Artigos e Opinião

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Sonia Puxian: "Ciúme exagerado? Deixa prá lá."

Jornalista Membro da BPW – Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Campo Grande – MS

Redação

08/02/2015 - 00h00
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Por que o ciúme atrapalha tanto? Presente na maior parte das relações ele aparece entre marido e mulher, namorados, amigos, irmãos, família, ambiente de trabalho e por aí vai. Não tem área específica, ele entra e sai liberalmente e fica muito a vontade. Ah, e quase sempre faz estragos. E quando é exagerado o melhor a fazer é analisar onde está o erro e corrigir.  

Segundo o psiquiatra G.J. Ballone: “No Ciúme Patológico várias emoções são experimentadas, tais como a ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e desejo de vingança. Haveria clara correlação entre auto-estima rebaixada, conseqüentemente a sensação de insegurança e, finalmente o ciúme. 

O portador de Ciúme Patológico é um vulcão emocional sempre prestes à erupção e apresenta um modo distorcido de vivenciar o amor, para ele um sentimento depreciativo e doentio”. 
O ciúme é até bem vindo na relação a dois quando é moderado, afinal demonstrar amor e interesse naquele que vai ser seu par pra vida toda é muito bom, mas uma coisa é certa: “respeitar o limite do outro e permitir que ele seja o que é sem alterar o seu modo de ser traz bons resultados”.

Sem passado

Já o ciúme exagerado atrapalha e muito a relação uma vez que toma proporções fora do controle. Segundo GJ Ballone: “O que aparece no Ciúme Patológico é um grande desejo de controle total sobre os sentimentos e comportamentos do companheiro (a). Há ainda preocupações excessivas sobre relacionamentos anteriores, as quais podem ocorrer como pensamentos repetitivos, imagens intrusivas e ruminações sem fim sobre fatos passados e seus detalhes”.

Essa história de carregar acontecimentos do passado para a relação atual só traz complicações porque o que passou não volta mais e reviver o passado não leva a nada. Uma vez que o caso foi encerrado e totalmente resolvido melhor iniciar nova caminhada, com novos horizontes e novas propostas.  

Seu próprio caminho

Não adiante cobrar do outro aquilo que falta em você. A mania de interferir no modo de ser do outro e exigir mudanças atrapalha a relação. Cada qual é um ser único e tem o seu próprio caminho a seguir. Cada qual tem o direito de escolher a sua rota,  embora estejam unidos em uma relação afetiva. Querer mudar o outro é enveredar por caminhos contrários que não levam a lugar algum. Muitas vezes o resultado é desconforto e intolerância. 

A fonte do amor deve ser alimentada por um sentimento de liberdade por ambos os lados e a certeza de que seja qual for o caminho a seguir cada qual vai trilhá-lo com liberdade, na sua totalidade e com muito amor entre si. Ciúme exagerado? Deixa pra lá! Cultive o amor que é a chave da felicidade e especialize-se no respeito mútuo que é a porta de entrada para a união duradoura. Ser e deixar ser é condição fundamental para a relação dar certo. Essa história de querer transformar o outro em “alguém como você quer” pode atrapalhar o convívio.  

O tempo todo não

E não adiante tentar agradar o tempo todo porque chega uma hora que cai na monotonia e na obrigação de continuar agradando... UFA! Cansativo, portanto deixe falar a voz do coração e a verdade da emoção na hora de se mostrar. “Cada um é cada um e ninguém muda ninguém a menos que a própria pessoa o queria”. Pelo que a vida nos ensina o melhor a fazer é respeitar a opinião do outro e fazer ajustes onde é possível. Seja você mesmo e permaneça fiel aos seus princípios desde que não afetem a relação a dois.    

Quer mais?

Viva o dia de hoje e abandone as coisas do passado, principalmente as amarguras e decepções. Viver o momento atual é aproveitar o que a vida te oferece agora e levar em conta o que pode ser construído para o futuro. Dê o melhor de si e conscientize-se de que o passado não volta e o futuro ainda não chegou, portanto não perca tempo com o tempo que não está aí. Viva já e seja feliz sempre... Só pra registrar, encontrei casualmente na rua um leitor assíduo que me cumprimentou sorridente e disse: “Leio todos seus artigos, continue escrevendo sempre para nos tornar cada vez mais  felizes...”. Gostei de ouvir isso​.

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Eleição sem Bolsonaro? Bolsonarismo sem Bolsonaro? O peso do ex-presidente em 2026

07/04/2025 07h15

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Ao aceitar a denúncia contra Jair Bolsonaro, o STF sedimentou o entendimento de que a eleição presidencial de 2026 ocorrerá sem a presença do ex-presidente na lista de candidatos. A inelegibilidade já era uma realidade, em função da decisão emanada pelo TSE, entretanto, a trilha aberta na semana passada consolida este caminho e afasta praticamente de forma definitiva a candidatura do capitão.

Bolsonaro, entretanto, possui um ativo valioso na arena política: votos. Algo que se tornou importante não somente pela habilidade de eleger representantes, mas pela capacidade de produzir em profusão um milionário fundo partidário e eleitoral, aquilo que faz a máquina e as campanhas funcionarem. No modelo adotado pelo Brasil pós-Lava Jato, que proibiu as doações empresariais, a quantidade de deputados se tornou a conta mais importante de qualquer partido, pois seu resultado é aquilo que indica qual a fatia do bolo ficará com cada agremiação.

