Artigos e Opinião

OPINIÃO

Antonio Carlos Siufi Hindo: "Pai"

Promotor de Justiça aposentado

Redação

12/08/2017 - 01h00
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No segundo domingo do mês de agosto, o nosso calendário civil reserva a data para congraçarmos com a figura importante do pai no contexto da família. O homem sempre teve a sua importância na construção da história da humanidade. Recebeu do Criador a sua inequívoca manifestação de propósito em cultuar a sua grandeza ao criá-lo sob sua imagem e semelhança. Mas, na sequência da história dos povos e das nações, outros tantos homens engrandeceram a humanidade com os seus exemplos de vida e a sua luz para iluminar os seus iguais.  

Abraão não foi apenas o homem de fé. Foi o pai da maior de todas as nações e, sobre a sua pessoa, outros povos resultaram igualmente abençoados. Com Moisés, a figura paterna resultou marcante. Foi o único ser humano a contemplar a face sacrossanta de Deus. Fora desse contexto bíblico, a vida que corre entre os nossos nacionais aponta aspectos singulares que engrandecem esse ser humano e nos remetem à certeza de que sempre será o protagonista da nossa história, da história da nossa família. Sua presença ficou marcada de forma indelével entre nós, na voz sempre suave e doce do grande cantor Fábio Jr. Ninguém cantou melhor a figura do pai do que ele. O autor da letra recebeu a inspiração divina para a construção dessa verdadeira obra de arte. Não temos como qualificá-la de forma diferente. 

A força da mensagem transmitida está na elegância sempre doce com que toca os nossos elevados sentimentos. Está também na tristeza da letra que nos sensibiliza e nos direciona para esse mesmo cometimento. Não tem ninguém que não se emociona com a sua letra e a sua interpretação. É que, na formação da letra, estão inseridas passagens e feitos maravilhosos produzidos pelos gestos humanos e civilizados. O ato de ouvir generosamente o seu rebento, aconselhando-o a caminhar pelos caminhos seguros da vida, pode ser o seu mais forte indicativo a apontar a verdadeira amizade. Sublime amizade. Imorredoura amizade. Mas não é só o que esperamos dessa pessoa. Esperamos mais.

O seu farol a iluminar a caminhada do seu conjunto familiar e o legado de honradez são as verdadeiras dádivas que precisam ser cultuadas. Não podem existir exemplos de vida mais dignos a serem legados. Essa beleza vem dessa pessoa que vamos prestar as nossas homenagens. Esse dia precioso precisa ser alegre e festivo. Não precisa resultar acompanhado necessariamente de presentes. Se eles vierem, será melhor ainda. O melhor presente é a sua presença física. A gratidão, o respeito e o amor que lhes serão tributados. As rusgas, se eventualmente existirem, precisam ser superadas com a força da nossa inteligência e do nosso discernimento para melhor interpretar os fatos que nos circundam. 

Para os pais que já não estão fisicamente entre nós, a nossa saudade imorredoura, acompanhada do tributo da nossa eterna gratidão. Aos que não estão ao nosso lado, o nosso respeito. Aqui o respeito se confunde com o próprio perdão. Ele enobrece a conduta humana. Sua evidência, demonstrada em atos concretos,  alivia o nosso fardo e nos anima a enfrentar com maior vigor as vicissitudes da vida. Essa verdade resulta inexorável. Não tem como ser contestada. Sua mais feliz expressão está na letra da música cantada por  Adoniran Barbosa em que fala da ausência sempre sentida e emocionada do pai, ao sustentar que naquela mesa está faltando ele e a saudade dele está doendo em mim. 

Com a  beleza singular dessa frase, não é preciso dizer mais nada em relação à pessoa do pai. Sobretudo, os sentimentos elegantes de pessoas sensatas e que sabem definir com clareza as agruras da vida. É assim que precisamos comemorar o Dia dos Pais. Ele deve ser  entusiasticamente festivo. Deve receber a chancela do nosso  respeito, da nossa  gratidão e do nosso amor sempre imorredouro. Mas precisa também resultar acompanhado do pedido de perdão, nos casos em que as circunstâncias ditaram outra sorte, outro rumo, outra direção. Só o perdão, diante dessas circunstâncias, pode se assemelhar com a grandeza da espécie humana. Não podemos ser eternamente os juízes duríssimos dos que se equivocaram. A vida continua. Ela tem o seu sorriso aberto e convidativo a todos os que desejarem dela usufruir os seus bons momentos. O 13 de agosto será um deles. Vamos vivê-lo intensamente.  

 

ARTIGOS

Caminhos da vida

01/03/2025 07h45

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A vida depende do caminhar de cada ser. Nesse caminhar, cada qual vai definindo seus desejos, seus planos e seus limites. Mesmo que não aceite certos deles, terá que respeitar o pensar e o agir dos demais. Nesse caminhar, haverá também uma exigência de constante purificação pessoal e social.

Nessa purificação, ninguém estará só. A humanidade estará solidária. O universo estará em comum tarefa. Tudo e todos caminharão para o eterno. Todos buscando o melhor para si. Mesmo que tenha que aceitar a contribuição dos demais, prefere enfrentar certas situações contando apenas com apenas suas forças.

