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Sônia Puxian: "Brasil! Onde está o comandante desta nau?"

Jornalista

Redação

20/09/2015 - 00h00
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Terra de gente forte, o Brasil é o gigante que não se cansa de lutar e lotar suas ações em busca de dias melhores. Seus filhos enfrentam obstáculos e criam mais tentáculos para conquistar seu direito de ser feliz. Brasil, a cor verde de sua bandeira clama por esperança; o amarelo por riqueza equilibrada; o branco por paz e o azul representa o infinito do céu que abriga em seu seio mais de 204 milhões de brasileiros em busca de segurança, bem estar e estabilidade.

O gigante está naufragando... Onde está o comandante desta nau? O povo está balançando no alto mar da corrupção que castiga sua gente cansada de remar contra a maré, trabalhar e lutar por dias melhores. A voz de sua gente clama por estabilidade, tranquilidade, emprego, segurança, inflação controlada, saúde... Onde estão esses atributos? Afogados pelos tributos que batem à porta, o brasileiro já está  sufocado pelo peso de uma obrigação que lhe foi imposta a duras penas. Onde buscar a solução? Boa pergunta!

O povo quer resposta, e parece que uma delas já apareceu: O Brasil está em recessão! Ah, e também teve sua nota de crédito rebaixada pela agência Standard & Poor’s (S&P). Alguém tem idéia do tempo que leva para essa recessão passar? Estima-se que a resposta seja a seguinte: “Vai passar de um ano para outro...”. Ugh! Pois é! Nada fácil...Quem é o responsável por isso? Quem vai arrumar? De novo perguntas? Melhor não perguntar mais nada!

Não dá pra esquecer o que o Brasil está vivendo, não dá pra perguntar mais nada, porque as respostas estão piores do que as perguntas. Ah, e tem mais: cogita-se a volta da CPMF, imposto sobre cheques; aumento na alíquota do  Imposto de Renda sobre ganho de capital de Pessoa Física, dinheiro esse que vai sair do bolso do trabalhador brasileiro, como se não bastasse a inflação mais alta, o preço elevado dos alimentos, energia, aumento nos juros e por aí vai... E alguém perguntou se ele pode pagar? Se está difícil para o Governo, que dirá para o trabalhador. 

“Gigante pela própria natureza” o Brasil se pergunta por qual porta ele vai entrar para buscar solução. Onde está a saída! Onde anda o dinheiro dessa nação? Parece que muito poucos sabem... Mas muitos serão obrigados a pagar a dívida que assola o gigante.

Diante de tanta insegurança o gigante sente-se ameaçado! O que fazer, o que pensar, como reagir! O noticiário na TV, jornais, Internet e revistas mostra a cada dia que a situação está difícil, mas quem poderá aliviá-la.

Para tudo há que se buscar solução e saída, mas ao que parece a saída é a entrada de mais dificuldades. Como chegou a esse ponto? Ops! Melhor não fazer mais perguntas, afinal de que valeria a resposta numa hora dessas. Quem sabe se pudéssemos apelar para a consciência daqueles que conduzem essa nação e solicitar que usassem o bom senso na hora de aprovar mais impostos e cobranças do povo que já está sufocado pelo peso de tantas obrigações. 

Palavras são meras palavras, mas é por meio delas que as pessoas se comunicam, criam leis, aprovam projetos, buscam solução e saída para qualquer impasse. Que as palavras de ânimo, estímulo e sabedoria possam reger esse país em busca de solução aprazível para o povo brasileiro. 

Resolver problemas desabando responsabilidades sobre inocentes não é saída, apenas uma medida paliativa. Até onde vai essa situação, porque o rombo é maior do que a porta, e a fechadura está escancarada! Ugh! Mas vamos olhar para o lado positivo e desejar que dias melhores venham e tragam alívio para o povo brasileiro. De tudo isso fica uma palavra que por sua força pode trazer algum benefício: “consciência”. A consciência é a única que não pode se eximir de acusar seu algoz. E nesse quesito ninguém pode aliviar alguém. Uau! Fiz até uma pausa pra tomar um copo de água...

Finalizando: 
“Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece”

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O que tem para dizer o MPF?

19/11/2024 07h45

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O que há de ser entendido no silêncio que o Ministério Público Federal (MPF) adotou – quando se calou e se mantém calado – diante da solução que os governos federal e estadual encontraram para pôr fim ao caso da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul?

Como é sabido, a questão abarcava conflitos violentos que vinham acontecendo há décadas entre indígenas e não indígenas. Esses conflitos foram desencadeados a partir da instrução do processo administrativo em que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) demarcou – pela ocupação indígena em passado remoto que ela mesmo declarou – um território inteiro de terras particulares em Antônio João, até então, integralmente ocupado, possuído e explorado há quase um século por seus respectivos proprietários. 

O que amparava esses conflitos era a teoria do indigenato, de 1912, do ministro João Mendes, que pela ocupação indígena em passado remoto identificou a TI Ñande Ru Marangatu. Essa forma de identificação de terra indígena tem sido a causa das incontáveis invasões indígenas às terras particulares que ocorreram e que ocorrem todos os dias em MS e em muitas regiões do território nacional.

