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Verdade, onde estás e com quem andas?

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A busca pela verdade clara, cristalina e soberana sempre foi o grande tormento do ser humano. Essa inquietação teima em não conhecer seu fim. Nos dias que correm, recrudesceu ainda mais, com as notícias falsas que abundam nas redes sociais.

As insídias, na sua interpretação mais ampla, são o seu embrião sórdido, porque plantam as discórdias e criam os dissabores. 
Mas essas linhas não estão focadas apenas nas ações praticadas em épocas recuadas da nossa história, por atores diferentes e que já foram julgados pelos espetáculos de horror que produziram.

Os doutores em História já os sentenciaram. Suas decisões já estão esculpidas nos seus livros. Mas a sua essência nos fornece exemplos sólidos para construirmos um outro raciocínio sem nenhuma eiva de dúvidas ou vícios insanáveis sobre outros fatos que são desnudados nos dias que correm. A última eleição presidencial, dita “democrática”, na vizinha Venezuela é sua evidencia maior. 

A gritaria de um povo inteiro em busca da verdade desnudada pelas urnas ainda não foi suficiente para destruir a mentira evidenciada pelo resultado oficial do pleito presidencial, que afrontou as inteligências no mundo inteiro.

As atas que não foram divulgadas para a comunidade internacional para aferir o resultado do pleito colocam a verdade no paredão de fuzilamento.

É a própria nota de culpa passado pelo ditador. A polêmica está instalada com evidente prejuízo para todos. Algo abominável. O nosso chanceler Mauro Vieira fracassou em buscar a verdade nas negociações que encetou.

O conselheiro para assuntos internacionais do governo brasileiro, Celso Amorim, ainda conseguiu produzir um trabalho indecente. Indicou uma espécie de segunda eleição, um segundo turno para evitar um atrito maior. 

Barão do Rio Branco, o patriarca da nossa chancelaria, deve ter remoído o seu esqueleto em seu sarcófago. O indicativo absurdo foi refutado pela líder da oposição com um argumento simples, ao sustentar que, se fosse dada guarida a essa pretensão, teríamos uma segunda, terceira, quarta e quinta eleição sem que a verdade fosse apresentada.

Vergonha! O nosso governante dispensou os indicativos, mas foi tímido. Não reconheceu a vitória e disse que aguardaria as atas para seu ulterior posicionamento. O presidente da República mostrou uma liderança questionável.

A amizade com ditadores pode ser uma escolha sua. Ninguém tem o direito de lhe ditar regra de comportamento nesse tema. Mas sua ação como chefe de Estado e líder de uma grande nação jamais poderá afetar os sistemas de legalidade que fomentam a normalidade democrática.

Essa fraqueza não será borrada da sua biografia. Vivemos em um país democrático, onde as instituições funcionam e há um clima de paz e de segurança. Nesse contexto, a busca pela verdade será sempre um desafio constante, porque ela não tem rosto, não conhecemos seu semblante, não mostra o seu sorriso, tampouco o gosto amargo do seu desprezo.

Não sabemos pelos lábios de quem fala, nos ouvidos de quem sussurra, nas canetas de quem pode mostrar suas evidências. 
Mas o sofrimento continua porque ninguém sabe ao certo os locais que frequenta, se os palácios luxuosos ou as palafitas, as sarjetas, as masmorras, os templos religiosos ou os balcões daqueles que teimam em negociá-la na mercância da ganância extrema exteriorizada por mandatários autoritários capitaneados por Moscou, Pequim e Teerã.

O governador romano Pôncio Pilatos não conseguiu interpretar a verdade apontada pelo Cristo no interrogatório que presidiu. A humanidade foi jogada na escuridão, e todos nós fomos transformados em herdeiros dessa angústia.

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Eleição sem Bolsonaro? Bolsonarismo sem Bolsonaro? O peso do ex-presidente em 2026

07/04/2025 07h15

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Ao aceitar a denúncia contra Jair Bolsonaro, o STF sedimentou o entendimento de que a eleição presidencial de 2026 ocorrerá sem a presença do ex-presidente na lista de candidatos. A inelegibilidade já era uma realidade, em função da decisão emanada pelo TSE, entretanto, a trilha aberta na semana passada consolida este caminho e afasta praticamente de forma definitiva a candidatura do capitão.

Bolsonaro, entretanto, possui um ativo valioso na arena política: votos. Algo que se tornou importante não somente pela habilidade de eleger representantes, mas pela capacidade de produzir em profusão um milionário fundo partidário e eleitoral, aquilo que faz a máquina e as campanhas funcionarem. No modelo adotado pelo Brasil pós-Lava Jato, que proibiu as doações empresariais, a quantidade de deputados se tornou a conta mais importante de qualquer partido, pois seu resultado é aquilo que indica qual a fatia do bolo ficará com cada agremiação.

Neste jogo, o bolsonarismo tornou-se uma moeda valiosa. Em um primeiro momento, elegeu hordas de deputados na esteira de seu líder, em 2018, com inúmeros nomes desconhecidos que passaram a orbitar o cenário político. Em 2022, o fenômeno se repetiu. Aqueles que romperam com Bolsonaro foram punidos pelo eleitor, já aqueles que optaram pela fidelidade canina foram agraciados com votações robustas. Bolsonaro, que havia sido responsável direto pela eleição de 52 deputados pelo PSL em 2018, ajudou a eleger 99 no PL em 2022.

