Artigos e Opinião

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Sônia Puxian: " Fim das eleições, início de nova etapa''

Coordenadora de Comunicação da BPW – Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Campo Grande-MS

Redação

28/10/2014 - 00h00
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O tempo passou, as urnas revelaram o ganhador da corrida acirrada ao poder. Parabéns aos vitoriosos! Tensão, disputa apertada, debates acalorados ficaram pra trás! O segundo turno levou milhares de eleitores a acreditarem em suas ideias e creditar ao seu candidato a realização de seus ideais com relação a um Brasil e Estado melhores para se viver. Mas como será daqui pra frente? 

Como serão conduzidas as propostas que se fizeram no decurso da campanha, vai dar para realizar todas? Só o tempo dirá. O tempo, esse mestre da certeza, vem ao encontro dessas questões para pedir tempo pra responder a todas elas, ou quase todas. A única certeza é que as respostas virão! 

E, no primeiro tempo dessa jornada ferreamente disputada, o eleitor aguardou com ansiedade a chegada do segundo turno, em que agora eleito o seu candidato, este vai realizar suas propostas que devem passar do papel para a realidade. É agora que as coisas vão ser mostradas ao eleitor que creditou seu voto na urna e acreditou que o seu candidato está preparado para conduzir a Nação e o Estado de forma competente e satisfatória.

Uma coisa é certa, o eleitor está mais exigente e analisou cada candidato com critérios firmes e minuciosos, levando em conta suas propostas e ações. Mas o que será que o povo quer? O que será que ele reivindica? Muitas coisas sérias e necessárias para o bem-estar de cada cidadão, a começar pelos impostos que lhe são “impostos”, de tal forma que sufocam seus rendimentos e tornam inviável qualquer possibilidade de poupar algum dinheiro, uma vez que ele retorna ao pagamento de mercadorias, ICMS, IPVA, taxas, transporte, combustível, energia, entre outros...  

Quando chegará o dia em que o ser humano terá a tranquilidade de saber quanto será o seu gasto mensal, uma vez que a inflação dorme de um jeito e acorda de outro? A compra de alimentos está cada vez mais cara, com preços variando a cada dia; ninguém tem parâmetro de quanto vai gastar no mês que vem, porque a inflação marca presença nas prateleiras dos supermercados, eletrodomésticos, postos de combustível e assim por diante. Será que essa situação traz tranquilidade a alguém? Será que algum partido ou candidato está apto a controlar tudo isso e normalizar uma situação caótica que se perde a cada dia? 

Promessas existem, mas não valem nada até que se cumpram. A única certeza que temos é que os eleitores cumpriram sua nobre missão de levar o seu voto às urnas e eleger presidente e governador. Cada qual quer o melhor para todos e a certeza de que a inflação, a corrupção e os juros altos não vão se alimentar do fruto de seu trabalho árduo e cansativo.   

Só pra registrar, o eleitor anda tão exigente, que em várias capitais aconteceu o segundo turno com diferença apertada entre os candidatos, isso revelou maturidade do povo brasileiro, que está atento a cada passo do seu governante e presidente. 

O Brasil pede socorro, o povo clama por paz, trabalho, juros baixos, inflação sob controle; aliás, a inflação tem se desviado do seu limite previsto, para andar às soltas como bem entende, mordendo fatia significativa do salário do trabalhador, que se vê  obrigado a deixar de comer alguns itens mais caros, para pagar suas contas em dia. E mesmo assim não dá conta do recado.  

O povo não quer partidos, o povo quer políticos que entendam e atendam a suas necessidades; o povo não quer promessas, o povo quer ações; o povo não quer inflação, o povo quer preço justo; o povo não quer juros altos, o povo quer preços estáveis: nos alimentos, combustível, vestuário, transporte, energia, telefonia... Alguém se propõe a oferecer isso de verdade? O que mais o povo quer? Mais comida, menos inflação; mais educação, menos impostos; mais saúde, menos fila; mais trabalho, menos juros e o fim da corrupção... O povo está saturado de tanta CORRUPÇÃO!
Brasil, os teus filhos clamam pela sua saúde financeira, status de crescimento sociocultural elevado, fim da corrupção, transparência nas ações dos seus governantes, melhorias na saúde, educação, segurança... 

“Gigante pela própria natureza,

És belo, és forte, impávido colosso,

E o teu futuro espelha essa grandeza, terra adorada”

Brasil: “O povo te ama e quer espelhar tua grandeza... 
Que venha o melhor para todos!”

ARTIGOS

O que tem para dizer o MPF?

19/11/2024 07h45

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O que há de ser entendido no silêncio que o Ministério Público Federal (MPF) adotou – quando se calou e se mantém calado – diante da solução que os governos federal e estadual encontraram para pôr fim ao caso da Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Mato Grosso do Sul?

Como é sabido, a questão abarcava conflitos violentos que vinham acontecendo há décadas entre indígenas e não indígenas. Esses conflitos foram desencadeados a partir da instrução do processo administrativo em que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) demarcou – pela ocupação indígena em passado remoto que ela mesmo declarou – um território inteiro de terras particulares em Antônio João, até então, integralmente ocupado, possuído e explorado há quase um século por seus respectivos proprietários. 

O que amparava esses conflitos era a teoria do indigenato, de 1912, do ministro João Mendes, que pela ocupação indígena em passado remoto identificou a TI Ñande Ru Marangatu. Essa forma de identificação de terra indígena tem sido a causa das incontáveis invasões indígenas às terras particulares que ocorreram e que ocorrem todos os dias em MS e em muitas regiões do território nacional.

