Cidades

INVESTIGAÇÃO

Bolsa Família é transformado em garantia para agiotagem em Mato Grosso do Sul

Agiotas que mantinham quase R$ 500 mil no Dom Bosco, em Corumbá, tinham centenas de vítimas pelo município

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Investigação conduzida pela 1ª Delegacia de Polícia Civil de Corumbá identificou que uma organização criminosa usava cartões do Bolsa Família e de outros benefícios continuados concedidos a famílias carentes como garantia para agiotagem. Os juros cobrados chegavam a 30%, tornando a quitação da dívida difícil de ser alcançada. 

Essa apuração averiguou que são centenas de vítimas, que teriam obtido diferentes quantias. Foram identificados três agiotas, dois homens e uma mulher, todos eles atuando no Bairro Dom Bosco, na Capital do Pantanal. Os crimes vinham sendo praticados, pelo menos, desde 2023.

Depois da apuração do caso, a Polícia Civil obteve autorização da Justiça estadual para cumprir três mandados de prisão contra os agiotas investigados, além de outros três mandados de busca e apreensão para recolhimento de provas contra a organização criminosa.

Um homem e uma mulher foram presos em Corumbá, enquanto o segundo homem investigado foi preso em Campo Grande, com apoio de policiais civis da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras). Não está descartada a participação de mais pessoas envolvidas no
esquema.

O delegado da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Corumbá, Elton Alves de Sá Júnior, apontou que estão sendo investigados os crimes de agiotagem, extorsão, furto mediante fraude, associação criminosa, ameaça e porte de arma de fogo. 

“São centenas de vítimas, e algumas já foram identificadas. A investigação indica que é uma associação criminosa com três ou mais pessoas. Temos vítima que narra que desde o ano de 2023 já pegava dinheiro”, explicou.

Como as investigações avançaram para identificar os envolvidos, a Polícia Civil desencadeou uma operação ontem, tanto para prender os investigados já identificados como para reunir provas materiais dos crimes praticados. Os mandados da Operação Benefício Seguro foram cumpridos no Bairro Dom Bosco, com apoio da Delegacia de Ladário.

Os policiais conseguiram encontrar com dois agiotas, em Corumbá, R$ 437,9 mil em espécie, em bolos de notas de R$ 100 e R$ 50, mas também havia notas de R$ 2, R$ 20, R$ 5 e R$ 10.

Uma quantia menor também foi encontrada em notas de R$ 200. O dinheiro estava guardado em diferentes lugares, mas bolsas femininas eram usadas para manter as quantias. O montante encontrado demonstrou nessa etapa de investigação o poderio financeiro da organização criminosa.

Durante as buscas realizadas nesta segunda-feira, a Polícia Civil conseguiu reunir provas de que os agiotas também mantinham centenas de documentos pessoais das vítimas, cartões de benefício social, munições, três veículos e joias. 

“Os suspeitos concediam empréstimos às vítimas com cobrança de juros abusivos de 30% ao mês. Além disso, exigiam garantias, como joias, veículos ou cartões de benefício social com senha”, detalhou o delegado Elton Sá Junior.

Algumas vítimas, conforme apurado, até conseguiam realizar o pagamento dos valores tomados em empréstimo. Porém, o que tinha sido tomado como caução nem sempre era devolvido. 

Com diferentes níveis de violência, os agiotas e pessoas que podem ter sido contratadas por esses criminosos também faziam ameaças, inclusive com uso de arma de fogo. Essas ameaças eram feitas em cobranças e na extorsão.

Os cartões de benefícios sociais que eram tomados das vítimas permaneciam nas mãos dos criminosos, e os saques seguiam sendo realizados, mas o dinheiro não era entregue para os reais beneficiários. 

Para o delegado que preside o inquérito, a partir da divulgação dessa investigação, é esperado que mais vítimas decidam aparecer para reclamar. 

“Denúncias podem ser feitas pelo disque-denúncia da Delegacia de Corumbá, no número 67 3234-7100. As denúncias são mantidas em sigilo”, garantiu Elton Sá Junior.

BENEFICIÁRIOS

Dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome mostram que, em março deste ano, 10.105 famílias foram atendidas pelo Bolsa Família, cerca de 31.327 pessoas em Corumbá. 

O benefício médio pago foi de R$ 713,22, e o total repassado para a cidade em março foi de R$ 7.168.601,00. É nesse universo milionário que os agiotas estavam envolvidos, por meio de diferentes práticas criminosas.

