Cidades

FIM DOS CONFLITOS

Após acordo histórico, governo federal mira 51 terras indígenas em Mato Grosso do Sul

Equipe ministerial já vistoriou os territórios que são de retomada, mas a União ainda não definiu quais serão os prioritários

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Desde a criação do Gabinete de Crise do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) há um ano, para acompanhar as violações de direitos humanos do povo guarani-kaiowá, equipes do governo federal já vistoriaram 51 territórios reivindicados pelos indígenas em Mato Grosso do Sul. Tratam-se de áreas 
de retomada e que estão na mira da União para uma possível solução, assim como foi realizado na semana passada com a Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Antônio João.

Segundo o secretário-executivo do MPI, Eloy Terena, a prioridade do governo federal para a finalização de demarcações de terras indígenas no Brasil é o povo guarani-kaiowá em MS. Entre esses territórios, o Gabinete de Crise do MPI já fez “várias visitas in loco”, como nessas 51 áreas na porção sul do Estado.

“Assim, estão sendo construídos tecnicamente os parâmetros para as próximas medidas, mas ainda não há uma lista definida”, declarou Eloy ao Correio do Estado, ao ser questionado sobre qual seria a próxima prioridade da Pasta, após solucionar o conflito entre indígenas e fazendeiros em 
Antônio João, que já durava décadas.

Dessas 51 áreas de retomada indígena que já foram vistoriadas pelo ministério, uma delas é a TI Guasuti, em Aral Moreira, onde dois indígenas foram encontrados mortos carbonizados na casa onde moravam.

As mortes de Sebastiana Galton, de 92 anos, e Rufino Velasque, sem idade informada, líderes espirituais indígenas na casa de reza onde viviam, em setembro do ano passado, deu origem ao gabinete do MPI, que tem por objetivo acompanhar a situação de violação de direitos humanos 
do povo guarani-kaiowá.

“Todos os casos de Mato Grosso do Sul são muito complexos, porque, de um lado, se trata de uma região que tem historicamente a inequívoca presença dos povos indígenas. Portanto, a gente tem aqui um desafio de buscar, de forma inaugural, dentro do regime constitucional que nós vivemos, instrumentos administrativos que contemplem todos esses interesses legítimos que estão em jogo”, disse Eloy Terena.

“Estamos compromissados em garantir o direito ao território das comunidades indígenas e, a partir disso, implementar políticas públicas culturalmente adequadas”, adicionou o secretário-executivo.

TERRAS REIVINDICADAS

Segundo reportagem do Correio do Estado de junho de 2023, levantamento da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) mostra que existem 33 territórios com a posse dos indígenas confirmada pelo governo federal (quatro homologados e 29 regularizados) no Estado. Mesmo assim, algumas delas ainda seguem contestadas por proprietários rurais na Justiça, o que tem travado a efetivação da demarcação.

Um dos exemplos é a TI Guyraroká, em Caarapó. Após ter sido demarcada, a decisão foi judicializada, e em 2014 o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu anular a posse indígena com base no marco temporal. Porém, quase 10 anos depois, a mesma Corte entendeu que a tese não é válida, contudo, o processo dessa área da etnia guarani-kaiowá continua parado.

Situação semelhante também ocorre em outros territórios guarani-kaiowá no sul do Estado, como na TI Jata Yvary, em Ponta Porã, que também está com o processo de demarcação paralisado, e na TI Dourados-Amambaipeguá I, em Caarapó, que foi delimitada em 2016, mas contestada por fazendeiros.

No caso dessa segunda terra, um dos confrontos entre indígenas e fazendeiros ficou conhecido como o massacre de Caarapó, em que o indígena Clodiode Aquileu de Souza, agente de saúde da comunidade, morreu ao ser atingido por um tiro enquanto socorria outros feridos, entre eles seu irmão, Jesus de Souza. Ao todo, seis indígenas foram hospitalizados com ferimentos graves.

Outro confronto recente ocorreu na TI Panambi – Lagoa Rica, em Douradina, onde indígenas e fazendeiros seguem em conflito. Foi necessária a presenta da Força Nacional na região para evitar novos confrontos. Nesse caso, o MPI está em conversas com os fazendeiros para chegar a uma solução.

ANTÔNIO JOÃO

Na semana passada, os governos federal e de Mato Grosso do Sul conseguiram por fim a um conflito entre indígenas e fazendeiros que já durava décadas. Em audiência de conciliação no STF, a União e o Estado se comprometeram a pagar R$ 146 milhões a fazendeiros de Antônio João como indenização para que a TI Ñande Ru Marangatu seja definitivamente entregue aos indígenas.

Essa foi a primeira vez que uma situação do tipo ocorre no País, e a expectativa de ambos os lados – indígenas e fazendeiros – é de que isso se reproduza em outras áreas reivindicadas.

Saiba

Segundo o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, existem mais de 30 territórios em litígio no Estado. Desses, seis seriam a prioridade para a firmação de acordos, por se tratarem de locais onde os confrontos são mais intensos. As seis áreas citadas se enquadram no grau de litígio 1, isto é, prioritários.

