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O fotojornalista e sua decadência

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A história do fotojornalismo é uma narrativa rica e multifacetada, refletindo a evolução da tecnologia e das demandas sociais ao longo das décadas.

Desde os primeiros dias da fotografia, em que as imagens eram capturadas em preto e branco, até a era digital que vivenciamos hoje, a profissão do fotojornalista passou por transformações profundas e complexas.

Nos primórdios do fotojornalismo, a fotografia em preto e branco era a norma. O fotojornalista, equipado com uma câmera de filme e um rolo de película, tinha que capturar a essência dos eventos de maneira concisa e precisa.

A revelação e o processo de impressão eram exigentes, demandando habilidade técnica e uma boa dose de paciência. A imagem em preto e branco, embora estilisticamente marcante, limitava a representação visual da realidade. As nuances de cor e a riqueza dos detalhes visuais eram apenas sugestões no jogo de luz e sombra.

Com o advento da fotografia em cores, a narrativa visual do fotojornalismo começou a mudar dramaticamente. O filme colorido trouxe uma nova dimensão à imagem, permitindo uma representação mais fiel da realidade e oferecendo ao público uma experiência mais rica e imersiva.

A transição para o cromo, ou filme slide, também ofereceu uma maior saturação e contraste, aumentando a dramaticidade das imagens e a capacidade de capturar momentos com um impacto visual mais forte. No entanto, essa evolução tecnológica não veio sem seus desafios.

A fotografia em cores exigia maior cuidado na exposição e no desenvolvimento, o que aumentava o custo e a complexidade do trabalho.

A verdadeira revolução, contudo, chegou com o advento da fotografia digital. A introdução das câmeras digitais transformou radicalmente o campo do fotojornalismo. A capacidade de visualizar as imagens instantaneamente e a possibilidade de editar e ajustar as fotos com facilidade revolucionaram a prática.

A fotografia digital não só simplificou o processo técnico, mas também permitiu uma maior flexibilidade criativa e eficiência na produção. Com o armazenamento digital, a necessidade de filmes e produtos químicos foi eliminada, o que facilitou a experimentação e a inovação.

No entanto, a era digital também trouxe novos desafios. A popularização dos smartphones e a crescente proliferação de mídias digitais alteraram significativamente o panorama do fotojornalismo. A facilidade com que qualquer pessoa pode capturar e compartilhar imagens significativas levou a uma saturação de conteúdo visual, o que tornou mais difícil para os fotojornalistas profissionais se destacarem.

A qualidade das imagens geradas por celulares, embora em constante melhoria, ainda não iguala a de câmeras profissionais, mas a quantidade e a acessibilidade dessas imagens mudaram a dinâmica da profissão.

A ascensão das mídias digitais também impactou a indústria jornalística de maneira ampla. O fechamento de inúmeros jornais impressos é um reflexo das mudanças nos hábitos de consumo de notícias e da migração para plataformas on-line.

O modelo de negócios dos jornais tradicionais, baseado em assinaturas e publicidade impressa, foi severamente desafiado pela oferta gratuita e instantânea de notícias e imagens na internet. Esse fenômeno resultou em uma diminuição significativa do número de empregos no setor de fotojornalismo, à medida que os jornais reduziram suas equipes e cortaram custos.

Os fotojornalistas hoje enfrentam um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e incerto. A necessidade de se adaptar a novas plataformas digitais e formatos de mídia é constante, e muitos profissionais têm que lidar com a pressão para produzir conteúdo de alta qualidade em um ambiente em que a velocidade muitas vezes se sobrepõe à profundidade e ao rigor jornalístico.

Além disso, o modelo de negócios em que a maioria das notícias é distribuída gratuitamente on-line também afetou a remuneração e a sustentabilidade das carreiras dos fotojornalistas.

Em suma, a trajetória do fotojornalismo, desde os dias do preto e branco até a era digital, é uma história de inovação e adaptação. As transformações tecnológicas trouxeram tanto oportunidades quanto desafios, refletindo a evolução das práticas e das expectativas no campo do jornalismo visual.

O fotojornalista de hoje deve navegar em um mundo onde a tecnologia e a economia estão em constante mudança, mantendo o compromisso com a captura e a comunicação da verdade visual em um panorama midiático em rápida transformação.

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A importância da neuroeducação no processo de aprendizado

04/04/2025 07h45

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Lembra quando você era bem pequeno e perguntava para sua mãe se poderia ir a uma festa? Ela dizia que não, você logo retrucava com um “Mas, mãe, todo mundo vai” e ela falava “Você não é todo mundo”. E não é mesmo, cada pessoa tem um estilo de aprendizagem único, afinal, aprender é um processo criativo, e esse processo, muitas vezes, é dificultado por alguns sabotadores, que são comportamentos que adquirimos na infância a fim de termos necessidades emocionais atendidas.

É importante conhecer quem eles são, quais deles se manifestam com maior frequência e perceber quando estão agindo, pois são pensamentos persistentes. Eles nada mais são do que “travas” internas que impedem ou dificultam o aprendizado, e com algumas técnicas de neuroeducação é possível descobrir o motivo destas “travas”. É preciso notar quem é o responsável por elas, empatizar-se, explorar os desejos, navegar pelos valores e inovar, ou seja, agir.

Entre esses sabotadores está a vítima, que sempre fala que não é compreendida por ninguém. O inquieto, que só quer fazer coisas legais, o perfeccionista, que acredita que nada está bom, que poderia fazer sempre melhor, o hipervigilante, que tem tanto medo de falar que nem se arrisca; o hiper-realizador, que quer ocupar as 24 horas do dia, sem descanso, e outros cinco sabotadores, como o hiper-racional, o controlador, o procrastinador, o servil e o crítico.