Lado outro, a Comissão Especial de Autocomposição do Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo, o que leva concluir que a mais alta Corte de Justiça concorda com esse modus operandi de se identificar terras indígenas e o adota, como se tanto fosse possível, na solução das causas que julga envolvendo matéria indígena. O exemplo mais recente envolve o julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.017.365/SC.

Aliás, a Corte faz confusão quando identifica terras indígenas. Ora adota a teoria do indigenato, ora adota a sua própria interpretação, proclamada na assertiva de que a “configuração de terras ‘tradicionalmente ocupadas’ pelos índios já foi pacificada com a edição da Súmula nº 650, que dispõe: ‘Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto’”.

Notadamente, o STF relativizou ainda mais o direito de propriedade constitucional diante da matéria indígena, proclamando que, uma vez constatada a ocupação indígena em passado remoto, não há que se invocar o direito de propriedade, o título translativo nem a cadeia sucessória do domínio como defesa. Em resumo, o posicionamento extremo do Supremo é de que a ocupação indígena – seja ela presente, seja ela em passado remoto (indigenato) – define a terra indígena da União. 

A seu turno, por que o MPF – ferrenho defensor dessa ordem jurídica – deixou que os governos federal e estadual pagassem aos particulares pelas terras indígenas que ocupavam e exploravam no distrito de Campestre, em Antônio João? Com a palavra, o MPF em Mato Grosso do Sul!

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A resiliência e a fé

19/11/2024 07h30

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Os desafios diários enfrentados por quem atua na proteção da natureza têm se tornado uma enorme prova de resistência e fé. As condições climáticas extremas, impulsionadas pelas altas temperaturas, ameaçam nossas reservas com o fogo e penalizam a fauna e a flora – já impactadas pela reincidência de incêndios violentos desde 2020.

Percebo que a fauna enfrenta o pior processo de extinção desde o período em que conseguimos a vitória no controle da caça, do tráfico de animais silvestres e da pesca predatória na década de 1980. O cenário atual é de destruição de habitat natural, em que espécies estão sendo dizimadas de forma assustadora, especialmente répteis e insetos. As chamas estão tão intensas que, somadas aos ventos fortes, invadem todos os lugares: locas, copas das árvores, etc, persistindo por meses de forma impiedosa.

Não há dúvidas de que estamos perdendo essa batalha. Somente neste ano já ultrapassamos os 3 milhões de hectares queimados. Esse trágico número foi alcançado mesmo com o empenho de recursos financeiros nas ações de combate, que certamente superam R$ 1 bilhão – entre os investimentos dos governos federal e estadual.

Nunca tivemos – em um histórico de 40 anos – uma infraestrutura de combate tão ampla, incluindo recursos humanos, equipamentos de logística, helicópteros, caminhões e embarcações. É importante destacar o trabalho pioneiro da Famasul, que contabiliza os prejuízos na produção das fazendas no Pantanal, já ultrapassando R$ 50 milhões.

Como podemos ser mais eficientes se nossa capacidade financeira já extrapola seus limites dos desafios e a força humana se mostra insuficiente, em algumas situações até incapaz? Estamos enfrentando algo sem precedentes e que excede nossa capacidade de resposta.

Não devemos nos omitir na identificação dos responsáveis. Eles existem, embora sejam poucos. Ainda assim, acredito que não haverá melhoras significativas na questão comportamental apenas com multas milionárias e possíveis prisões. 

A experiência de outros países, como Portugal e Austrália, nos indica que o ímpeto punitivo não traz uma solução completa. Esses países já lidam com incêndios gigantescos e perdas de vidas humanas em virtude deles há mais de 20 anos.

O mais impressionante – e certamente mais doloroso que as próprias chamas – são as acusações equivocadas e a ignorância de alguns que associam o crescimento dos incêndios às reservas de proteção. Ao contrário, as poucas áreas protegidas no Pantanal (menos de 5%) têm estruturas para evitar incêndios e ações preventivas em seus planos de trabalho, como a presença de brigadas.

Podemos reduzir a escalada dos incêndios ano após ano se implementarmos outras estratégias que não se restrinjam ao combate ao fogo, mas que incluam 
a prevenção. Devemos reconhecer que nossos planos atuais não estão trazendo os resultados esperados e que não será somente o aumento dos investimentos financeiros que nos trará a solução.

O ponto crítico é como um dos biomas mais preservados (cerca de 85%) passou a ser um grande emissor de gás carbônico no País. Os fenômenos naturais são impactados negativamente pelas condições climáticas extremas. Essa situação ameaça nosso bioma e exige novas estratégias que unam ciência e competência para enfrentar esses fenômenos sem precedentes.

Restaurar ao proprietário formas de manejo do fogo pode ser uma alternativa. Eles podem ajudar. Ao mesmo tempo, com mais tecnologia e grupos de ação de combate ao fogo, equipados com boa logística e equipamentos adequados, podemos reduzir o tempo de resposta. Não podemos desistir e precisamos ter fé e resistência para rever nossa relação com o planeta.

Poderíamos, em um gesto responsável, olhar e fazer algo pela nascente do Rio Paraguai. Não sou pessimista, mas talvez apenas a desesperança e o senso de urgência possam nos salvar.

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