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Real valorizado: menos juros e mais crescimento

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Em uma economia emergente como a do Brasil, a valorização do real é a ferramenta correta para conter a inflação. Utilizar altos juros para esse fim significa um remédio amargo que, além de aumentar os custos financeiros sobre os produtos, causa sequelas.

De janeiro a junho deste ano, por conta dos juros elevados, houve 1.014 pedidos de recuperação judicial por parte de empresas.

Além das críticas direcionadas ao presidente do Banco Central (Bacen), Roberto Campos Neto, pelos juros altos, é importante observar que, ao promover a desvalorização do real, ele está contribuindo para a alta da inflação.

Há evidências de que o mercado tem manipulado a alta do dólar com o intuito de também elevar a inflação. Ademais, entre maio e agosto de 2024, o Bacen aumentou nossas reservas cambiais em US$ 19 bilhões, o que contribuiu para a subida do dólar e, consequentemente, da inflação.

Nesse cenário, o presidente do órgão parece estar mais a serviço do mercado financeiro do que da sociedade.
Se não fosse isso, ele, em vez de aumentar as reservas cambiais, estaria reduzindo parte delas para valorizar o real e, assim, diminuir a inflação.

Campos Neto promove a alta inflacionária com a desvalorização da nossa moeda e, em seguida, dissimuladamente usa o álibi da inflação para justificar a manutenção da taxa básica de juros (Selic) elevada, satisfazendo parceiros do mercado financeiro sua origem e seu provável futuro.

Quanto à valorização do real ser danosa às exportações, não é verdade, pois não afeta os resultados das vendas para o exterior, uma vez que elas são realizadas em dólares.

A rigor, reduz os custos com a logística e os insumos importados, enquanto os ativos em dólares dos exportadores também valorizam, contribuindo para que nossa economia se torne uma das mais sustentáveis do mundo.

Ao reduzir nossas reservas cambiais em US$ 100 bilhões para o pagamento de parte da dívida pública federal, ainda manteríamos montante superior ao das quatro maiores economias europeias juntas.

Isso, além de reduzir a dívida pública, seria suficiente para colocar em pouco tempo o dólar abaixo de R$ 4,50, o que promoveria a queda da inflação para a meta de 3% em cerca de oito meses.

É recomendável manter as nossas reservas cambiais em, no máximo, 12% do PIB, o que favorece sua valorização e, por consequência, impede a alta da inflação e melhora nossa posição no ranking mundial. Caso Gabriel Galípolo venha a ser o presidente do Bacen e adote a estratégia de substituir juros altos pela valorização do real no combate à inflação, os investidores estrangeiros se interessariam por colocar mais dinheiro no Brasil, porque obteriam lucros em suas operações, como ocorreu no governo anterior de Lula, quando o real passou de R$ 3,54 por dólar, em 2003, para R$ 1,66, em 2010.

Não é compreensível que os investidores estrangeiros ainda acreditem na estratégia de Campos Neto e do mercado financeiro de promover previsões pessimistas sobre o crescimento do PIB brasileiro e, assim, inibir o ingresso de dólares na economia nacional para promover a queda da inflação. Para o bem do Brasil, no combate à inflação, o real valorizado é a solução!

Editorial

A melhor ajuda para a Santa Casa

O dinheiro, por si só, não basta. Ao receber esses recursos, é essencial que a Santa Casa também demonstre um compromisso claro com uma gestão mais eficiente

09/04/2025 07h15

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O anúncio de R$ 25 milhões para a Santa Casa de Campo Grande, vindos de emendas parlamentares do Orçamento da União redirecionadas ao hospital, foi celebrado como um alívio. Um gesto político importante, que uniu forças de diferentes frentes em prol de uma instituição que presta serviços essenciais para a população sul-mato-grossense. Um ato nobre, sem dúvida. Porém, como costuma acontecer, o tempo entre o discurso e o depósito bancário parece longo demais para quem vive a realidade da emergência hospitalar.

Nesta edição, mostramos que, embora o valor tenha sido anunciado com pompa, ele ainda não chegou à conta da Santa Casa. A expectativa é que o repasse ocorra apenas na segunda quinzena deste mês. Até lá, as dificuldades continuam, os atendimentos se mantêm em ritmo de urgência e o risco de colapso ainda ronda os corredores da instituição. A distância entre o anúncio e a realidade precisa ser encurtada. Afinal, saúde não pode esperar.

Mas o dinheiro, por si só, não basta. É essencial que, ao receber esses recursos, a Santa Casa também demonstre um compromisso claro com uma gestão mais eficiente. Os problemas financeiros do hospital não são recentes e, em grande parte, se devem a más decisões administrativas acumuladas ao longo dos anos. Por isso, o repasse deve ser acompanhado de medidas concretas de reestruturação.