Por natureza, o ser humano é naturalmente inquieto por aprender, e isso está em nosso DNA. Hoje em dia, há uma quantidade absurda de informações disponíveis, e nessa cobiça de saber um pouco de tudo vamos acumulando conhecimento que, muitas vezes, vão apenas ocupar espaço mental, sem que os coloquemos realmente em prática. Conhecimento não é necessariamente poder, conhecimento é poder em potencial, pois se não é colocado em prática, ou não é usado, ele é simplesmente o mesmo que não saber.

Por isso, a neuroeducação, uma área de estudo que integra a neurociência, a psicologia, a andragogia e as ciências cognitivas, é tão importante para otimizar o processo de aprendizagem. Ela tem a capacidade de impactar não apenas a vida pessoal, mas também a financeira, a saúde e até mesmo os relacionamentos. Ela está intimamente ligada à autoestima, uma ferramenta necessária para se arriscar ou agir perante o medo.

Com a autoestima elevada, é possível lidar com ele de maneira efetiva. A neuroeducação ajuda a entender como o nosso cérebro aprende, memoriza e processa informações. Com esse conhecimento, fica mais fácil criar métodos de ensino que realmente funcionam, deixando o aprendizado mais eficiente e até mais divertido.

Somos seres naturalmente procrastinadores e acabamos deixando para depois aquilo que pode ser feito antes, e isso acontece porque nosso cérebro tem sua lei máxima, a LME, Lei do Mínimo Esforço, formando uma trilha neurológica cada vez que repetimos um comportamento e deixando esse caminho cada vez mais fácil e rápido de ser percorrido. Por isso é tão difícil, às vezes, mudarmos um comportamento que já sabemos que é nocivo. Afinal, aquele caminho já está tão fácil e rápido de percorrer e requer tão pouco esforço do cérebro que acabamos por repeti-lo automaticamente.

A mudança de comportamento requer a construção de uma nova trilha, começando do zero. Há até um conto chinês que diz que cada um de nós tem dois cachorros, o mau e o bom, e aquele que for mais bem alimentado vencerá a batalha. Com os nossos comportamentos ocorre a mesma coisa.

Aprender é algo que nos deixa extremamente vulneráveis porque entramos em contato com as nossas crenças mais limitantes, sentimo-nos sozinhos e achamos que só nós estamos passando por aquela dificuldade. Às vezes, sentimo-nos incapazes e até incompetentes. E é aí que a neuroeducação entra em campo, afinal, o aprendizado é um processo desafiador, mas não impossível.

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Lula e o efeito Joe Biden

04/04/2025 07h15

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A mais recente divulgação da pesquisa Quaest aponta um novo crescimento da desaprovação popular em relação ao governo Lula. Trata-se da primeira vez nesse mandato que o atual presidente ultrapassa a linha dos 50% em rejeição. Segundo a pesquisa, os grupos que, proporcionalmente, mais votaram em Lula, em 2022, estão liderando o crescente descontentamento, que já vem em ascensão desde 2024.

Embora o governo apresente alguns números atraentes no campo da macroeconomia, como crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos dois últimos anos, desemprego com escalas históricas de redução e aprovação da Reforma Tributária, o maior problema é que a inflação está corroendo os ganhos dos trabalhadores. Assim como nos EUA, a onda progressista não está conseguindo transformar a vida dos trabalhadores como ocorreu décadas atrás.

Desse modo, o Partido dos Trabalhadores (PT) vem seguindo uma cartilha similar aos Democratas nos EUA, criando uma narrativa progressista em nome da justiça social, mas sofrendo uma séria crítica desses próprios grupos, que se encontram em mutação, após os efeitos geopolíticos da Covid-19 acelerarem a mudança de eixo econômico do Atlântico para o Pacífico. Os trabalhadores mudaram de perfil, religião e hábitos, e esses partidos históricos não estão conseguindo acompanhá-los.

Percorrendo uma idade mais avançada, com dificuldades de interlocução junto ao Congresso, Lula tem desafios para repetir seus últimos mandatos, pois não conta com o boom das commodities (2003-2008) e nem com um Congresso mais conservador como agora. Seu antigo rival, o PSDB, fazia um tipo de oposição mais moderada até 2014, quando o então candidato à Presidência, Aécio Neves, contestou a vitória eleitoral de Dilma Rousseff.

Ademais, não se constata um aumento da produtividade do trabalhador brasileiro capaz de aumentar seu poder de compra mediante seu desenvolvimento. A política de cotas e bolsas encontra-se em seu limite, chegando ao ponto de financiar estudantes que optem por fazer o curso de licenciatura, tamanho o desinteresse popular frente à educação.

Nas últimas eleições norte-americanas, muitos contestavam a possibilidade de Trump voltar ao poder, pois os principais números estavam nas mãos de Joe Biden. Entretanto, no mundo de hoje, não basta mais ter emprego para usufruir de uma qualidade razoável de vida. Sem contar que poucos empregos estão surgindo com um alto valor agregado. O resultado disso é uma massificação de emprego sem a perspectiva de um projeto de desenvolvimento. Isso se reflete tanto no enfraquecimento da política externa quanto na política interna. Latente quanto a sua ineficiência para mudar a atual tendência de desaprovação, Lula deverá aumentar seus projetos de transferência de renda em um ambiente confuso no saldo das contas públicas.

O resultado já é esperado: aumento da dívida pública, enfraquecimento do poder de compra da classe média e gastos ineficazes. Apesar disso tudo, Lula ainda é o favorito em 2026, pois se a esquerda está sem rumo, a direita ainda não desatracou do porto. Logo mais, com uma provável condenação de Bolsonaro, um novo nome possa surgir para se contrapor ao lulopetismo.

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