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REVIRAVOLTA

Após 8 anos, defesa quer anular júri
do caso Isabella; avô é investigado

Após 8 anos, defesa quer anular júri
do caso Isabella; avô é investigado

G1

29/03/2016 - 07h23
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O caso Isabella completa oito anos nesta terça-feira (29) sem um desfecho. Isso porque a defesa do casal Nardoni aguarda a Justiça julgar um último recurso que pede a anulação do júri que condenou o pai e a madrasta da menina pelo assassinato dela. Além disso, a Polícia Civil abriu recentemente um novo inquérito para apurar se o avô paterno da criança também teve participação no crime.

Isabella tinha 5 anos de idade quando foi encontrada morta no jardim do Edifício London, na Zona Norte da capital, na noite de 29 de março de 2008. Para a acusação, a madrasta asfixiou a criança, após discutir com ela, e o pai a jogou da janela do sexto andar do prédio. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá sempre negaram o homicídio. Sustentavam que um invasor, que nunca foi identificado, matou a menina.

Em entrevista, o advogado Roberto Podval, que defende o casal, afirmou que aguarda o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar o pedido para que seus clientes tenham um novo julgamento.
“A defesa aguarda o julgamento do Supremo, que vai decidir sobre a nulidade do processo, haja visto que o casal já foi condenado pela mídia e opinião pública antes mesmo de ter sido julgado. Nos Estados Unidos, isso já caberia um novo júri”, disse Podval na segunda-feira (28). “A defesa também pediu a rediscussão do tempo da pena. Espero que os pedidos sejam julgados até o fim deste ano”.

Em março de 2010, a Justiça de São Paulo condenou o casal Nardoni à prisão pela morte de Isabella. Alexandre recebeu pena de 30 anos, 2 mês e 20 dias, e Anna Carolina, a 26 anos e 8 meses. Os dois estão detidos em Tremembé, interior do estado.

'NOVO LAUDO'

A defesa quer a anulação do júri para poder solicitar à Justiça a inclusão de um parecer técnico e de uma animação feitos em 2013 pelo perito norte-americano James Hahn, diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade George Washington. O documento apontou que as marcas nos pescoço de Isabella "não são de mãos humanas". Desse modo, a perícia concluiu que elas não poderiam ter sido causadas nem pela madrasta e nem pelo pai de Isabella.

O estudo foi encomendado por Roberto e pela advogada e perita Roselle Sóglio. O 'laudo particular' de 65 páginas analisou o trabalho da polícia, do Ministério Público (MP) e da Superintendência da Política Técnico-Científica Instituto de Criminalística (SPTC) de São Paulo - que sustentaram que a esganadura teria sido um dos fatores determinantes na morte de Isabella, junto com o fato de ela ter sido jogada pela janela.

Para a realização do 'novo laudo' foram usadas fotos e até mesmo moldes feitos das mãos de Alexandre e Anna Carolina. Com base neles foram considerados o papel de cada dedo no processo de esganadura, no tipo de força necessária e nos movimentos que teriam sido exercidos.

Os advogados do casal disseram que o novo laudo reforça a tese da defesa de que as provas seriam insuficientes para condenar os Nardoni. Isso porque o perito informou que pela falta de marcas de polegares na frente do pescoço, a menina não foi esganada por mãos e dedos humanos. O relatório não apontou o que poderia ter provocado os ferimentos.

Para os advogados de defesa, a suspeita é de que os machucados no pescoço seriam consequências da queda de Isabella do 6º andar.

“O laudo é claro em informar que as lesões não foram provocadas nem pelas mãos de Anna nem de Alexandre e muito menos por qualquer coisa que se assemelhe a mãos. Não é uma mão”, afirmou Roselle à equipe de reportagem, na segunda-feira. A advogada ainda criticou o laudo oficial da SPTC. “Foi o maior erro do judiciário brasileiro”.

Procurada na segunda-feira, a perita aposentada Rosangêla Monteiro, que foi responsável por coordenar os laudos produzidos pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica rebateu às críticas da defesa do casal.

