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MEIO AMBIENTE

Ação cobra cuidado com córrego responsável pela água de Campo Grande

A omissão na proteção da área de preservação do Córrego Guariroba pode até gerar a diminuição do abastecimento de Campo Grande, afirma o MPMS

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O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) ingressou com uma ação civil pública para garantir o cumprimento do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Córrego Guariroba, área responsável por 40% da captação de água em Campo Grande.

Situada fora do perímetro urbano da Capital, a APA do Guariroba, de acordo com o MPMS, vem sofrendo com a negligência e o desamparo por parte do poder público em sua manutenção ecológica, uma vez que a região é protegida em função da importância dos seus recursos hídricos de abastecimento público formados pela Bacia do Córrego Guariroba.

Desde 2008, a APA do Guariroba conta com um plano de manejo que foi revisto posteriormente, em 2020, no qual estabelece seis programas ambientais a serem cumpridos dentro da área de 36 mil hectares de extensão.

De acordo com o inquérito do MPMS, nenhum desses programas elaborados foram executados pela Prefeitura de Campo Grande, por meio da Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), que é o órgão gestor da APA do Guariroba.

“Mesmo com tempo suficiente para elaborar os seis programas ambientais e iniciar a sua implementação, certo é que o município de Campo Grande somente concluiu a minuta e a aprovação de dois programas [P1 e P3], os quais nem sequer tiveram a sua execução iniciada”, descreve o MPMS.

Os programas aprovados, mas não executados até então, tratam-se da (1) cooperação técnica para firmar parcerias financeiras com outras instituições, a fim de viabilizar fontes de recursos em prol da conservação da APA do Guariroba e do manejo de recursos naturais que visa proteger; e da (2) recuperação de fragmentos de vegetação, além do monitoramento das águas superficiais e subterrâneas da Bacia do Córrego Guariroba.

Os outros quatro programas – de manutenção e recuperação ambiental, de estruturação e infraestrutura, de educação ambiental e de fomento de atividades sustentáveis – estão previstos, entretanto, ainda não saíram do papel.

Em virtude da falta do cumprimento dessas propostas, o MPMS pede que o município seja obrigado a executar os seis programas ambientais de forma contínua, com o mantimento de imposição de multa diária caso haja descumprimentos. A ação civil pública está na Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Capital.

Segundo o MPMS, a falta de cuidados com a APA do Guariroba é grave, uma vez que a situação pode resultar em uma diminuição drástica do abastecimento de água da maior fonte hídrica de Campo Grande, além de ocasionar possíveis riscos de escassez.

A região da Bacia do Córrego Guariroba foi transformada em uma APA justamente para recuperar e conservar os mananciais de abastecimento público formados pela sua bacia, de modo a assegurar a sustentabilidade em quantidade e qualidade dos recursos hídricos.

Ainda, a conservação do local é importante para proteger o ecossistema, as espécies raras e ameaçadas de extinção da região, além de várzeas e fundos de vale, e promover o constante monitoramento da qualidade ambiental do manancial, implementando projetos específicos que possam contribuir com a sua conservação.

VISITA TÉCNICA

Conforme o inquérito do MPMS que virou ação civil pública, foi realizado em novembro de 2022, na área protegida, uma visita técnica do Conselho Gestor da APA do Córrego Guariroba com a assessoria técnica da Planurb, ocasião em que foi observada a existência de problemas ambientais.

Entre eles estão a ausência de manutenção das bacias de retenção localizadas nas estradas, propriedades no local com solo degradado e a falta de educação ambiental para ressaltar a importância da APA do Guariroba, uma vez que há pessoas que invadem o local protegido para aproveitar a beleza natural.

Ainda, problemas no acesso à entrada da unidade de conservação e na sua identificação – de que ali se trata de uma área ambiental protegida – também foram elencados.

De acordo com o MPMS, essas problemáticas observadas na APA do Guariroba estão diretamente ligadas aos objetivos e às ações dos programas ambientais mencionados e que ainda não foram executados.

ÁGUAS GUARIROBA

Procurada, a Águas Guariroba – responsável pelos serviços de saneamento em Campo Grande – informou ao Correio do Estado que, desde que assumiu a concessão, vem cumprindo com todas as responsabilidades que cabem à concessionária dentro do Programa de Proteção dos Recursos Hídrico da APA do Guariroba – Manancial Vivo, o qual, segundo o MPMS, é o único projeto em atividade na APA.

“O Programa Manancial Vivo visa a manutenção ambiental, garantindo assim a abundância e a qualidade da água disponível aos campo-grandenses. Por meio dele, foram realizadas diversas ações, como o plantio de mais de 20 mil mudas de árvores nativas do Cerrado; o monitoramento de sedimentos nos corpos hídricos, da qualidade da água, do nível de assoreamento do reservatório e dos indicadores microbiológicos de qualidade da água, a avaliação da quantidade de água superficial e subterrânea; o balanço hídrico; e o acompanhamento meteorológico”, informou a concessionária por meio de nota.

A Águas Guariroba ainda acrescentou que todas as ações e os resultados são reportados constantemente ao poder público, o qual também tem a responsabilidade de garantir a sustentabilidade da APA.

A concessionária não se posicionou sobre qualquer possibilidade de problemas com o abastecimento, como sugere o MPMS.

SAIBA

A APA do Guariroba foi instituída por meio do Decreto Municipal nº 7.183, de 21 de setembro de 1995. Sua criação ocorreu pela necessidade de recuperar e conservar o principal sistema produtor de água bruta para o abastecimento público de Campo Grande.