Neste jogo, o bolsonarismo tornou-se uma moeda valiosa. Em um primeiro momento, elegeu hordas de deputados na esteira de seu líder, em 2018, com inúmeros nomes desconhecidos que passaram a orbitar o cenário político. Em 2022, o fenômeno se repetiu. Aqueles que romperam com Bolsonaro foram punidos pelo eleitor, já aqueles que optaram pela fidelidade canina foram agraciados com votações robustas. Bolsonaro, que havia sido responsável direto pela eleição de 52 deputados pelo PSL em 2018, ajudou a eleger 99 no PL em 2022.

A força do bolsonarismo se tornou um ativo tão potente em termos eleitorais que muitos deputados tradicionais, já conhecidos do eleitor, abraçaram o ex-presidente como forma de garantir seus mandatos. Alguns migraram para seu partido, enquanto outras siglas encontraram na aliança com o bolsonarismo uma forma de crescer e criar maior envergadura política. Republicanos, Progressistas e até setores do União Brasil embarcaram neste caminho.

Tudo isso tem relação com as eleições de 2026. Com Bolsonaro inelegível, o desenho deste cenário se tornou algo delicado, que precisa ser estudado com atenção, sob pena de perda de fatias importantes de fundo partidário e eleitoral no próximo ciclo. Mais do que isso, ainda é possível contar com a variável da eventual prisão de Bolsonaro, passível de acontecer, em razão do julgamento que ocorrerá no STF.

Bolsonaro diz que segue candidato e que manterá seu nome na disputa até o fim, ou melhor, até o julgamento de sua candidatura pelo TSE, que, em condições normais de temperatura e pressão, seguramente será impugnada, assim como ocorreu com Lula em 2018. Neste cenário, resta saber quem será seu companheiro de chapa, aquele que vai herdar a candidatura e poderá levar seu movimento adiante. Este será aquele nome responsável por impulsionar as candidaturas proporcionais e, eventualmente, vencer a disputa pelo Planalto. Muitos consideram que, nesse cenário, o bolsonarismo pode inclusive se fortalecer ainda mais. A conferir.

Fato é que tudo indica uma eleição sem Bolsonaro na lista de candidatos presidenciais, porém, isto está longe de ser uma eleição sem Bolsonaro. Seu nome, dentro ou fora da disputa, vai balizar cada etapa do pleito de 2026.

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Aumento de policiamento e redução das desigualdades, políticas que se complementam

05/04/2025 07h45

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Recentemente, foi noticiado por vários jornais que o atual governo tem acenado para a questão da violência de forma diferente do que se costuma ver em posições políticas orientadas mais à esquerda. Normalmente, nessas vertentes, a violência urbana tende a ser vinculada à questão da desigualdade social, o que, em situações discursivas extremas ou emocionadas, atribui às pessoas que cometem delitos a pecha de vítimas da desigualdade social.

Por outro lado, o discurso político acerca da violência, em posições políticas orientadas mais para a direita, atribui sua causa à impunidade, que, para eles, é própria do sistema judicial brasileiro, acrescida da falta de policiamento ou de um corpo policial mal equipado.

Durante anos, e ainda hoje, o debate político sobre a segurança pública tende a exaltar uma das visões e, como se fosse algo automático, excluir a outra. Apesar do tom eleitoreiro das declarações do atual presidente da República, se fôssemos analisar esse fato com certo otimismo (um erro que cometemos muitas vezes), poderíamos dizer que, finalmente, alguém pode ter enxergado o óbvio: as políticas “opostas” acerca da segurança pública são, na verdade, complementares.

Tem razão a direita ao afirmar que o policiamento fraco e a pouca ostensividade ampliam a atuação criminosa em toda a sociedade, abrindo caminho para o crescimento do já bastante hegemônico crime organizado. Somente com policiamento constante, policiais bem remunerados e bem treinados, especialmente na correta aplicação dos procedimentos de abordagem policial, teríamos alguma chance de mitigar o crime organizado já existente. Daí se percebe, ainda que com certa cautela, o reconhecimento das guardas municipais como agentes de segurança.

No entanto, a esquerda também tem razão ao afirmar que não há contingente policial capaz de conter a criminalidade e seu crescimento em países com alta desigualdade social. Em países capitalistas, como o Brasil, o poder de consumo é a grande meta de seus cidadãos. Contudo, em uma sociedade desigual, uma parcela significativa da população não tem condições – e, em muitos casos, nunca terá – de alcançar um padrão razoável de consumo. Quanto maior for o número de pessoas que desejam consumir, mas não têm recursos para isso, mais “ovelhas negras” optarão pela via rápida para conseguir, ou seja, o crime.

É de se notar, no entanto, que as duas políticas propostas atuam em momentos distintos da criminalidade. A “direita” se preocupa com a criminalidade já existente e constituída, o que exige, naturalmente, uma atuação mais ostensiva e imediata. Nesses casos, a atuação policial não é apenas positiva, mas fundamental para o combate ao crime.

A “esquerda”, por sua vez, busca políticas que evitem o “embrião” do crime, desenvolvido em ambientes periféricos e profundamente desiguais, como bem explorado pela sociologia e criminologia que estudam o tema. A questão que se impõe é: por que não desenvolver uma política de segurança pública que combata ambos os momentos? Por que uma precisa ser aplicada em detrimento da outra?

Como dito, não há contradição nos discursos sobre segurança pública de ambos os lados e, se fossem adotados de maneira concomitante, o quadro da segurança pública nacional certamente seria outro. Nosso otimismo nos leva a crer que, talvez, haja uma esperança.

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