Publicação feita nesta segunda-feira no diário oficial do Estado amplia a faixa etária das crianças e adolescentes que podem receber a vacina contra a dengue em Mato Grosso do Sul. Inicialmente restrita a crianças de 10 e 11 anos, agora ela passa a ser ofertada para todos aqueles que tiverem entre 10 e 14 anos e 11 meses e 29 dias.
A ampliação de público ocorre duas semanas depois do início da aplicação da primeira dose e deixa claro, a princípio, que a procura neste período foi abaixo do esperado e por isso ocorreu a ampliação de público.
Mato Grosso do Sul recebeu do Ministério da Saúde 73,3 mil doses do imunizante, mas o número de crianças de 10 e 11 anos é bem superior a isso, motivo pelo qual ocorreu essa restrição inicial, uma vez que havia a possibilidade de a procura ser maior que a oferta de doses, o que acabou não ocorrendo.
Para Campo Grande, por exemplo, foram destinadas pouco mais de 24,6 mil doses, mas a estimativa da Secretaria Municipal de Saúde é de que residam em torno de 28 mil crianças nesta faixa etária na cidade. Quer dizer, se todos os pais tivessem levado seus filhos para serem imunizados, nem todos teriam sido atendidos. A meta era atender 90% deste público.
Porém, até agora, conforme a assessoria da Sesau, em torno de 3 mil crianças foram atendidas. E, apesar da resolução do Governo do Estado, por enquanto a vacinação em Campo Grande vai continuar restrita ao público de 10 e 11 anos. A ampliação deve ocorre somente depois de orientação do Ministério da Saúde.
Mato Grosso do Sul é o único estado brasileiro que teve todos os municípios contemplados com a distribuição das vacinas feita pelo Governo Federal. A justificativa é a alta incidência da doença que normalmente ocorre no Estado.
Neste ano porém, ao contrário de boa parte do restante do País, a quantidade de casos tanto em Campo Grande quanto no interior está entre as menores dos últimos dez anos. A escassez de chuvas dos últimos quatro meses é uma das explicações para a baixa incidência.
“Tivemos uma reunião junto ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) e ele autorizou os estados que se sentirem confortáveis a fazer essa ampliação, podem fazer. Considerando que aqui no estado os 79 municípios receberam vacina, temos a totalidade. Um longo trabalho a ser feito, então pensando que precisamos ofertar o mais rápido possível, trazemos a ampliação não mais de 10 e 11 anos, mas de 10 a 14 anos”, explica a coordenadora de Imunização da SES, Ana Paula Goldfinger.
O esquema vacinal é composto por duas doses, com intervalo de três meses e o Ministério da Saúde já garantiu que todos os municípios receberão o mesmo quantitativo da primeira remessa.
Dourados
Diferentemente do restante dos municípios, em Dourados a vacina está disponível para todas as pessoas entre 4 e 59 anos. O município recebeu 150 mil doses e é o único do país com vacinação em massa com a Qdenga.
Os atendimentos começaram ainda no dia 3 de janeiro e até sábado, aproximadamente 30 mil pessoas haviam tomado a primeira dose. Isso significa 20% do público-alvo, embora 50% do prazo para aplicação da primeira dose já tenha acabado.
A previsão é de que o País enfrente em 2024 a pior epidemia de dengue da história. No primeiro mês e meio, o país já contabilizou 524 mil pessoas doentes — o que equivale a 12 mil infecções a cada dia. Diferentes estados e municípios decretaram estado de emergência.
No mesmo período do ano passado, como comparação, foram perto de 129 mil notificações. Isso significa que o número de casos até agora é quatro vezes maior que o de 2023, que já havia sido um dos piores anos.
Por meio de uma parceria da Secretaria Municipal de Saúde com o laboratório japonês Takeda, que produziu a vacina Qdenga, Dourados recebeu 150 mil unidades para a primeira dose, cuja data de validade acaba em 22 de maio. Em laboratórios, a dose custa em torno de R$ 450,00.
Conforme as pesquisas iniciais, ela reduz em 84% as internações por dengue e ao contrário de outras vacinas, que precisam ser tomadas ao menos uma vez por ano, ela protege por até quatro anos e meio, segundo o médico infectologista e professor Júlio Croda, que monitora a aplicação da Qdenga em Dourados.