Cidades

SEGURANÇA PÚBLICA

Apreensões de cocaína reduziram, mas foco foi na prisão de "barões do tráfico"

Operações ao longo dos anos prenderam chefões de quadrilhas que atuavam principalmente na fronteira com o Paraguai

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Recorde histórico em 2023, as apreensões de cocaína tiveram uma queda de 21,3% neste ano em Mato Grosso do Sul, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

Entretanto, no mesmo período, diversas operações policiais conseguiram prender alguns dos “barões do tráfico” de drogas em MS, mudando um pouco o foco de suas ações: antes o produto, agora o responsável pela remessa dos entorpecentes.

De acordo com dados da Sejusp, que contêm apreensões realizadas tanto pelas forças estaduais quanto federais, neste ano, de janeiro até ontem, 12,5 toneladas de cocaína – o equivalente a 12,5 mil quilos da droga – foram impedidas de serem vendidas a consumidores.

O valor é 21,3% menor que o do ano passado, quando as apreensões atingiram o total de 15,9 toneladas do entorpecente, o maior montante registrado nos últimos 10 anos em Mato Grosso do Sul, ainda conforme dados da Sejusp.

Desde 2021, o Estado tem alcançado números históricos de apreensões de cocaína pelas forças de segurança. Além disso, Campo Grande passou a ser um importante entreposto para os traficantes, armazenando grandes quantidades da droga, como pode ser evidente em mais de uma operação em que foram apreendidas quase 1 tonelada do entorpecente em galpões.

Apesar da queda no número de apreensões, mesmo que pequena, neste ano as forças policiais – principalmente a Polícia Federal (PF) – tiveram êxito na prisão de grandes traficantes de droga investigados há alguns anos, como foi o caso de Antônio Joaquim da Mota, conhecido como Tonho. Segundo investigações, ele seria o chefe de organização criminosa na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

Tonho foi preso em fevereiro, durante uma operação da PF que contou com o apoio da Sejusp na cedência de um helicóptero para levar o investigado direto da prisão em Ponta Porã para a Penitenciária Federal de Campo Grande.

O megatraficante passou seis meses preso. Nesse meio tempo, ele saiu de Campo Grande para Brasília (DF), onde foi solto em agosto, após o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Reynaldo Soares da Fonseca determinar o relaxamento da prisão preventiva do narcotraficante. Fonseca voltou atrás dias depois, mas já era tarde: até hoje um dos “barões do tráfico” da fronteira de MS está foragido, assim como o filho dele, Antonio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, conhecido como Motinha ou Dom, que conseguiu fugir de uma operação policial no ano passado e também ainda não foi localizado.

 

IRMÃOS MARTINS

Quem também acabou preso pela PF foi Marcel Martins Silva, o qual – segundo as investigações da corporação – comandava o tráfico de drogas para Curitiba (PR), cidades de Santa Catarina, Rio de Janeiro (RJ) e municípios do Rio Grande do Sul. A logística da operação, ainda conforme a polícia, era comandada pelo seu irmão, Valter Ulisses Martins, que também foi alvo de operação, porém, ele conseguiu fugir para o Paraguai.

Os irmãos Martins moravam em Dourados e, além das drogas, também eram os responsáveis para o tráfico de armas para facções criminosas do Rio de Janeiro.

Ainda, eles tinham planos de expandir os negócios para a Europa e já até estudavam a melhor forma de enviar cocaína para o continente europeu. O entorpecendo que eles revendiam vinham justamente do clã Mota – Motinha seria o contato dos irmãos no negócio ilegal.

Na mesma operação que desmantelou a quadrilha dos irmãos Martins, outras duas organizações também foram alvo, uma delas tinha como cabeça o ex-piloto Ronildo Chaves Rodrigues, que morava em Minaçu (GO) e que de lá comandava o tráfico de cocaína para países da América Central. A investigação acredita que de lá os entorpecentes seguiam possivelmente para os Estados Unidos.

O terceiro chefe preso na mesma operação contra os “barões do tráfico” também morava em Dourados. Alexander Souza seria, de acordo com a PF, especializado no tráfico de cocaína pelo modal rodoviário. Ele chegou a ser alvo de outra operação da corporação federal, a Downfall, que ocorreu no ano passado, quando ainda estava no Paraná.

Segundo Carlos Henrique Cotta D’Ângelo, superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, a fronteira é o “pendão do Estado”, principalmente pelo tráfico de drogas.


Saiba


As prisões de Ronildo Chaves Rodrigues, Alexander Souza, Marcel Martins Silva e Valter Ulisses Martins ocorreram nas operações Sordidum e Prime. Eles foram descobertos pelo vínculo de amizades entre eles e pela forma de lavar 
o dinheiro do tráfico.

