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Veganismo: estilo de vida contra
a exploração animal

Veganismo: estilo de vida contra
a exploração animal

THIAGO ANDRADE

09/03/2016 - 15h30
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Mudanças cotidianas podem, sim, fazer a diferença. A escolha de abolir o consumo de derivados animais, feita por diversos jovens em Campo Grande – na dieta, no vestuário, na higiene pessoal, etc. –, é o tipo de resistência que cria frutos. Um desses é o surgimento de uma rede de veganos na cidade, que favorece produtores locais e um estilo de vida mais consciente. O motivo da mudança é simples: respeito por animais não humanos.

É muito fácil confundir veganismo com vegetarianismo, mas quem é adepto explica: “Uma pessoa se torna vegana por um único motivo: respeito. Não é por saúde, não é por dieta. É por perceber que há algo de errado, em um sistema que explora outros animais pela sobrevivência humana”, comenta o estudante de Filosofia Diego Neves, 21 anos.

Na Capital, é impossível precisar o número de pessoas adeptas do veganismo. No entanto, as estimativas apontam que existem pelo menos dois mil indivíduos que abandonaram o consumo animal. “Somados a vegetarianos, o número é maior. Mas a estimativa pode ser feita com base nos grupos de Facebook e no número de pessoas que comparecem às feiras e aos eventos veganos”, explica Ed Wassouf, estudante de Ciências da Comunicação. 

Segundo ele, uma das características dos adeptos do veganismo é a organização em rede. “Um vegano se sente mais seguro ao consumir produtos feitos por outro, que vai entender a causa e respeitá-la”, comenta. Segundo ele, frequentemente, são realizadas feiras e eventos, como feijoadas veganas, além de outros empreendimentos que buscam captar o público que optou por não consumir produtos de origem animal ou relacionados a abuso de outras espécies, de alguma maneira.

Nesse sentido, o vegano assume uma postura política. “É um boicote à indústria. Os benefícios à saúde podem ser consequência de mudanças na dieta, mas esse não é o foco”, explica. Assim, por meio da opção de não consumir alimentos e produtos de base animal – ovos, leite, carne, mel, couro, cosméticos etc. – ou de empresas que exploram outros seres, o vegano busca passar uma mensagem. São escolhas que refletem um consumo consciente.

AÇÃO

Com uma economia baseada na agropecuária, Mato Grosso do Sul pode não ser o estado mais amigável aos veganos. No entanto, Diego afirma que não teve dificuldades para se adequar ao estilo de vida. “O mais complicado é encontrar calçados, mas isso é contornável”, comenta. É comum o uso de colas de origem animal, o que pode complicar a vida dos veganos.

Inclusive, uma jovem campo-grandense, Pam Magpali,  tentou resolver o problema em parceria com Barbara Mattivy. Elas criaram a Insecta Shoes. A empresa, baseada em Porto Alegre, cria sapatos veganos e ecológicos, com tecidos reciclados e sem uso de colas animais. Atualmente, a marca envia modelos para lojas de São Paulo e Nova York. No entanto, a jovem não faz mais parte da empresa.

Outro empreendimento vegano que deu certo é o VegVélo. A ideia nasceu com Paulo Renato. O estudante de História, que sempre foi vegetariano, viu-se sem emprego e com a esposa grávida. Conversando com um amigo, que se tornou sócio, surgiu a ideia de vender comida vegana, preparada em casa, com alto controle dos ingredientes. Tudo começou em julho do ano passado, com a venda de hambúrgueres. Depois de algum tempo, Paulo passou a vender marmitas.

“No começo, vendíamos umas cinco por dia. Hoje, são 60. Temos clientes novos todos os dias. A maior parte é de veganos ou vegetarianos, mas existe muita gente que nos contata com vontade de mudar a dieta, de conhecer mais sobre vegetarianismo ou veganismo”, explica Paulo. Segundo ele, desde o princípio a proposta foi de oferecer pratos veganos a preços acessíveis, em resposta a uma suposta elitização do veganismo. 

“Isso é algo que acontece, essa elitização. Sou contra isso, assim como a maioria dos veganos. É algo que só atrapalha as redes de consumo”, comenta Ed. Em Campo Grande, apesar dos preços altos, ele afirma que é possível encontrar meios para não gastar a mais sendo vegano. “Tem que ir às feiras, escolher bem de onde vai comprar”, aconselha.

Para demonstrar como é possível ser vegana sem gastar muito, Kassandra Delvizio e Barbara de Almeida decidiram divulgar no Instagram sua dieta. O resultado é o Vegana Pobre, uma página que mostra o cotidiano gastronômico delas. Na descrição, elas afirmam gastar cerca de R$ 80 por semana.

“A página surgiu como uma resposta para as pessoas que acreditam que o veganismo é uma escolha difícil, complexa e, principalmente, de alto custo”, explica Kassandra. Diversas perguntas comuns a quem é vegano, como “o que você come?”, “e as proteínas?”, “mas não é muito caro ser vegana?”, serviram de motivação para a página, que quer demonstrar o outro lado. O perfil tem mais de 13 mil seguidores.

Kassandra é vegana há um ano e meio. “Preciso ressaltar que foi uma mudança gradativa do vegetarianismo para o veganismo; até porque, inicialmente, não entendia as consequências e o impacto que o meu consumo tinha em outros aspectos além da alimentação”, explica. A decisão foi feita à base da desconstrução de muitas ideias; mas, segundo ela, valeu a pena. “Estou consciente da minha escolha e bastante feliz por seguir sem prejudicar outras vidas”, finaliza.

Gastronomia vegana tem variedade de receitas

SAUDÁVEL

Em 2014, o Ministério da Saúde publicou o “Guia Alimentar para a População Brasileira”. Nele, o órgão reconhece a alimentação livre de produtos de origem animal como saudável e pontua que não é necessário consumir carne, laticínios ou ovos para garantir os nutrientes necessários. É possível encontrá-los em outros alimentos, como verduras e vegetais.

No entanto, o guia indica: “Embora o consumo de carnes ou de outros alimentos de origem animal, como o de qualquer outro grupo de alimentos, não seja absolutamente imprescindível para uma alimentação saudável, a restrição de qualquer alimento obriga que se tenha maior atenção na escolha da combinação dos demais alimentos que farão parte da alimentação. Quanto mais restrições, maior a necessidade de atenção e, eventualmente, do acompanhamento por um nutricionista.”

O guia também aponta para uma mudança em relação à indicação de consumo de carnes, pontuando que, embora estas sejam boa fonte de proteínas, vitaminas e minerais, elas são pobres em fibras e trazem um alto nível de gorduras saturadas, que são consideradas não saudáveis. Isso pode favorecer a obesidade, doenças crônicas e do coração.

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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