O governo de Mato Grosso do Sul acerta ao apostar em uma parceria público-privada (PPP) para o Hospital Regional de Campo Grande. A proposta tem como objetivo garantir mais eficiência ao atendimento de saúde pública, setor que há décadas enfrenta limitações estruturais e operacionais em todo o País. O modelo, se bem conduzido, pode representar um passo significativo na entrega de serviços de qualidade à população, reduzindo gargalos históricos.
Em um cenário ideal, municípios e a própria União também deveriam demonstrar coragem e responsabilidade para propor planos que elevem o padrão de atendimento na saúde pública. O que se vê, muitas vezes, é uma paralisia causada pelo medo do novo — ou pior, pela incapacidade de abrir mão de estruturas que alimentam ineficiências e desperdícios. A experiência sul-mato-grossense pode e deve servir de referência nacional.
O problema é que, enquanto se constrói a promessa de um novo modelo de gestão, a realidade impõe urgência. O corpo humano não pode esperar. Emergências médicas não seguem o tempo das licitações públicas, que, ainda que necessárias para garantir transparência e justiça nos contratos, também trazem morosidade nas aquisições essenciais, como medicamentos e equipamentos.
Nesta edição, o leitor encontrará informações preocupantes sobre a atual situação do Hospital Regional. A unidade, que deveria ser referência, opera com carência de equipamentos básicos, como aparelhos de raios X. Mais grave ainda é a escassez de monitores cardíacos em leitos de unidade de tratamento intensivo (UTI), colocando em risco pacientes em estado crítico.
O Estado promete solucionar esses problemas antes da formalização da PPP, e é essencial que assim o faça. Não há justificativa para que vidas fiquem em risco em nome da transição administrativa. A falta de estrutura, principalmente em unidades de alta complexidade, não pode ser tolerada sob qualquer argumento.
Eficiência administrativa na gestão pública não é apenas gastar menos, mas, sim, entregar mais e melhor. É garantir que o cidadão tenha acesso a serviços de saúde de qualidade, com agilidade e segurança. É inadmissível que uma unidade hospitalar de referência funcione com deficiências tão elementares.
Espera-se que os ajustes prometidos sejam realizados com urgência e responsabilidade. Que o modelo de PPP, quando implementado, não apenas corrija as falhas, mas sirva de exemplo do que é possível alcançar quando a gestão pública atua com planejamento, transparência e foco no bem-estar da população. O Hospital Regional tem potencial para se tornar esse exemplo – e o cidadão tem o direito de cobrar que assim seja.



