Desde que os casos de Covid-19 voltaram a crescer em Campo Grande, as autoridades de saúde do município enfrentam dificuldades em expandir os leitos de unidade de tratamento intensivo (UTIs) disponíveis na cidade. Nesta sexta-feira, o índice de ocupação de UTIs era de 91,1%, com dois hospitais com ocupação acima da capacidade.
A Prefeitura de Campo Grande e o governo de Mato Grosso do Sul, que administra o Hospital Regional, unidade referência para o tratamento da doença causada pelo novo coronavírus na rede pública, anunciaram 20 e 10 leitos extras, respectivamente. Mas há pelo menos uma semana que não conseguem ativá-los.
Enquanto isso, nem mesmo Estado e prefeitura entram em acordo sobre a quantidade de leitos disponíveis na Capital de Mato Grosso do Sul. Enquanto o município informa existir 225 leitos de UTI disponíveis na Cidade, o Estado, por meio de seu sistema de gerenciamento de leitos, considera 180 unidades de tratamento intensivo para pessoas com coronavírus ativas na cidade.
Nesta sexta-feira, por exemplo, o sistema Mais Saúde, plataforma do governo de Mato Grosso do Sul, que ajuda na gestão da pandemia, informava 162 leitos de UTI ofertados em Campo Grande exclusivos para tratar a Covid-19. Destes, 155 estavam ocupados, sendo que o Hospital Regional (público), está acima da capacidade (confira infográfico nesta página).
Especialistas em gestão hospitalar ouvidos pelo Correio do Estado, que pediram para manter seus nomes em sigilo, revelaram que as reuniões das últimas semanas têm revelado um certo desespero das autoridades, por não conseguirem garantir – de última hora – os leitos necessários para se evitar o colapso do sistema hospitalar.
Na quinta-feira (26), o prefeito Marcos Trad liberou médicos e enfermeiros da rede municipal para atuarem fora da estrutura da prefeitura, como no Hospital Regional, e ainda permitiu que o máximo de plantões realizados por eles dentro do mesmo mês salte de 14 para 21.
A medida, porém, ainda não foi suficiente para que o Hospital Regional ative os 10 leitos anunciados no sábado (21) pelo secretário estadual de Saúde Geraldo Resende, tampouco para que o município consiga comprar mais 20 leitos na rede privada, o motivo é simples: os hospitais particulares estão com suas UTIs lotadas com pacientes de planos de saúde e particulares.
Além da dificuldade para se ampliar leitos, também há falta de médicos e enfermeiros interessados em trabalhar na linha de frente. A escassez é tanta que o Hospital Regional planeja abrir, no início desta semana, um processo seletivo simplificado para a contratação de profissionais. O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), já autorizou a seleção, apurou o Correio do Estado.
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Overbooking
Outra iniciativa quase emergencial para tentar resolver o overbooking na rede hospitalar da Capital ocorreu na quinta-feira (26) em Brasília. O senador Nelson Trad Filho (PSD) levou autoridades do município, como o secretário de Finanças Pedro Pedrossian Neto, o presidente da Santa Casa, Heitor Freire, entre outros, para reunião no Ministério da Saúde com o secretário da pasta, Airton Cascavel.
De lá, saíram com promessas de que os pedidos feitos seriam atendidos no médio prazo. O grupo pediu a contratação de mais 151 leitos clínicos e de UTI exclusivos para a Covid-19, R$ 12 milhões para informatizar a rede municipal de saúde, além de R$ 38 milhões para a Santa Casa e 50 mil testes rápidos.
De pronto, o secretário do ministério disse que, dificilmente, teria como liberar os 50 mil testes, por não ter o material disponível. O governo Federal, porém, tem 6,86 milhões de testes do tipo RT-PCR (cuja confiabilidade é até maior) prestes a vencer, estocados em galpão no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo (SP).
Quanto à compra de leitos e recursos financeiros, o representante do Ministério da Saúde prontificou-se a atender os pedidos, mas ainda não há uma data prevista para a efetivação deles.