O primeiro passo, como já apontado por especialistas e membros do corpo diretivo da Santa Casa, é renegociar as dívidas com os bancos. Não se pode falar em recuperação sem reequilibrar minimamente as finanças. Condições mais vantajosas, prazos alongados e juros mais baixos são indispensáveis. O segundo passo é ainda mais delicado, mas necessário: responsabilizar gestões anteriores por negócios malfeitos, que empurraram o hospital para uma dívida quase impagável.

Transparência também precisa ser palavra de ordem. Quanto se gasta com fornecedores que atuam em atividades-meio e que nada têm a ver com a função hospitalar? É justo que a população e os órgãos de controle saibam para onde vai cada centavo. A dúvida sobre esses contratos paira e precisa ser respondida com dados e clareza. Em tempos de crise, cada real desperdiçado significa um atendimento a menos, um paciente desassistido.

Do lado de fora do hospital, a responsabilidade também recai sobre os gestores públicos. Se há um compromisso com a Santa Casa, que ele não se limite a anúncios. É obrigação do poder público repassar os recursos em dia, conforme combinado. Atrasos e burocracias não combinam com a urgência de quem está internado ou aguardando atendimento.

A Santa Casa não precisa apenas de socorro financeiro: precisa de compromisso, de cobrança e, acima de tudo, de ser tratada como prioridade permanente, e não apenas em momentos de comoção. A saúde pública agradece. E a sociedade cobra.

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EDITORIAL

Oportunismo na contramão da BR-163

A BR-163 não precisa de mais palanques. Precisa de asfalto, segurança e fluidez. A tentativa de melar a relicitação não é apenas inoportuna, é irresponsável

08/04/2025 14h02

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Após quase seis anos de indefinição, disputas e paralisia, a BR-163, principal eixo rodoviário de Mato Grosso do Sul, finalmente entrou em rota de solução com a relicitação. O novo plano apresentado prevê, de maneira realista e tecnicamente viável, a retomada das obras e a duplicação de mais 200 quilômetros da estrada.

No entanto, justamente no momento em que a esperança se renova, parlamentares estaduais e vereadores de Campo Grande parecem empenhados em sabotar o avanço. Em um movimento pouco compreensível, uniram-se em audiência pública para questionar e tentar travar um processo que demorou anos para ser alinhado.

A audiência pública realizada nesta semana, que reuniu representantes do Legislativo estadual e municipal, trouxe mais confusão do que contribuição. É legítimo debater os interesses da população, mas a forma como o evento foi conduzido levanta dúvidas sobre o real entendimento dos parlamentares quanto à complexidade de um processo de relicitação de rodovia federal.

Elaborar um novo contrato dentro das normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e com critérios técnicos e jurídicos bem definidos leva tempo, exige estudos, cálculos de viabilidade e articulação política de alto nível.

Interferir nesse ponto do processo é como tentar mudar o projeto quando a concretagem da obra já começou. A impressão que fica é que nossos representantes locais ignoram a máxima de que é melhor um pássaro na mão do que dois voando.

Temos, nesse momento, uma proposta concreta em mãos, com previsão de investimento e um cronograma definido. Porém, movidos por ambição eleitoral ou discursos populistas, preferem mirar em um cenário idealizado e incerto.

Apostam na instabilidade, talvez por acreditar que isso possa render dividendos políticos no ano que vem. Afinal, muitos eleitores sequer compreendem que concessões de rodovias federais são de competência da União, não do Legislativo estadual ou municipal.

Se os nobres parlamentares estivessem de fato comprometidos com a duplicação da rodovia, teriam se envolvido no processo desde o início. Em janeiro deste ano, por exemplo, a ANTT realizou audiência pública para discutir os termos da nova concessão.

Onde estavam os deputados e vereadores que hoje se apresentam como paladinos da rodovia? Alegam que não foram convidados formalmente. Ora, era mesmo necessário um convite para um tema que impacta diretamente a vida da população do Estado e que já estava amplamente divulgado?

Quando a política entra para tumultuar, e não para construir, os prejuízos recaem sobre quem depende da rodovia todos os dias – caminhoneiros, empresários, produtores rurais e cidadãos comuns. A BR-163 não precisa de mais palanques.

Precisa de asfalto, segurança e fluidez. A tentativa de melar a relicitação, neste momento, não é apenas inoportuna, é irresponsável. Que os parlamentares recuem desse oportunismo e se alinhem ao interesse coletivo.

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