"As lesão são compatíveis com esganadura, asfixia por mãos. Às vezes nós encontramos três, dois dedos. Uma imagem vale mais do que mil palavras, tanto é que o casal está preso", disse Rosângela. "Uma asfixia não se caracteriza só por marcar externas, mas internas também".

AVÔ DE ISABELLA

Se por um lado a defesa quer a anulação do julgamento por entender que o casal Nardoni é inocente, a acusação quer que a polícia investigue se o avô paterno de Isabella também estaria envolvido no crime.

Em 16 de dezembro do ano passado, o MP pediu para o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) instaurar um novo inquérito do caso Isabella. A solicitação foi feita pela promotora Kátia Peixoto Villani Pinheiro Rodrigues. O pedido foi motivado pelo depoimento de duas novas testemunhas que denunciaram a suposta relação do advogado Antônio Nardoni, avô da menina, com a morte da neta.

A testemunha é funcionária da Penitenciária Feminina de Tremembé, onde Anna Carolina está presa cumprindo pena.

Em reportagens exibidas pelo Fantástico, nos dias 7 de dezembro de 2014 e 12 de abril de 2015, as duas funcionárias haviam dito que Anna assumiu ter batido em Isabella, no carro do casal. Após uma série de agressões, a menina teria ficado inerte no apartamento do casal Nardoni.

Anna Carolina e Alexandre achavam que a menina já estava morta. Segundo a testemunha, a madrasta de Isabella telefonou para o sogro, que sugeriu que os dois simulassem um acidente com a criança.

Em seguida, Alexandre jogou a filha pela janela. Depois, Anna Carolina teria entrado em choque ao saber que a garota ainda estava viva. Isabella não resistiu aos ferimentos e morreu.

A promotora do caso não foi localizada para comentar o assunto. A equipe de reportagem também não teve resposta da Secretaria da Segurança Pública (SSP) sobre como está a apuração do DHPP.

Policiais envolvidos na investigação disseram que ainda não há indícios que comprovem a denúncia feita pela funcionária contra Antônio. Além da testemunha, o DHPP ouviu os depoimentos de outros funcionários da penitenciária, de Anna Carolina e de parentes dela.  Os próximos passos do departamento serão ouvir Antônio e Alexandre.

“Acho que o MP tendo acesso à informação tem que investigar, mas não tem cabimento”, disse Podval. “O senhor Antonio Nardoni é inocente”.

A equipe de reportagem não localizou Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, ou sua advogada para falarem.

BALANÇO

MPMS intermediou mais de R$ 15 milhões em acordos na área da saúde em 2025

Ministério Público mediou o plano emergencial entre a Santa Casa e o Município de Campo Grande para solucionar os diversos problemas do hospital

19/12/2025 18h45

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça Divulgação: Ministério Público de Mato Grosso do Sul

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) recebeu a imprensa para apresentar o balanço geral do ano de 2025. O procurador-geral de Justiça, Romão Avila Milhan Junior, acompanhado de membros da Administração Superior, divulgou informações relevantes sobre atuações da instituição ao longo do período.

No setor da saúde, Romão Avila destacou a atuação do Centro de Autocomposição (Compor) para solucionar crises agudas, como a mediação que resultou no plano emergencial para a Santa Casa de Campo Grande. O hospital enfrenta problemas de superlotação, falta de insumos e de dinheiro para pagar profissionais de várias áreas, com risco de paralisação de serviços essenciais

No ano, os acordos mediados pelo Compor envolveram mais de R$ 15 milhões em benefícios para áreas como saúde e assistência social. 

Também relembrou a resposta da instituição após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, episódio que impulsionou a criação da ferramenta Alerta Lilás, para monitoramento de agressores e a melhoria do atendimento especializado às mulheres.

Com relação a proteção à mulher, o sistema Alerta Lilás emitiu mais de 19 mil alertas automáticos para monitorar agressores reincidentes.

No campo da segurança pública, a pauta central foi a modernização, com destaque para a força-tarefa que agilizou o processamento de boletins de ocorrência de violência doméstica e viabilizou a digitalização de peças e a gravação de interrogatórios e depoimentos.O Centro de Pesquisa, Análise, Difusão e Segurança da Informação (CI) disponibilizou mais de 400 mil dados para subsidiar investigações complexas.