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BALANÇO

MPMS intermediou mais de R$ 15 milhões em acordos na área da saúde em 2025

Ministério Público mediou o plano emergencial entre a Santa Casa e o Município de Campo Grande para solucionar os diversos problemas do hospital

19/12/2025 18h45

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça Divulgação: Ministério Público de Mato Grosso do Sul

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) recebeu a imprensa para apresentar o balanço geral do ano de 2025. O procurador-geral de Justiça, Romão Avila Milhan Junior, acompanhado de membros da Administração Superior, divulgou informações relevantes sobre atuações da instituição ao longo do período.

No setor da saúde, Romão Avila destacou a atuação do Centro de Autocomposição (Compor) para solucionar crises agudas, como a mediação que resultou no plano emergencial para a Santa Casa de Campo Grande. O hospital enfrenta problemas de superlotação, falta de insumos e de dinheiro para pagar profissionais de várias áreas, com risco de paralisação de serviços essenciais

No ano, os acordos mediados pelo Compor envolveram mais de R$ 15 milhões em benefícios para áreas como saúde e assistência social. 

Também relembrou a resposta da instituição após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, episódio que impulsionou a criação da ferramenta Alerta Lilás, para monitoramento de agressores e a melhoria do atendimento especializado às mulheres.

Com relação a proteção à mulher, o sistema Alerta Lilás emitiu mais de 19 mil alertas automáticos para monitorar agressores reincidentes.

No campo da segurança pública, a pauta central foi a modernização, com destaque para a força-tarefa que agilizou o processamento de boletins de ocorrência de violência doméstica e viabilizou a digitalização de peças e a gravação de interrogatórios e depoimentos.O Centro de Pesquisa, Análise, Difusão e Segurança da Informação (CI) disponibilizou mais de 400 mil dados para subsidiar investigações complexas.

Dados 

Produtividade jurídica: mais de 4 mil ações ajuizadas e 30 mil denúncias apresentadas à Justiça.

Combate à corrupção: o Grupo de Atuação Especial e Combate à Corrupção (Gecoc) atuou contra desvios de mais de R$ 66 milhões, executando 180 mandados de busca em 13 cidades.

Enfrentamento ao crime organizado: o Gaeco realizou 19 operações estratégicas, resultando em 107 prisões e 370 mandados de busca.

Preservação ambiental: monitoramento e fiscalização de 71 mil hectares de desmatamento ilegal por meio de programas como Pantanal em Alerta.

Impacto social: arrecadação de R$ 6 milhões via campanha Declare Seu Carinho e destinação de 350 celulares apreendidos para uso pedagógico em escolas públicas.

Diálogo com o cidadão: a Ouvidoria processou mais de 5 mil manifestações, que fundamentaram novas investigações e missões constitucionais.

O encontro

Ao abrir o evento, o Procurador-Geral de Justiça promoveu um resgate histórico sobre o papel da instituição como guardiã das garantias individuais e coletivas conquistadas após o período ditatorial, lembrando que a evolução da sociedade brasileira, sob a criação da Constituição de 1988, é indissociável de uma imprensa livre.

"A imprensa tem um papel fundamental na redemocratização e na evolução constante da nossa sociedade. Graças à imprensa livre, fatos que muitas vezes não chegariam pelos canais comuns — como a falta de um medicamento em uma UPA — chegam ao nosso conhecimento por denúncias de usuários via jornalismo", exemplificou Romão Avila Milhan Junior.

Diante dessa observação, fez um agradecimento público ao apoio dos veículos de comunicação, especialmente durante os embates judiciais que preservaram o poder investigatório do Ministério Público. Segundo ele, essa prerrogativa é o que sustenta as atuais ofensivas contra a corrupção e o crime organizado.

 

Colapso na saúde

Deputado protocola ação pedindo intervenção urgente do Estado na saúde de Campo Grande

O parlamentar classifica a situação do SUS da Capital como grave e à beira de um colapso

19/12/2025 18h15

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar "à beira de um colapso" FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O deputado estadual Pedrossian Neto entrou com uma ação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo que o Governo do Estado adote medidas e providências na saúde de Campo Grande. 

O parlamentar classifica o quadro como “grave, estrutural e persistente”, além de “risco concreto de desassistência à população”. 

No documento encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o deputado afirma que a crise na saúde da Capital não apresenta mais episódio pontuais de descaso, mas, sim, falhas recorrentes de organização, financiamento e governança, afetando diretamente na segurança dos pacientes, capacidade de resposta da rede de urgência e emergência, além do funcionamento regular do Sistema Único de Saúde. 

Um dos pontos centrais do pedido é a situação da Santa Casa de Campo Grande, o maior em atendimento do SUS no Estado e referência em urgência, emergência e alta complexidade. 

O documento mostra alertas e registros públicos que apontam superlotação extrema, atendimento de pacientes em corredores e macas, ocupação acima da capacidade e risco iminente de um colapso assistencial, repercutindo em toda a rede estadual. 

Além disso, o hospital sofre com desabastecimento de insumos e medicamentos na área de urgência e atenção básica, segundo já foi alertado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), além de falhas estruturais na rede de odontologia, como comunicado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), o que já levou à paralisação de atendimentos e prejuízo à assistência. 

Pedrossian ainda destacou a fragilidade da governança da saúde municipal, evidenciada pela reprovação do Relatório Anual de Gestão da Saúde de 2024 pelo Conselho Municipal de Saúde, aliado à ausência de secretário municipal de Saúde, deixando a pasta sob condução de um comitê gestor, que não condiz com o princípio de direção única do SUS. 

Para o deputado, a intervenção estadual não se trata de uma medida política, mas de “providência excepcional prevista na Constituição, necessária para assegurar a continuidade de um serviço público essencial, evitar um colapso sistêmico e proteger o direito à saúde da população”. 

PLANO DE AÇÃO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou na última quinta-feira (18) que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 
 

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