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cinema em luto

Aos 84 anos, morre o cineasta Cacá Diegues

Um dos fundadores do Cinema Novo, Cacá Dieguez era conhecido por traduzir em filmes a identidade social, política e cultural dos brasileiros

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O diretor brasileiro Cacá Diegues morreu na madrugada desta sexta-feira, 14, na cidade do Rio de Janeiro. O cineasta, que tinha 84 anos, sofreu complicações de saúde após passar por uma cirurgia. 

Responsável por filmes como Bye bye Brasil, Xica da Silva, Tieta do Agreste e Deus é brasileiro, Diegues foi um dos nomes mais importantes da história do cinema brasileiro. Ele era um imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) e, ao lado de Glauber Rocha, Leon Hirszman e Paulo Cesar Saraceni, foi um dos fundadores do movimento Cinema Novo.

Cacá Diegues deixou quatro filhos. Dois deles, os mais velhos, foram frutos do seu casamento com a cantora Nara Leão. Desde 1981, no entanto, ele era casado com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães. O cineasta deixou três netos.

Diegues nasceu em 19 de maio de 1940 em Maceió, no Alagoas. Ao seis anos, se mudou para a capital carioca. Na juventude, cursou Direito na PUC, mas se apaixonou por cinema e fez parte do movimento cineclubista no Rio de Janeiro. Se tornou amigo do cineasta David Neves, com quem iniciou sua carreira cinematográfica.

Não demorou muito para conhecer o diretor Glauber Rocha e a nova geração de cineastas nacionais. Sob a tutela de Nelson Pereira dos Santos, criaram o Cinema Novo, movimento cinematográfico que revolucionou a cultura brasileira.

"Queríamos simplesmente mudar o cinema, o Brasil e o mundo. Pode ser que não tenhamos atingido nossos objetivos, mas o Cinema Novo, com certeza, ajudou a mudar as maneiras de pensar o Brasil", afirmou Diegues ao Estadão em 2020.

Ao longo de seis décadas de carreira, dirigiu 17 longas. Foram eles: Ganga Zumba, A Grande Cidade, Os Herdeiros, Quando o Carnaval Chegar, Joanna Francesa, Xica da Silva, Chuvas de Verão, Bye Bye Brasil, Quilombo, Um Trem para as Estrelas, Dias Melhores Virão, Veja Esta Canção, Tieta do agreste, Orfeu, Deus é Brasileiro, O Maior Amor do Mundo e O Grande Circo Místico.

No início da carreira, Cacá seguiu a cartilha do Cinema Novo e fez filmes políticos que continham dilemas sociais do País. O seu primeiro longa, Ganga Zumba, de 1963, foi protagonizado pelos atores Antonio Pitanga e Léa Garcia. Para especialistas, é considerado o primeiro filme brasileiro a ter protagonistas negros.

A chegada da ditadura militar, e o aumento da repressão, fizeram com que o diretor investisse em metáforas para realizar os seus protestos. Apesar da qualidade dos filmes, a prática não passou despercebida pelo governo autoritário. Seu filme Os Herdeiros, de 1969, foi censurado. O longa contava a história de uma família brasileira produtora de café durante os anos 1930.

No mesmo ano, Diegues se radicou em Paris, na França, ao lado de sua esposa na época, a cantora Nara Leão. Ele, no entanto, retornou ao Brasil em 1971. É na década de 1970, todavia, que Cacá encontra seu período de maior sucesso comercial. Com Xica da Silva, Chuvas de Verão e Bye Bye Brasil, o cineasta levou milhões de brasileiros ao cinema e chegou até mesmo a concorrer ao Festival de Cannes.

Com a chegada do governo Collor, a produção de Cacá, assim como o cinema brasileiro como um todo, sofreu com as ações que desmantelaram a indústria cinematográfica nacional. Entre a década de 1980 e 1990, fez dois filmes direto para a TV. Em 1996, lançou Tieta do Agreste, uma adaptação da obra de Jorge Amado, que alcançou grande sucesso nas salas de cinema brasileiras.

É em 2003, no entanto, que Diegues encontrou a segunda maior bilheteria de sua carreira - Deus é Brasileiro, vendeu 1,6 milhão de ingressos. Uma sequência do filme protagonizado por Antônio Fagundes começou a ser filmada, mas enfrentou problemas por falta de financiamento. Apesar disso, a estreia do longa foi marcada para o dia 28 de Agosto de 2025.

Em 2018, Diegues lançou o seu último filme em vida. O Grande Circo Místico chegou a ser exibido em Cannes e conta a história de diferentes gerações de uma mesma família circense e sua relação com o circo.

