias chamas – são as acusações equivocadas e a ignorância de alguns que associam o crescimento dos incêndios às reservas de proteção. Ao contrário, as poucas áreas protegidas no Pantanal (menos de 5%) têm estruturas para evitar incêndios e ações preventivas em seus planos de trabalho, como a presença de brigadas.

Podemos reduzir a escalada dos incêndios ano após ano se implementarmos outras estratégias que não se restrinjam ao combate ao fogo, mas que incluam 
a prevenção. Devemos reconhecer que nossos planos atuais não estão trazendo os resultados esperados e que não será somente o aumento dos investimentos financeiros que nos trará a solução.

O ponto crítico é como um dos biomas mais preservados (cerca de 85%) passou a ser um grande emissor de gás carbônico no País. Os fenômenos naturais são impactados negativamente pelas condições climáticas extremas. Essa situação ameaça nosso bioma e exige novas estratégias que unam ciência e competência para enfrentar esses fenômenos sem precedentes.

Restaurar ao proprietário formas de manejo do fogo pode ser uma alternativa. Eles podem ajudar. Ao mesmo tempo, com mais tecnologia e grupos de ação de combate ao fogo, equipados com boa logística e equipamentos adequados, podemos reduzir o tempo de resposta. Não podemos desistir e precisamos ter fé e resistência para rever nossa relação com o planeta.

Poderíamos, em um gesto responsável, olhar e fazer algo pela nascente do Rio Paraguai. Não sou pessimista, mas talvez apenas a desesperança e o senso de urgência possam nos salvar.

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