Campo Grande

Prefeitura doa seis terrenos para ampliação de complexo penitenciário da Agepen

Ao todo, foram doados 15,3 mil m², terrenos localizados nas ruas Piraputanga, Osasco e Atibaia

06/03/2025 18h00

Divulgação/ Agepen

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A Câmara dos vereadores de Campo Grande aprovou nesta quinta-feira (6), o  Projeto de Lei 11.671/25, que autoriza a doação de seis terrenos públicos à Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) para regularização do complexo penitenciário atual.  Ao todo, foram doados 15,3 mil m², terrenos localizados nas ruas: Piraputanga, Osasco e Atibaia.  

A doação dos imóveis servirá para “regularizar o patrimonio" da Agepen, para que a pasta receba os recursos federais que possibilitem ampliar o complexo penitenciário, o que já está  previsto em ofício.

Os terrenos são adjacentes ao atual complexo, e estão localizados no Jardim Noroeste. As doações serão concretizadas após publicação oficial no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande). 

No início deste mês o Governo do Estado oficializou a regulamentação dos uniformes da Polícia Penal de Mato Grosso do Sul por meio de decreto oficial. A medida visava a produção da vestimenta, da Agepen reservou um investimento de R$ 2,7 milhões destinados a uniformes e R$ 335,1 mil a distintivos.

A regulamentação estabelece diretrizes para a padronização das vestimentas, distintivos, insígnias e condecorações dos policiais penais, garantindo maior identidade institucional e segurança aos servidores.

Além da identificação visual, o uso do uniforme tem como principais objetivos:

  • proteção dos servidores, funcionando como Equipamento de Proteção Individual (EPI);
  • fortalecimento da identidade institucional da Polícia Penal;
  • facilidade no reconhecimento dos agentes durante o exercício da função;
  • ergonomia e conforto, adaptando-se às condições climáticas e à natureza do trabalho;
  • funcionalidade e utilidade, de acordo com a atividade exercida.

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VEJA VÍDEO

Motoristas que disputaram racha que terminou em morte vão à júri popular em abril

Durante disputa de racha na Avenida Júlio de Castilho, homem bateu carro em poste e passageira morreu, em 2022; Veja vídeo

06/03/2025 17h44

Durante racha, motorista perdeu o controle da direção, bateu em poste e passageira morreu

Durante racha, motorista perdeu o controle da direção, bateu em poste e passageira morreu Foto: Naiara Camargo / Arquivo

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William Goes Abbade, 39 anos, e Olliver Richerd Ferreira Siebra, 22 anos, que disputaram um racha que causou a morte de uma jovem de 25 anos, irão a júri popular no dia 3 de abril, a partir da 8h, segundo decisão do juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal do Júri.

O caso aconteceu no dia 16 de abril de 2022, na Avenida Júlio de Castilho, em Campo Grande.

De acordo com a sentença de pronúncia, William irá responder por homicídio doloso, tentativa de homicídio, dirigir embriagado e por participar de racha.

Ele dirigia um Ford KA, ocupado por sete pessoas, incluindo ele, onde estava Roberta da Costa Coelho, que morreu após o carro bater contra um poste de energia.

O outro motorista envolvido na disputa automobilística, Olliver, dirigia um Gol e irá responder por participar de racha, omissão de socorro às vítimas e dirigir sem carteira nacional de habilitação (CNH).

O juiz considerou que a materialidade e autoria do crime ficaram comprovadas por meio de laudos periciais e depoimentos de testemunhas durante a fase de instrução do processo.

A sentença de pronúncia saiu em 2023, quando o juiz definiu que os acusados iriam a júri popular. Desde então, houve a interposição de diversos recursos, todos negados.

Olliver aguarda o julgamento em liberdade, enquanto William cumpre prisão domiciliar. O juiz determinou que ele seja escoltado no dia do julgamento.

 

Racha

O acidente ocorreu na madrugada do dia 16 de abril, em trecho da avenida Júlio de Castilho, região do Jardim Panamá.

William Goes Abbade era motorista do Ford Ka que bateu em um poste de energia elétrica.

O carro dele era ocupado por sete pessoas, incluindo ele. Uma das passageiras, Roberta da Costa Coelho, 25, morreu na batida.

Segundo a denúncia, Roberta estava com o namorado em uma tabacaria e, quando decidiram se retirar do local, encontraram um amigo e William bebendo do lado de fora.

Eles passaram a conversar e o motorista ofereceu carona até a casa da jovem, que aceitou. Os quatro entraram no Ford Ka, onde já havia outras três pessoas.

Mesmo tendo bebido, William assumiu a direção e, durante o trajeto, um veículo Gol emparelhou com o Ka e começou a acelerar, iniciando uma disputa de corrida em alta velocidade na avenida.

Além da alta velocidade, os motoristas também furaram sinal vermelhos e o Ford Ka acabou por colidir em um poste de energia elétrica.

Roberta morreu na hora e os demais ocupantes do carro foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhados para hospitais da cidade.

O carro estaria trafegando a uma velocidade superior a 100 km por hora na via que permite 50 km por hora.

A polícia identificou a placa do carro que concorria com o Ford e o motorista foi identificado e preso dias depois.

Por serem crimes graves, o motorista do Ford Ka teve a prisão decretada, sendo a mesma substituída por prisão domiciliar posteriormente.

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