Os benefícios que são pagos envolvem o de Renda e Cidadania (R$ 142 por integrante da família), Complementares (quando os benefícios são inferiores a R$ 600), Primeira Infância (R$ 150 por criança com idades entre zero e 7 anos incompletos), Variáveis Familiares (R$ 50 para famílias que têm gestante, crianças de 7 a 12 anos incompletos, adolescentes entre 12 e 18 anos incompletos) e Extraordinários de Transição, além do Auxílio Gás, que paga R$ 110.

SAIBA - Operação Benefício Seguro

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão em Corumbá e Campo Grande, os policiais apreenderam centenas de documentos pessoais dos investigados, assim como cartões de benefícios sociais, como o Bolsa Família, munições, três veículos, joias e mais de R$ 437,9 mil em espécie em bolos com notas de R$ 100 e R$ 50, mas também havia notas de R$ 2, R$ 20, R$ 5 e R$ 10.

Uma quantia menor também foi encontrada em notas de R$ 200. Após prender os três agiotas, a polícia agora investiga a possibilidade de haver mais pessoas envolvidas neste esquema em Mato Grosso do Sul.

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investigação do MPE

Golpe milinário em MS respinga no maior consórcio do país

Gerente da Ademicon de Campo Grande foi o corretor de uma série de investidores de Campo Grande que perderam pelo menos R$ 5 milhões

05/04/2025 12h25

O apresentador Tadeu Schmidt é o garoto-progaganda da empresa que está sendo alvo de investigação em MS

O apresentador Tadeu Schmidt é o garoto-progaganda da empresa que está sendo alvo de investigação em MS

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Com a promessa de juros atrativos, de até 4% ao mês, investidores de Campo Grande levaram um calote de pelo menos R$ 5 milhões em 2022 e 2023 e agora o caso virou alvo de iquérito civil do Ministério Público de Estadual. 

Conforme publicação do diário oficial do MPE desta segunda-feira (7 de abril), que já está disponível no site da instituição deste este sábado (5), a investigação apura, entre outros, o suposto envolvimento da empresa que se diz a maior administradora  independente de consórcios do país, a Ademicon, que tem o apresentador do Big Brother Brasil, Tadeu Schmidt, como gatoro-propaganda. 

Conforme a denúncia encaminhada em julho do ao passado ao MPE pelo advogado Gervásio Oliveira, que representa um grupo de oito investidores, as aplicações de seus clientes na Invest X começaram em agosto de 2022 e a cada trimestre os rendimentos poderiam ser sacados. O saque final, porém, somente poderia ser feito ao final de um ano. 

Mas, como o rendimento era bom, ninguém sacava nada. A promessa era de que os juros seriam de pelo menos o dobro daquilo que os bancos tradicionais pagavam.

Em 2022, por exemplo, a média mensal anunciada pela Global Holding (a Invest X se apresentou com uma das empresas desta holding) foi de 1,97% ao mês. No ano anterior, as aplicações teriam tido rendimento médio mensal de 2,44% e em 2020,  impressionantes 4,4% por mês. 

E nos primeiros meses das aplicações os rendimentos realmente eram atrativos e por isso ninguém fazia os saques. Uma viúva de 58 anos que mora no centro de Campo Grande, por exemplo, fez um aporte de R$ 500 mil em 14 de agosto de 2023. Dois meses depois a arquiteta e pecuarista já tinha R$ 541.677,77 em sua conta, o que equivale a pouco mais de 4% de rendimento ao mês. 

Para dar um ar de seriedade ao negócio, em determinados meses as aplicações até chegavam a encolher, mas em percentual insignificante. Porém, em novembro de 2023, quando boa parcela das aplicações completou um ano, os representantes da empresa Global/Valorama simplesmente sumiram do mapa. 

Também para convencer os investidores de que a Global Holdin é uma empresa séria no ramo de títulos e valores mobiliários, ela garantia ter aval do Banco Central e se apresentava como tendo capital social de R$ 3,27 bilhões. O capital social do Bradesco, para efeito de comparação, é de R$ 10,5 bilhões.

Por coincidência, conforme a denúncia apresentada ao MPE, todas as vítimas haviam feito as aplicações com o mesmo corretor, Maurélio Obenaus. Ele atuava como gerente local do consórcio Ademicon, no escritório na Rua Rio Grande do Sul, no bairro Jardim dos Estados. 

Segundo a denúncia, ele usava a estrutura física, e-mail e telefone do consórcio para conquistar investidores e por isso, diz a denúncia, o consórcio é responsável pelo golpe. Advogados que representam o consórcio já se reuniram, por vídeoconferência, com a promotoria e alegaram que a empresa não tem participação no suposto estelionato. 