Um imortal da ABL

Em 2018, Diegues tomou posse da cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, que já pertenceu à Castro Alves, Euclides da Cunha e Nelson Pereira dos Santos. Durante a cerimônia de posse, o poeta e tradutor Geraldo Carneiro definiu Cacá com as seguintes palavras:

"Tudo o que faz, como artista e intelectual, traz a marca do Brasil. Em resposta aos tempos negros da ditadura militar, Cacá Diegues fez de seu cinema um lugar de celebração da vida e da cultura brasileira. Desde os anos 60, Carlos Diegues se distingue também como jornalista, intelectual e pensador. Mas parece que seu destino é mesmo o de fundir o cinema e a poesia. Por mais que a realidade seja sua parceira, seu tempo é sempre o tempo da utopia".

Em seu discurso de agradecimento, o cineasta agradeceu à ABL e destacou a importância do Cinema Novo.

"O Cinema Novo brasileiro não foi, senão, a chegada tardia do modernismo ao nosso cinema. Era preciso produzir um cinema para a nação, mas também inventar uma nação no cinema. Nossas melhores cabeças do século XX sonharam com esse projeto de Brasil. Agora, os tempos são outros Temos sofrido um vendaval de paixões polarizadas e histéricas. Há um desejo latente de valorizar a vulgaridade e o homem dito "normal", aquele que só reproduz os piores valores de nossa ignorância, sem sonhos nem fantasias, num horizonte sombrio e sem surpresas. A criação, hoje, corre o risco de se tornar prisioneira dessa consagração da platitude, onde o único valor reconhecido e respeitado é o da morte elevada a uma desimportância consagradora".
 

(INformações da Agência Estado)

DECISÃO

Greve na Petrobras: justiça determina que ao menos 80% dos funcionários voltem à atividade

Os funcionários entraram em greve à 0h do último dia 15 de dezembro após três propostas para Acordo Coletivo de Trabalho apresentadas pela empresa terem sido rejeitadas

27/12/2025 17h00

Sede da Petrobrás

Sede da Petrobrás Imagem: Agência Petrobras

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O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou neste sábado, 27, a manutenção de 80% dos trabalhadores da Petrobras em atividade em cada uma das unidades da empresa. A decisão veio após um pedido de tutela de urgência ajuizado pela Petrobras por conta de uma greve nacional por prazo indeterminado que teve início no último dia 15.

Além do porcentual mínimo, também ficou definido que entidades sindicais não poderão impedir o livre acesso aos equipamentos ou ao escoamento da produção. A multa, em caso de descumprimento, foi fixada em R$ 200 mil reais por dia.

"Tal medida encontra amparo, especialmente, no fato de que o processo de negociação coletiva ainda se encontra em curso, bem como na circunstância de que treze entidades sindicais aprovaram a proposta apresentada, com ampla maioria em suas assembleias, permanecendo o movimento paredista restrito a determinados segmentos", consta na decisão do ministro Vieira de Mello Filho, presidente do TST.

Ele ainda marcou uma audiência de conciliação entre a Petrobras e entidades representativas dos trabalhadores na sede do próprio TST no próximo dia 2 de janeiro, às 14h. Caso ainda assim não haja acordo, será feita uma sessão extraordinária na Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do TST, em 6 de janeiro, às 13h30.

Após a decisão, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que "está analisando, conjuntamente com o Sindipetro-NF, os passos jurídicos que serão tomados em proteção ao direito de greve dos trabalhadores e à garantia das conquistas do Acordo Coletivo de Trabalho)". O Estadão buscou contato com a Frente Nacional dos Petroleiros (FNP) e a Petrobras por posicionamento a respeito do fato, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Greve na Petrobras

Os funcionários da Petrobras entraram em greve à 0h do último dia 15 de dezembro, uma segunda-feira, após três propostas para Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) apresentadas pela empresa terem sido rejeitadas. No último domingo, 21, a FUP considerou "avanços significativos" nas negociações, mas a greve se manteve

A paralisação engloba 14 sindicatos filiados à FUP, que conta com 32 mil afiliados e 101 mil trabalhadores, e quatro filiados à FNP, que representa por volta de 26 mil trabalhadores do Sistema Petrobras, que envolve Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas e Paraná.

As entidades não aprovaram o aumento real proposto pela empresa, de 0,5%, no mesmo ano em que a Petrobras desembolsou R$ 37,3 bilhões em dividendos (números entre janeiro e setembro). "A oferta é um desrespeito frente aos lucros recordes da companhia", disse a FNP, que considerou as propostas "indignas" em comunicado.