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JUSTIÇA

Para frear feminicídio, curso do TJMS permitirá que policiais atuem como oficiais de justiça

Policiais civis e militares treinados poderão cumprir medidas protetivas de urgência

08/04/2025 17h20

Lançamento aconteceu na sede do TJMS - (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul)

Lançamento aconteceu na sede do TJMS - (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) FOTO: Divulgação TJMS

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Nesta segunda-feira (7), o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul lançou o curso de formação de policiais civis e militares para desempenharem, em caráter temporário, funções similares a oficiais de justiça, ficando autorizados a cumprireme medidas protetivas de urgência. O lançamento marcou o início de um novo ciclo de atuação integrada entre os poderes Judiciário e Executivo no combate à violência doméstica e familiar.

A ação faz parte de um Acordo de Cooperação Técnica, firmado entre o TJMS e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), da Polícia Civil e da Polícia Militar, que pretende suprir a carência de oficiais de justiça e dar maior celeridade ao cumprimento de mandados judiciais, como intimações, afastamento do agressor do lar e mandados de prisão, previstos na Lei Maria da Penha.

Realizada pela Ejud-MS, a capacitação começa nesta terça-feira (8), e vai formar, inicialmente, 42 policiais militares, 12 policiais civis e 8 servidores ad hoc, para atuarem em Campo Grande. Ao final, os policiais que obtiverem a certificação estarão habilitados a atuar em funções análogas a de oficiais de justiça, podendo cumprir mandados judiciais nos casos em que não houver disponibilidade de oficiais do Poder Judiciário.

No lançamento do curso, o diretor-geral da Escola Judicial de MS (Ejud-MS), desembargador Marco André Nogueira Hanson, falou da importância da capacitação técnica dos policiais. “Os policiais e servidores designados que participarão deste curso não serão apenas responsáveis pela execução de mandados, mas estarão na linha de frente, desempenhando um papel vital na proteção das mulheres em momentos de extrema vulnerabilidade”.

Na ocasião, a coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, desembargadora Jaceguara Dantas da Silva, também ressaltou o caráter humanitário da iniciativa. “A capacitação busca proporcionar aos policiais um olhar mais humanizado, mais solidário, compreendendo a vulnerabilidade extrema em que essas mulheres se encontram. Essa é uma medida temporária que vai otimizar muito o trabalho do Judiciário e, principalmente, proteger as mulheres, resguardando sua integridade física, psicológica e a própria vida.”.

Também presente na cerimônia de lançamento, o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, reiterou o compromisso da gestão estadual com a proteção das mulheres, lembrando que Mato Grosso do Sul é pioneiro em ações de combate à violência doméstica, com a instalação da 1ª Casa da Mulher Brasileira e o Estado se prepara para receber mais três casas.

“Capacitar os nossos policiais militares e civis para atuarem como oficiais de justiça é muito mais do que desmistificar, é ousar, é compartilhar responsabilidades. Queremos apoiar e receber apoio. A união entre poderes e instituições transforma gargalos em soluções reais”, enfatizou o secretário.

A solenidade contou ainda com a presença do corregedor-geral de Justiça, desembargador Ruy Celso Barbosa Florence, que ressaltou os riscos enfrentados pelos profissionais envolvidos no cumprimento desses mandados. “Esse crime é complexo, tem muitas nuances, como emoções e sentimentos, e coloca em risco, muitas vezes, a vida desses policiais que atuam para combatê-lo em nome da justiça e da proteção às vítimas”.

PARCERIA

Com duração de cinco anos, o convênio entre TJMS e Governo do Estado estabelece metas, prazos, capacitação técnica e o monitoramento do cumprimento dos mandados, que devem ser executados em até 48 horas. O modelo de atuação interinstitucional adotado por Mato Grosso do Sul já é considerado referência nacional, com potencial de inspirar políticas públicas semelhantes em outros Estados.

A expectativa é de que, com a atuação dos oficiais ad hoc, o sistema de justiça se torne mais ágil e eficaz, garantindo maior proteção às mulheres e contribuindo para a redução dos índices de violência e feminicídio em todo o Estado.

NÚMEROS

Em 2024, segundo dados do Monitor da Violência Contra a Mulher, plataforma mantida em parceria entre o TJMS e o Governo do Estado, foram registrados 21.123 boletins de ocorrência de violência doméstica e mais de 17 mil medidas protetivas de urgência foram deferidas. Esses números evidenciam a necessidade urgente de soluções práticas e integradas.

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Campo Grande

Clínica de depilação a laser ignora interdição e continua vendendo pacotes

A filial, que teve as atividades suspensas na sexta-feira (4) por falta de licença sanitária e por não atender clientes, segue agendando novos atendimentos em Campo Grande

08/04/2025 16h46

Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Mesmo tendo sido interditada pela Secretaria Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor (Procon-MS), uma clínica de depilação a laser segue vendendo pacotes para a unidade da Rua Euclides da Cunha, no bairro Santa Fé, em Campo Grande (MS).