Lado outro, a Comissão Especial de Autocomposição do Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo, o que leva concluir que a mais alta Corte de Justiça concorda com esse modus operandi de se identificar terras indígenas e o adota, como se tanto fosse possível, na solução das causas que julga envolvendo matéria indígena. O exemplo mais recente envolve o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.017.365/SC.

Aliás, a Corte faz confusão quando identifica terras indígenas. Ora adota a teoria do indigenato, ora adota a sua própria interpretação, proclamada na assertiva de que a “configuração de terras ‘tradicionalmente ocupadas’ pelos índios já foi pacificada com a edição da Súmula nº 650, que dispõe: ‘Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto’”.

Notadamente, o STF relativizou ainda mais o direito de propriedade constitucional diante da matéria indígena, proclamando que, uma vez constatada a ocupação indígena em passado remoto, não há que se invocar o direito de propriedade, o título translativo nem a cadeia sucessória do domínio como defesa. Em resumo, o posicionamento extremo do Supremo é de que a ocupação indígena – seja ela presente, seja ela em passado remoto (indigenato) – define a terra indígena da União. 

A seu turno, por que o MPF – ferrenho defensor dessa ordem jurídica – deixou que os governos federal e estadual pagassem aos particulares pelas terras indígenas que ocupavam e exploravam no distrito de Campestre, em Antônio João? Com a palavra, o MPF em Mato Grosso do Sul!

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A resiliência e a fé

19/11/2024 07h30

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Os desafios diários enfrentados por quem atua na proteção da natureza têm se tornado uma enorme prova de resistência e fé. As condições climáticas extremas, impulsionadas pelas altas temperaturas, ameaçam nossas reservas com o fogo e penalizam a fauna e a flora – já impactadas pela reincidência de incêndios violentos desde 2020.

Percebo que a fauna enfrenta o pior processo de extinção desde o período em que conseguimos a vitória no controle da caça, do tráfico de animais silvestres e da pesca predatória na década de 1980. O cenário atual é de destruição de habitat natural, em que espécies estão sendo dizimadas de forma assustadora, especialmente répteis e insetos. As chamas estão tão intensas que, somadas aos ventos fortes, invadem todos os lugares: locas, copas das árvores, etc, persistindo por meses de forma impiedosa.

Não há dúvidas de que estamos perdendo essa batalha. Somente neste ano já ultrapassamos os 3 milhões de hectares queimados. Esse trágico número foi alcançado mesmo com o empenho de recursos financeiros nas ações de combate, que certamente superam R$ 1 bilhão – entre os investimentos dos governos federal e estadual.

Nunca tivemos – em um histórico de 40 anos – uma infraestrutura de combate tão ampla, incluindo recursos humanos, equipamentos de logística, helicópteros, caminhões e embarcações. É importante destacar o trabalho pioneiro da Famasul, que contabiliza os prejuízos na produção das fazendas no Pantanal, já ultrapassando R$ 50 milhões.

Como podemos ser mais eficientes se nossa capacidade financeira já extrapola seus limites dos desafios e a força humana se mostra insuficiente, em algumas situações até incapaz? Estamos enfrentando algo sem precedentes e que excede nossa capacidade de resposta.

Não devemos nos omitir na identificação dos responsáveis. Eles existem, embora sejam poucos. Ainda assim, acredito que não haverá melhoras significativas na questão comportamental apenas com multas milionárias e possíveis prisões. 

A experiência de outros países, como Portugal e Austrália, nos indica que o ímpeto punitivo não traz uma solução completa. Esses países já lidam com incêndios gigantescos e perdas de vidas humanas em virtude deles há mais de 20 anos.

O mais impressionante – e certamente mais doloroso que as próprias chamas – são as acusações equivocadas e a ignorância de alguns que associam o crescimento dos incêndios às reservas de proteção. Ao contrário, as poucas áreas protegidas no Pantanal (menos de 5%) têm estruturas para evitar incêndios e ações preventivas em seus planos de trabalho, como a presença de brigadas.

Podemos reduzir a escalada dos incêndios ano após ano se implementarmos outras estratégias que não se restrinjam ao combate ao fogo, mas que incluam 
a prevenção. Devemos reconhecer que nossos planos atuais não estão trazendo os resultados esperados e que não será somente o aumento dos investimentos financeiros que nos trará a solução.

O ponto crítico é como um dos biomas mais preservados (cerca de 85%) passou a ser um grande emissor de gás carbônico no País. Os fenômenos naturais são impactados negativamente pelas condições climáticas extremas. Essa situação ameaça nosso bioma e exige novas estratégias que unam ciência e competência para enfrentar esses fenômenos sem precedentes.

Restaurar ao proprietário formas de manejo do fogo pode ser uma alternativa. Eles podem ajudar. Ao mesmo tempo, com mais tecnologia e grupos de ação de combate ao fogo, equipados com boa logística e equipamentos adequados, podemos reduzir o tempo de resposta. Não podemos desistir e precisamos ter fé e resistência para rever nossa relação com o planeta.

Poderíamos, em um gesto responsável, olhar e fazer algo pela nascente do Rio Paraguai. Não sou pessimista, mas talvez apenas a desesperança e o senso de urgência possam nos salvar.

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