Começou nesta terça-feira (13) o a coleta de dados do Censo Demográfico 2022 nas comunidades quilombolas de Campo Grande.
É a primeira vez que a o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recenseará a população quilombola, retratando quantos são, onde e como vivem.
Em Campo Grande, há três comunidades quilombolas, sendo a Comunidade Tia Eva, São João Batista, na região do Anhanduizinho, e Chácara Buriti.
No Mato Grosso do Sul, existem 22 comunidades quilombolas e o censo já foi iniciado em alguns municípios do interior.
A coordenadora do Censo 2022 em Campo Grande, Sylvia Assad, disse que para realizar a coleta nas comunidades quilombolas, foi realizado um treinamento especial.
"A gente procura sempre ter recenseadores que moram ou que tenham origem nessas comunidades, para facilitar a receptividade e porque são pessoas que já conhecem os costumes. Isso faz com que a gente possa retratar da melhor forma essas comunidades quilombolas", disse.
Ela explica ainda que o censo nas comunidade tradicionais permite ter informações específicas a respeito das comunidades.
"Nos outros censos, as comunidades foram recenseadas dentro de um setor censitário maior, então a gente não consegue divulgar informações específicas sobre uma comunidade", explicou.
Neste ano, pela primeira vez, o Censo 2022 irá aplicar a pergunta sobre autodeclaração e a qual comunidade o quilombola pertence.
Sobretudo, domicílios de quilombolas residentes fora das comunidades serão identificados como parte do grupo.
Já nos territórios oficialmente delimitados, serão aplicados questionários domiciliares de amostra com questões de registro civil, arranjo familiar, deficiência, educação, trabalho, situação do domicílio, saneamento, lixo e acesso à internet.
"O questionário que é aplicado nas comunidades quilombolas, além de ter uma adaptação no texto das perguntas, a gente também investiga se a pessoa se considera quilombola e qual é a comunidade qual ela faz que ela tem pertencimento", disse Sylvia.
A subsecretária de políticas públicas para igualdade racial, Ana José Alves, afirma que os dados específicos são importantes para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à essa população.
Recenseador quilombola
Tatiane Penha é quilombola da comunidade Tia Eva e também recenseadora.
Bastante conhecida na comunidade, ela acredita que este fato pode ajudar na coleta de dados.
Conforme o IBGE, um dos desafios no censo no geral é a colaboração da população em receber os recenseadores, por meio de golpes ou outras desconfianças.
Desta forma, nas comunidades tradicionais, foi feita a opção por pessoas da própria comunidade, que passaram por todas as etapas e treinamentos para atuarem como recenseadores.
Tatiane afirma que este fato facilita muito o trabalho.
"Aqui [Tia Eva] vai ser a segunda área que eu tô fazendo, então eu já fiz a primeira e as pessoas hoje tem medo de golpe. Tem pessoas que não querem fazer porque tem desconfiança", disse.
"Como sendo daqui, conhecendo a as pessoas daqui, eu creio que assim vai ser mais fácil", acrescentou.