A suspensão das atividades ocorreu na sexta-feira (4), após o órgão receber diversas denúncias - entre elas, de clientes que compraram um pacote de depilação, mas não conseguiram agendar o procedimento.

Durante a fiscalização, realizada em conjunto com a Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Decon), constatou-se que o espaço está com o alvará de funcionamento e o sanitário vencidos desde 2023.

Ainda assim, em contato com a empresa, pacotes continuam sendo vendidos sem que o cliente seja informado da interdição, e seguem sendo direcionados para um salão de beleza terceirizado - apontado na denúncia do Procon-MS -, distante do local.

Uma prática que chama atenção, conforme explicou o advogado e conselheiro estadual de Defesa do Consumidor pela OAB/MS, Nikollas Pellat, que enfatizou: o cliente precisa saber o que está acontecendo.

“Eles têm a obrigação legal, prevista no princípio da informação do Código de Defesa do Consumidor, de informar os seus clientes”, disse Pellat.

Mesmo que a empresa possua outra unidade, localizada no Shopping Norte Sul Plaza, e esteja com toda a documentação em dia, o advogado reforça que a recondução dos clientes para outro espaço deve ocorrer de forma transparente.

“Agora, se eles não estão atendendo os requisitos legais para funcionamento, e estão apenas pegando os clientes e mudando de local  no intuito, digamos assim, de burlar essa suspensão das atividades, aí isso está errado. Além das questões relacionadas ao princípio da informação, eles estão descumprindo uma determinação dos órgãos de fiscalização competentes com relação ao consumo”, pontuou.

Pellat ressaltou que o consumidor que fechou um pacote após a interdição, acreditando que realizaria o procedimento no espaço da Rua Euclides da Cunha, deve procurar o Procon-MS ou a Decon.

Contratei o serviço. E agora?

Caso o cliente tenha assinado o contrato depois da interdição desta unidade, o advogado explica que é discutível, inclusive, a aplicação de multa por rescisão contratual.

“Entende-se que o consumidor teve uma quebra de confiança com a empresa. A empresa não agiu de modo a informar toda essa situação. Quebrou a confiança. Então, isso pode ser pleiteado, mas entraria numa discussão jurídica, seja via Procon ou até judicial, sobre a não cobrança de multa por quebra de confiança, devido à ausência de informação que teria levado o cliente a nem fechar o contrato”, destacou Pellat.

Venda continua

Outra prática que persiste é a terceirização do atendimento para o salão de beleza localizado na Rua Hermelita de Oliveira Gomes, a cerca de 700 metros da clínica de depilação.

Em conversa com a Polícia Civil, a reportagem do Correio do Estado apurou que a venda não é proibida, desde que os agendamentos sejam feitos para datas posteriores à regularização da situação do espaço.

O que não foi o caso, já que ao contatar a clínica foi possível agendar horário para esta terça-feira (8), às 13h. Além disso, a nova administradora tenta, por todos os meios, fechar o contrato de forma virtual, por meio do WhatsApp.

A questão do alvará é apontada como uma violação leve, passível de rápida correção. O problema constatado, segundo a Polícia Civil, foi a grande quantidade de clientes e a falta de horários disponíveis para atendimento, o chamado “overbooking”.

Quanto ao salão de beleza - que está com os alvarás em dia -, ele é "vendido" como se fosse uma filial da clínica, mas, até o momento, a polícia apurou que o local pode não fazer parte do mesmo grupo.

“Vamos ouvir o proprietário em declaração, porque, de repente, foi efetuado algum negócio e eles podem ter adquirido o salão, estando em fase de transição”, informou a Polícia Civil.

Alvará 

Ao questionar a atendente que se apresentou como nova gestora e atribuiu à anterior o vencimento da documentação, sobre a interdição do local, ela informou que a situação dos alvarás será resolvida ainda hoje.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Campo Grande para questionar a situação, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta.

A empresa também foi contatada por meio do único e-mail disponibilizado no site. No entanto, não recebemos resposta. O espaço segue aberto.

Recomendações

  • É importante que o consumidor leia o contrato;
  • Em caso de descumprimento do serviço, denuncie aos órgãos responsáveis;
  • Verifique se as informações relativas ao atendimento constam no contrato (como datas, horários e local onde o serviço será prestado).

Informações que devem constar no contrato

  • Local em que o serviço será prestado;
  • Forma de pagamento;
  • Índices de correção;
  • Cláusulas relativas à rescisão (por parte da empresa e do cliente);
  • Penalidades em caso de rescisão.

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