Em seu site, a Ademicon diz que está no mercado desde 1991 e que tem mais de 360 mil clientes atendidos. Neste período, foram quase R$ 97 bilhões de créditos comercializados nos setores de  imóveis, veículos e serviços em 214 unidades espalhadas pelo Brasil.

CORRETOR

O gerente da loja do consórcio em Campo Grande, Maurélio Obenaus, por sua vez, diz que também foi vítima da Global e alega ter perdido R$ 500 mil que supostamente investiu no mesmo esquema. Até ação judicial ele está movendo contra a Global. 

“Diante desses acontecimentos e toda a suspeita de fraude pelas vítimas, com o provável intuito de não ser responsabilizado pelos fatos, rapidamente o Sr. Maurélio Obenaus procurou algumas pessoas a quem assessorava e propôs uma ação contra o Grupo Global, para demonstrar sua “boafé” e para aparentar como se também fosse vítima”, escreveu o advogado em sua denúncia do MPE. 

O advogado das vítimas, porém, acredita que ele seja um dos golpistas. No inquérito ele inclusive cita que Maurélio está sendo alvo de ação judicial e foi demitido do banco Santander, em Santa Catarina, por ter apresentado atestado médico falso. 

E, enquanto estava de atestado já trabalhava como gerente na empresa da esposa, a Ademicon, em Campo Grande, conforme o advogado Gervásio Oliveira. Além disso, o advogado elenca pelo menos outras quatro ações judiciais nas quais ele já estaria sendo alvo. 

Em uma delas, um juiz de Jaraguá (SC) determinou o bloqueio de R$ 312.292.23 de suas contas bancárias justamente para cobrir prejuízos que ele teria provocado em clientes daquele Estado. Maurélio também é alvo de ação judicial semelhante no Rio de Janeiro, conforme documentos anexados ao inquérito do MPE.

Apesar de a promotoria já ter recebido explicações da Maurélio e da Ademicon, ambos seguem como alvos da publicação que informa a transformação da notícia de fato em inquérito civil que apura supostos “fatos contrários à legislação consumerista e criminal, eventualmente praticado por Maurélio Obenaus, Ademicon, Global Holding e Invest X.” 

Moradia social

Vila da 3ª Idade tem 23 candidatos por apartamento

932 idosos vão concorrer no sorteio de 40 apartamentos de 33,70m²

05/04/2025 11h30

Lançamento do edital de seleção, em julho do ano passado

Lançamento do edital de seleção, em julho do ano passado Divulgação

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A Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários de Campo Grande (Emha), divulgou na última sexta-feira (4) a lista de inscritos no Programa Locação Social, para seleção dos idosos que irão habitar o Condomínio da Melhor Idade, conhecido como Vila dos Idosos.

Conforme divulgado na edição extra do Diário Oficial, nº 7886, o programa teve um total de 1144 inscritos. Destes 212 foram desclassificados por não atenderem aos critérios de elegibilidade.

Outros 932 estão aptos para participarem do sorteio dos 40 apartamentos disponíveis. Desta forma, há cerca de 23 idosos concorrendo por cada moradia.

Estrutura

Localizada próxima ao Horto Florestal, a habitação é o primeiro empreendimento do município construído para locação social.

Os 40 apartamento possuem 33,70m² cada, com sala integrada à cozinha, área de serviço e um quarto com banheiro. Por serem dedicados ao público idoso, todos estão dentro das normas de acessibilidade.

O condomínio conta com amplos corredores que permitem iluminação e ventilação natural, salas de apoio, escada de emergência e elevador para todos os andares.

Além disso, áreas de sociabilização como sala multiuso, capela e espaço de convivência estarão disponíveis para os moradores.

Para auxiliar nos custos de administração e manutenção do prédio, há uma parceria com a utilização de 10 salões comerciais dispostos no térreo, cada um com área individual de 39,40m².

As unidades não serão mobiliadas, ficando sob a responsabilidade de cada idoso levar seus para a moradia.

Além disso, os apartamentos não serão totalmente gratuitos. Haverá um custo mensal relativo ao pagamento da locação e da taxa de condomínio.

Critérios

Os 932 idosos que vão participar do sorteio dos apartamentos atenderam aos seguintes critérios: 

  • Possuir renda de até 3 salários mínimos;
  • Não ser proprietário, promitente comprador, permissionário, promitente permissionário de direitos de aquisição, usufrutuário ou arrendatário de outro imóvel;
  • Estar cadastrado(a) no Cadastro Geral da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Emha);
  • Ter idade igual ou superior a 60 anos.

Além dos candidatos regulares, no sorteio também serão atendidas duas cotas: pessoa idosa enquadrada como de Prioridade Especial (acima de 80 anos) e pessoa idosa com deficiência.

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