A força do bolsonarismo se tornou um ativo tão potente em termos eleitorais que muitos deputados tradicionais, já conhecidos do eleitor, abraçaram o ex-presidente como forma de garantir seus mandatos. Alguns migraram para seu partido, enquanto outras siglas encontraram na aliança com o bolsonarismo uma forma de crescer e criar maior envergadura política. Republicanos, Progressistas e até setores do União Brasil embarcaram neste caminho.

Tudo isso tem relação com as eleições de 2026. Com Bolsonaro inelegível, o desenho deste cenário se tornou algo delicado, que precisa ser estudado com atenção, sob pena de perda de fatias importantes de fundo partidário e eleitoral no próximo ciclo. Mais do que isso, ainda é possível contar com a variável da eventual prisão de Bolsonaro, passível de acontecer, em razão do julgamento que ocorrerá no STF.

Bolsonaro diz que segue candidato e que manterá seu nome na disputa até o fim, ou melhor, até o julgamento de sua candidatura pelo TSE, que, em condições normais de temperatura e pressão, seguramente será impugnada, assim como ocorreu com Lula em 2018. Neste cenário, resta saber quem será seu companheiro de chapa, aquele que vai herdar a candidatura e poderá levar seu movimento adiante. Este será aquele nome responsável por impulsionar as candidaturas proporcionais e, eventualmente, vencer a disputa pelo Planalto. Muitos consideram que, nesse cenário, o bolsonarismo pode inclusive se fortalecer ainda mais. A conferir.

Fato é que tudo indica uma eleição sem Bolsonaro na lista de candidatos presidenciais, porém, isto está longe de ser uma eleição sem Bolsonaro. Seu nome, dentro ou fora da disputa, vai balizar cada etapa do pleito de 2026.

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Aumento de policiamento e redução das desigualdades, políticas que se complementam

05/04/2025 07h45

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Recentemente, foi noticiado por vários jornais que o atual governo tem acenado para a questão da violência de forma diferente do que se costuma ver em posições políticas orientadas mais à esquerda. Normalmente, nessas vertentes, a violência urbana tende a ser vinculada à questão da desigualdade social, o que, em situações discursivas extremas ou emocionadas, atribui às pessoas que cometem delitos a pecha de vítimas da desigualdade social.

Por outro lado, o discurso político acerca da violência, em posições políticas orientadas mais para a direita, atribui sua causa à impunidade, que, para eles, é própria do sistema judicial brasileiro, acrescida da falta de policiamento ou de um corpo policial mal equipado.

Durante anos, e ainda hoje, o debate político sobre a segurança pública tende a exaltar uma das visões e, como se fosse algo automático, excluir a outra. Apesar do tom eleitoreiro das declarações do atual presidente da República, se fôssemos analisar esse fato com certo otimismo (um erro que cometemos muitas vezes), poderíamos dizer que, finalmente, alguém pode ter enxergado o óbvio: as políticas “opostas” acerca da segurança pública são, na verdade, complementares.

Tem razão a direita ao afirmar que o policiamento fraco e a pouca ostensividade ampliam a atuação criminosa em toda a sociedade, abrindo caminho para o crescimento do já bastante hegemônico crime organizado. Somente com policiamento constante, policiais bem remunerados e bem treinados, especialmente na correta aplicação dos procedimentos de abordagem policial, teríamos alguma chance de mitigar o crime organizado já existente. Daí se percebe, ainda que com certa cautela, o reconhecimento das guardas municipais como agentes de segurança.

No entanto, a esquerda também tem razão ao afirmar que não há contingente policial capaz de conter a criminalidade e seu crescimento em países com alta desigualdade social. Em países capitalistas, como o Brasil, o poder de consumo é a grande meta de seus cidadãos. Contudo, em uma sociedade desigual, uma parcela significativa da população não tem condições – e, em muitos casos, nunca terá – de alcançar um padrão razoável de consumo. Quanto maior for o número de pessoas que desejam consumir, mas não têm recursos para isso, mais “ovelhas negras” optarão pela via rápida para conseguir, ou seja, o crime.

É de se notar, no entanto, que as duas políticas propostas atuam em momentos distintos da criminalidade. A “direita” se preocupa com a criminalidade já existente e constituída, o que exige, naturalmente, uma atuação mais ostensiva e imediata. Nesses casos, a atuação policial não é apenas positiva, mas fundamental para o combate ao crime.

A “esquerda”, por sua vez, busca políticas que evitem o “embrião” do crime, desenvolvido em ambientes periféricos e profundamente desiguais, como bem explorado pela sociologia e criminologia que estudam o tema. A questão que se impõe é: por que não desenvolver uma política de segurança pública que combata ambos os momentos? Por que uma precisa ser aplicada em detrimento da outra?

Como dito, não há contradição nos discursos sobre segurança pública de ambos os lados e, se fossem adotados de maneira concomitante, o quadro da segurança pública nacional certamente seria outro. Nosso otimismo nos leva a crer que, talvez, haja uma esperança.

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