Assim caminha o universo. Uns procurando caminhos. Outros se acomodando. Outros rejeitando soluções. E todos querendo uma definição. Todos buscando uma luz que lhes indique uma saída. Mesmo que não seja a mais segura, mas que seja plausível para o momento e para o fato que estaria necessitando.

Cautela! Prudência! Vigilância! Paciência! Esses são valores, são forças e são estratégias para quem esteja procurando construir o caminho que conduzirá ao Reino do céu. Justamente na Bíblia Sagrada é que encontramos tudo isso: em Lucas (Lc. 6,39-45).

Nessa passagem bíblica, encontramos diversas parábolas iluminando e clareando nossas incertezas e nossas vidas. Entre elas, destacamos aquela que revela o atrevimento do cego de querer conduzir outro cego. Possivelmente, no primeiro buraco, ambos cairão e se machucarão. Nesse caso, atrevimento, muitos poderão se ferir.

Esse atrevimento poderá encontrar coordenadores de movimentos, de comunidades de fé, coordenadores de grupos sociais. Atrevem-se a se mostrar seguros quando, na realidade, são atrevidos em suas iniciativas.
Mas certos momentos, ou certas iniciativas despertavam a ganância e aguçavam a vaidade. Queriam sempre mais. Muito difícil se contentar com o que lhe era passado. Mas o Mestre não perdia a oportunidade e mostrava claramente o lugar de cada um e o perigo de querer julgar.

O julgamento pertence só a Deus. Mas em toda parte existem os que se julguem suficientemente competentes a emitir sentenças e determinar rumos e efeitos. Então, o Mestre é muito claro ao afirmar que, “antes de tirar o cisco que há no olho de seu irmão, tire a trave que está no seu”.

Somente depois poderá analisar e ver qual atitude poderá tomar. Será oportuno lembrar que, quanto mais quisermos julgar os demais, mais difícil será reconhecer os erros pessoais. Antes de juízes, seria bem mais sensato nos colocarmos como réus. E a humildade revelará o quanto somos frágeis.

Creio que seja a hora de colocar a mão no coração, sentir seu pulsar e fazer com que pulse mais suave e mais moderado, revelando humildade, delicadeza e solidariedade. Pois já é hora de ter um coração mais sensível à dor humana e ao apelo de Deus a conclamar para um amor mais humano e mãos mais divinas.

Creio que já é hora de olhar a vida com mais ternura. Já é hora de agir com mais humildade, usando palavras mais justas, abraçando as causas mais verdadeiras e comungando os sentimentos mais divinos.

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ARTIGOS

Trump, imigração e a ONU

01/03/2025 07h15

Arquivo

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A política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo e controverso, especialmente com a retomada do mandato de Donald Trump. O discurso anti-imigração do presidente eleito tem gerado preocupações sobre os impactos na economia, na sociedade e nos direitos humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem defendido a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis.

A política de Trump de deportação em massa e a construção de um muro na fronteira com o México são exemplos de como o discurso anti-imigração pode levar a medidas que violam os direitos humanos. A separação de famílias na fronteira e a restrição de entrada de cidadãos de determinados países também demonstram a priorização de barreiras nacionais e a exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Isso é contraditório com os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) de 1948, que asseguram que todos os indivíduos têm direitos inalienáveis, independentemente de nacionalidade, raça ou condição migratória.

A ONU defende que os imigrantes e refugiados têm direito a buscar asilo em outros países para fugir da perseguição e que devem ser tratados com dignidade e respeito. No entanto, as políticas de Trump têm enfraquecido esse direito, como a política de Remain in Mexico, que obrigava solicitantes de asilo a permanecerem no México enquanto aguardavam o processamento de seus pedidos. Isso os expunha a condições precárias e perigosas, em contradição com os padrões internacionais de proteção humanitária.

Além disso, a economia dos Estados Unidos depende da mão de obra imigrante. A chegada dos imigrantes na América do Norte em busca de oportunidades impulsionou a infraestrutura e a inovação do país, trazendo impactos positivos para a economia. Segundo o relatório Efeitos do Aumento da Imigração no Orçamento Federal e na Economia, divulgado pelo Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO), o aumento da imigração no país pode trazer mudanças no Produto Interno Bruto (PIB), na inflação, nos juros e no orçamento dos EUA.

A mão de obra imigrante é um fator de dependência dos Estados Unidos. Com a escassez de mão de obra qualificada especialmente nas áreas de saúde, tecnologia e construção civil, os imigrantes assumem essas funções, desempenhando papéis fundamentais em diversos setores da economia. A agricultura, por exemplo, necessita de trabalhadores para manter o abastecimento interno e as exportações. Já na área da saúde, os imigrantes ocupam postos de enfermeiros, assistentes domiciliares e médicos.

Em resumo, a política de imigração nos Estados Unidos é um tema complexo que envolve direitos humanos, economia e sociedade. A ONU defende a dignidade e a igualdade como pilares da convivência global, enquanto as ações de Trump priorizam a soberania nacional, muitas vezes em detrimento dos direitos de populações vulneráveis. É fundamental que se encontre um equilíbrio entre a proteção dos direitos humanos e a gestão da imigração para que se possa construir uma sociedade mais justa e inclusiva.

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