Artigos e Opinião

ARTIGOS

Criar um observatório internacional no Pantanal

Continue lendo...

Em termos de preservação do santuário denominado Pantanal, mundialmente conhecido, estamos engatinhando, tal qual a fábula do beija-flor que combatia um incêndio na floresta com a água que transportava em seu minúsculo bico. Assistimos, estarrecidos, ao gigantesco incêndio que dizimou inúmeras espécies de vida animal e vegetal, muitas das quais foram extintas dada a magnitude do desastre, o qual, segundo comentários, pode ter origem em ações criminosas.

Um espetáculo dantesco que deixou a população das comunidades do entorno do Pantanal desolada, a tudo assistindo sem nada poder fazer. Nos sentimos impotentes diante de tamanha catástrofe. O coração dos pantaneiros residentes em Corumbá e Ladário era dilacerado pela total falta de estrutura para enfrentar o maior incêndio já registrado na história do nosso santuário.

Uma equipe de seis bombeiros, partindo de Corumbá em uma pequena chalana, subia o Rio Paraguai com uma missão impossível: salvar o nosso Pantanal.

Foram dias de agonia. Os heroicos bombeiros faziam o papel do beija-flor, tentando apagar um incêndio de dimensões incomensuráveis. Eles se emocionavam ao narrar o desespero de tantos animais sendo abatidos pelo implacável incêndio. O governo federal demorou muito para tomar providências, e a ajuda chegou por intermédio dos homens do Corpo de Bombeiros do Paraná. Porém, apesar da luta para combater o gigantesco incêndio, muito pouco pôde ser salvo.

Uma providência que poderia ser tomada pelo Ministério do Meio Ambiente seria a criação de um observatório dotado de equipamentos de alta tecnologia e com pessoal capacitado, envolvendo engenheiros florestais, biólogos, polícia ambiental, veterinários, bombeiros, empresários e colaboradores da pecuária. Além, é claro, de cientistas nacionais e estrangeiros, formando uma plêiade de homens e mulheres com a missão de implantar um posto de tecnologia avançada de proteção ao Pantanal.

Alguns certamente dirão: o Brasil não tem recursos orçamentários para um projeto ambicioso como esse, que mais parece um sonho. Não podemos esquecer que um sonho, para se tornar realidade, deve ser sonhado em conjunto – governo e povo. 

O mundo todo está com as suas atenções voltadas para a preservação do meio ambiente. Países reconhecidamente ricos não se negariam a patrocinar um projeto como esse, em uma região que hoje já se mostra em situação de risco.

Compete aos nossos gestores políticos envidar esforços junto ao Ministério do Meio Ambiente para dar início à elaboração de um projeto capaz de atender às necessidades da preservação do nosso santuário chamado Pantanal. A imprensa, que é sem dúvida nenhuma o quarto poder, pode entrar nessa luta para valer, assim como a sociedade organizada, por meio de suas lideranças.

Assine o Correio do Estado

Editorial

A melhor ajuda para a Santa Casa

O dinheiro, por si só, não basta. Ao receber esses recursos, é essencial que a Santa Casa também demonstre um compromisso claro com uma gestão mais eficiente

09/04/2025 07h15

Arquivo

Continue Lendo...

O anúncio de R$ 25 milhões para a Santa Casa de Campo Grande, vindos de emendas parlamentares do Orçamento da União redirecionadas ao hospital, foi celebrado como um alívio. Um gesto político importante, que uniu forças de diferentes frentes em prol de uma instituição que presta serviços essenciais para a população sul-mato-grossense. Um ato nobre, sem dúvida. Porém, como costuma acontecer, o tempo entre o discurso e o depósito bancário parece longo demais para quem vive a realidade da emergência hospitalar.

Nesta edição, mostramos que, embora o valor tenha sido anunciado com pompa, ele ainda não chegou à conta da Santa Casa. A expectativa é que o repasse ocorra apenas na segunda quinzena deste mês. Até lá, as dificuldades continuam, os atendimentos se mantêm em ritmo de urgência e o risco de colapso ainda ronda os corredores da instituição. A distância entre o anúncio e a realidade precisa ser encurtada. Afinal, saúde não pode esperar.

Mas o dinheiro, por si só, não basta. É essencial que, ao receber esses recursos, a Santa Casa também demonstre um compromisso claro com uma gestão mais eficiente. Os problemas financeiros do hospital não são recentes e, em grande parte, se devem a más decisões administrativas acumuladas ao longo dos anos. Por isso, o repasse deve ser acompanhado de medidas concretas de reestruturação.

