As equipes da campanha de vacinação antirrábica estão percorrendo residências nos bairros Caiçara, Taveirópolis, Amambaí e Leblon em Campo Grande, com o objetivo de ampliar a proteção de cães e gatos contra a raiva.
Desde o início da ação, no dia 4 de agosto, mais de 48 mil animais já receberam as doses, sendo 34,3 mil cães e 14,3 mil gatos.
A estratégia adotada pela Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (SESAU) pretende facilitar o acesso dos tutores ao serviço, especialmente diante do alerta causado pelo registro de morcegos infectados com o vírus da raiva na zona urbana da Capital.
Maria Aparecida Cunha, chefe do Serviço de Controle da Raiva e outros Zoonoses, explica que a vacinação é importante e funciona como uma barreira de proteção.
“O morcego, hoje, é um dos principais transmissores da raiva. Quando um cachorro ou gato imunizado entra em contato com um morcego contaminado, ele bloqueia o avanço do vírus e protege também os seres humanos. Vacinar é fundamental para quebrar o ciclo da doença e garantir segurança para toda a comunidade”, afirma.
Ela ainda reforça que a vacinação é segura, gratuita e indispensável.
“A raiva é uma enfermidade grave, que não tem cura. Pedimos aos tutores que deixem seus animais disponíveis no momento da visita dos agentes, pois isso ajuda muito no andamento da campanha e na proteção de todos”, orienta Maria Aparecida.
Para os tutores que não estiverem em casa no momento da visita das equipes, existe a opção de levar os animais diretamente à Gerência de Controle de Zoonoses, localizada na Avenida Senador Filinto Müller, nº 1.601, na Vila Ipiranga. O atendimento é realizado todos os dias, inclusive finais de semana e feriados. Durante a semana, a vacina é oferecida das 7h às 21h e nos demais dias, das 6h às 22h.
A vacinação de forma anual é a melhor forma de prevenir a raiva tanto em animais quanto nos seres humanos. A adesão às campanhas de vacinas é o que mantém a doença controlada há anos em Campo Grande.
Avanço de casos
A raiva tem taxa de letalidade em humanos próxima a 100% e as ocorrências em morcegos na Capital têm acendido um alerta. Em 2025, já foram registrados 10 casos de morcegos infectados com a doença, encontrados em nove bairros diferentes na cidade: São Francisco (2); Centro; Jardim Ouro Preto; Carandá Bosque; Aero Rancho; Jardim Veraneio; Jardim Columbia; Vila Jacy; e Vila Planalto.
A Sesau informou que só faz o recolhimento de morcegos que estão caídos, um comportamento anormal desses animais, o que pode apresentar riscos para a população, cachorros e gatos. A confirmação da doença só é possível após exames laboratoriais.
Em conversa com o Correio do Estado, a veterinária Juliana Sguario ressaltou a importância da vacinação dos pets como uma forma de prevenção e ampliação da qualidade de vida.
“Além das vacinas serem importante para a prevenção de uma zoonose, como a raiva, também é importante para qualidade de vida e a longevidade do pet, pois também previne de outras doenças virais, como a parvovirose e a cinomose”, explica.
Em Mato Grosso do Sul, o último caso registrado de raiva em humanos foi em 2015, em Corumbá. Na ocasião, um homem de 38 anos foi mordido por um cachorro infectado e somente procurou ajuda quase um mês depois do ocorrido.
Foi transferido para o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e ficou dias em regime de isolamento, coma induzido e respirando por aparelho.
Após um mês de internação, o rapaz sofreu uma parada cardíaca e morreu. Este foi o primeiro caso no Estado após 21 anos sem registro.
Sintomas
De acordo com o Ministério da Saúde, a raiva é transmitida aos seres humanos por meio da saliva de animais infectados.
Após o período de incubação (cerca de 45 dias em adultos e em menos tempo em crianças), surgem os primeiros sintomas da doença, como náuseas, anorexia, mal-estar geral, dor de cabeça e garganta, irritabilidade, entorpecimento, inquietude, pequeno aumento na temperatura e sensação de
angústia.
Essas manifestações da raiva costumam durar de 2 a 10 dias. Após esse período, os sintomas progridem e começam a ficar mais graves, manifestando-se como febre, delírios, convulsões e espasmos musculares involuntários. Em geral, o tempo da piora dos sintomas até o óbito dura de dois a sete dias.
Por isso, o recomendado é que pessoas que se expõem constantemente a esses animais, se vacinem como medida de prevenção.
*Colaborou Felipe Machado