Dados 

Produtividade jurídica: mais de 4 mil ações ajuizadas e 30 mil denúncias apresentadas à Justiça.

Combate à corrupção: o Grupo de Atuação Especial e Combate à Corrupção (Gecoc) atuou contra desvios de mais de R$ 66 milhões, executando 180 mandados de busca em 13 cidades.

Enfrentamento ao crime organizado: o Gaeco realizou 19 operações estratégicas, resultando em 107 prisões e 370 mandados de busca.

Preservação ambiental: monitoramento e fiscalização de 71 mil hectares de desmatamento ilegal por meio de programas como Pantanal em Alerta.

Impacto social: arrecadação de R$ 6 milhões via campanha Declare Seu Carinho e destinação de 350 celulares apreendidos para uso pedagógico em escolas públicas.

Diálogo com o cidadão: a Ouvidoria processou mais de 5 mil manifestações, que fundamentaram novas investigações e missões constitucionais.

O encontro

Ao abrir o evento, o Procurador-Geral de Justiça promoveu um resgate histórico sobre o papel da instituição como guardiã das garantias individuais e coletivas conquistadas após o período ditatorial, lembrando que a evolução da sociedade brasileira, sob a criação da Constituição de 1988, é indissociável de uma imprensa livre.

"A imprensa tem um papel fundamental na redemocratização e na evolução constante da nossa sociedade. Graças à imprensa livre, fatos que muitas vezes não chegariam pelos canais comuns — como a falta de um medicamento em uma UPA — chegam ao nosso conhecimento por denúncias de usuários via jornalismo", exemplificou Romão Avila Milhan Junior.

Diante dessa observação, fez um agradecimento público ao apoio dos veículos de comunicação, especialmente durante os embates judiciais que preservaram o poder investigatório do Ministério Público. Segundo ele, essa prerrogativa é o que sustenta as atuais ofensivas contra a corrupção e o crime organizado.

 

Colapso na saúde

Deputado protocola ação pedindo intervenção urgente do Estado na saúde de Campo Grande

O parlamentar classifica a situação do SUS da Capital como grave e à beira de um colapso

19/12/2025 18h15

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar "à beira de um colapso" FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O deputado estadual Pedrossian Neto entrou com uma ação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo que o Governo do Estado adote medidas e providências na saúde de Campo Grande. 

O parlamentar classifica o quadro como “grave, estrutural e persistente”, além de “risco concreto de desassistência à população”. 

No documento encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o deputado afirma que a crise na saúde da Capital não apresenta mais episódio pontuais de descaso, mas, sim, falhas recorrentes de organização, financiamento e governança, afetando diretamente na segurança dos pacientes, capacidade de resposta da rede de urgência e emergência, além do funcionamento regular do Sistema Único de Saúde. 

Um dos pontos centrais do pedido é a situação da Santa Casa de Campo Grande, o maior em atendimento do SUS no Estado e referência em urgência, emergência e alta complexidade. 

O documento mostra alertas e registros públicos que apontam superlotação extrema, atendimento de pacientes em corredores e macas, ocupação acima da capacidade e risco iminente de um colapso assistencial, repercutindo em toda a rede estadual. 

Além disso, o hospital sofre com desabastecimento de insumos e medicamentos na área de urgência e atenção básica, segundo já foi alertado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), além de falhas estruturais na rede de odontologia, como comunicado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), o que já levou à paralisação de atendimentos e prejuízo à assistência. 

Pedrossian ainda destacou a fragilidade da governança da saúde municipal, evidenciada pela reprovação do Relatório Anual de Gestão da Saúde de 2024 pelo Conselho Municipal de Saúde, aliado à ausência de secretário municipal de Saúde, deixando a pasta sob condução de um comitê gestor, que não condiz com o princípio de direção única do SUS. 

Para o deputado, a intervenção estadual não se trata de uma medida política, mas de “providência excepcional prevista na Constituição, necessária para assegurar a continuidade de um serviço público essencial, evitar um colapso sistêmico e proteger o direito à saúde da população”. 

PLANO DE AÇÃO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou na última quinta-feira (18) que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 
 

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