O primeiro passo, como já apontado por especialistas e membros do corpo diretivo da Santa Casa, é renegociar as dívidas com os bancos. Não se pode falar em recuperação sem reequilibrar minimamente as finanças. Condições mais vantajosas, prazos alongados e juros mais baixos são indispensáveis. O segundo passo é ainda mais delicado, mas necessário: responsabilizar gestões anteriores por negócios malfeitos, que empurraram o hospital para uma dívida quase impagável.

Transparência também precisa ser palavra de ordem. Quanto se gasta com fornecedores que atuam em atividades-meio e que nada têm a ver com a função hospitalar? É justo que a população e os órgãos de controle saibam para onde vai cada centavo. A dúvida sobre esses contratos paira e precisa ser respondida com dados e clareza. Em tempos de crise, cada real desperdiçado significa um atendimento a menos, um paciente desassistido.

Do lado de fora do hospital, a responsabilidade também recai sobre os gestores públicos. Se há um compromisso com a Santa Casa, que ele não se limite a anúncios. É obrigação do poder público repassar os recursos em dia, conforme combinado. Atrasos e burocracias não combinam com a urgência de quem está internado ou aguardando atendimento.

A Santa Casa não precisa apenas de socorro financeiro: precisa de compromisso, de cobrança e, acima de tudo, de ser tratada como prioridade permanente, e não apenas em momentos de comoção. A saúde pública agradece. E a sociedade cobra.

Assine o Correio do Estado

EDITORIAL

Oportunismo na contramão da BR-163

A BR-163 não precisa de mais palanques. Precisa de asfalto, segurança e fluidez. A tentativa de melar a relicitação não é apenas inoportuna, é irresponsável

08/04/2025 14h02

Arquivo

Continue Lendo...

Após quase seis anos de indefinição, disputas e paralisia, a BR-163, principal eixo rodoviário de Mato Grosso do Sul, finalmente entrou em rota de solução com a relicitação. O novo plano apresentado prevê, de maneira realista e tecnicamente viável, a retomada das obras e a duplicação de mais 200 quilômetros da estrada.

No entanto, justamente no momento em que a esperança se renova, parlamentares estaduais e vereadores de Campo Grande parecem empenhados em sabotar o avanço. Em um movimento pouco compreensível, uniram-se em audiência pública para questionar e tentar travar um processo que demorou anos para ser alinhado.

A audiência pública realizada nesta semana, que reuniu representantes do Legislativo estadual e municipal, trouxe mais confusão do que contribuição. É legítimo debater os interesses da população, mas a forma como o evento foi conduzido levanta dúvidas sobre o real entendimento dos parlamentares quanto à complexidade de um processo de relicitação de rodovia federal.

Elaborar um novo contrato dentro das normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e com critérios técnicos e jurídicos bem definidos leva tempo, exige estudos, cálculos de viabilidade e articulação política de alto nível.

Interferir nesse ponto do processo é como tentar mudar o projeto quando a concretagem da obra já começou. A impressão que fica é que nossos representantes locais ignoram a máxima de que é melhor um pássaro na mão do que dois voando.

Temos, nesse momento, uma proposta concreta em mãos, com previsão de investimento e um cronograma definido. Porém, movidos por ambição eleitoral ou discursos populistas, preferem mirar em um cenário idealizado e incerto.

Apostam na instabilidade, talvez por acreditar que isso possa render dividendos políticos no ano que vem. Afinal, muitos eleitores sequer compreendem que concessões de rodovias federais são de competência da União, não do Legislativo estadual ou municipal.

Se os nobres parlamentares estivessem de fato comprometidos com a duplicação da rodovia, teriam se envolvido no processo desde o início. Em janeiro deste ano, por exemplo, a ANTT realizou audiência pública para discutir os termos da nova concessão.

Onde estavam os deputados e vereadores que hoje se apresentam como paladinos da rodovia? Alegam que não foram convidados formalmente. Ora, era mesmo necessário um convite para um tema que impacta diretamente a vida da população do Estado e que já estava amplamente divulgado?

Quando a política entra para tumultuar, e não para construir, os prejuízos recaem sobre quem depende da rodovia todos os dias – caminhoneiros, empresários, produtores rurais e cidadãos comuns. A BR-163 não precisa de mais palanques.

Precisa de asfalto, segurança e fluidez. A tentativa de melar a relicitação, neste momento, não é apenas inoportuna, é irresponsável. Que os parlamentares recuem desse oportunismo e se alinhem ao interesse coletivo.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail marketing@correiodoestado.com.br na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).