Os sindicatos também pedem uma solução para os Planos de Equacionamento dos Déficits (PEDs) da Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros), fundo de pensão que administra os planos de previdência complementar aos funcionários. Os PEDs buscam equilibrar um plano de previdência que registra déficit atuarial (quando os compromissos de pagamentos futuros superam os recursos disponíveis), o que faz com que haja cobrança de contribuições extraordinárias de seus participantes para cobrir o valor do déficit.

À época, a Petrobras afirmou, em nota enviada ao Estadão, que adotou medidas de contingência para assegurar a continuidade das operações, que o abastecimento ao mercado estaria garantido e que não haveria impacto na produção de petróleo e derivados.

"A empresa respeita o direito de manifestação dos empregados e mantém um canal permanente de diálogo com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas", informou a nota.

plano imperfeito

Na fuga, Silvinei alegou ser portador de câncer gravíssimo

Ele levava um papel no qual dizia que não tinha condições de falar nem de compreender aquilo que lhe seria indagado. Dizia estar buscando tratamento em El Salvador

27/12/2025 07h13

O ex-diretor da PRF Silinei Vasques foi entregue na noite desta sexta-feira (26) para polícia paraguaia à PF, em Foz do Iguaçu

O ex-diretor da PRF Silinei Vasques foi entregue na noite desta sexta-feira (26) para polícia paraguaia à PF, em Foz do Iguaçu

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Em sua fuga pelo Paraguai, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques apresentou às autoridades um passaporte falso em nome de um paraguaio, Julio Eduardo, e uma declaração em que afirmava ter um tipo de câncer na cabeça e não conseguir falar. Ele foi preso no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, nesta sexta-feira (26) ao tentar embarcar para El Salvador.

Segundo a Polícia Federal, Silvinei portava um documento intitulado “Declaração Pessoal para Autoridades Aeroportuárias”, no qual alegava sofrer de Glioblastoma Multiforme – Grau IV, um tipo agressivo de câncer cerebral.

No texto, afirmava que não falava nem ouvia “devido a uma condição médica grave” e solicitava que eventual comunicação fosse feita por escrito.

“Eu, a pessoa que apresenta este documento, informo que não falo nem ouço, devido a uma condição médica grave. Tenho diagnóstico de Glioblastoma Multiforme – Grau IV, câncer localizado na cabeça (cérebro), doença oncológica de prognóstico grave, razão pela qual não posso me comunicar verbalmente nem compreender instruções orais. Por esse motivo, não posso responder perguntas de forma falada”, declarou Silvinei.

O ex-diretor da PRF Silinei Vasques foi entregue na noite desta sexta-feira (26) para polícia paraguaia à PF, em Foz do IguaçuTexto sobre supostos câncer estava em espanhol

O ex-diretor da PRF dizia ainda que viajava para San Salvador, em voo da Copa Airlines, com o objetivo exclusivo de realizar tratamento médico de radiocirurgia, procedimento que, segundo a declaração, poderia “prolongar o período de vida”. O documento também mencionava autorização médica para a viagem e o porte de medicamentos de uso contínuo.

A prisão ocorreu na madrugada desta sexta-feira, após alerta da adidância da Polícia Federal brasileira às autoridades paraguaias.

De acordo com informações enviadas pela PF ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Silvinei deixou a residência onde morava, em São José (SC), ainda na noite de quarta-feira (24), horas antes de a tornozeleira eletrônica apresentar falhas. O equipamento teria sido rompido na madrugada do Natal.

Imagens analisadas pela PF mostram que, por volta das 19h22 daquele dia, Silvinei saiu do condomínio após carregar um carro alugado com sacolas, ração e tapetes higiênicos para animais. Ele também embarcou com seu cachorro da raça pitbull.

Equipes da Polícia Penal de Santa Catarina e da Polícia Federal estiveram no endereço nas horas seguintes, mas o ex-diretor da PRF já não se encontrava no local.

Vasques ainda alugou um carro para deixar o Brasil enquanto o veículo que usava normalmente (um Jeep Renegade) circulava pelas ruas de cidades de Santa Catarina.

Condenação no STF
 

Silvinei Vasques foi condenado a 24 anos e 6 meses de prisão pelo STF por integrar o núcleo 2 da trama golpista, responsável, segundo a Corte, pela elaboração da chamada “minuta do golpe” e por ações para dificultar o voto de eleitores do Nordeste nas eleições de 2022.

Devolvido

O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques já está sob custódia da Polícia Federal (PF).  Por volta das 20h, o ex-diretor foi levado pela polícia paraguaia para a fronteira com o Brasil e entregue a agentes da PF na Ponte da Amizade, que liga Foz do Iguaçu, no Paraná, a Ciudad del Leste. Dali seria transferido para Brasília

Após ser informado sobre a fuga, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão preventiva do ex-diretor.

 

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