Ruas com mesmo nome em bairros diferentes e a mesma via com diferentes nomes foram alguns do problemas identificados em levantamento inédito feito em Campo Grande. No total, são pelo menos 200 ruas e avenidas com algum tipo de irregularidade na Capital, de acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), responsável pelo estudo.
Os casos estão espalhados, na periferia da cidade e também em algumas avenidas “famosas”. É o caso da Avenida Ernesto Geisel, que ao longo de quase 18 quilômetros de extensão recebe três nomes. O mais comum, já citado, fica entre a avenida Manoel da Costa Lima até a rua Ovídeo Serra, no Jardim Seminário.
Mas na região mais ao sul, a avenida recebe o nome de Vereador Thyrson de Almeida, na região do Aero Rancho, entre as avenidas Campestre e Manoel da Costa Lima.
Já a partir do viaduto da Avenida Mascarenhas de Moraes, ao norte, o nome da via passa a ser Avenida Prefeito Heráclito Diniz de Figueiredo, até seu fim, no Jardim Presidente, na rua Johanesburgo, que curiosamente, também recebe outro nome ao lado direito da Heráclito, na direção do bairro Jardim Talismã: rua Pintassilgo.
Mas tantos nomes podem confundir, ou mesmo fazer prevalecer um deles. Na norte e sul, por exemplo, Ernesto Geisel é o nome que prevalece de uma ponta a outra.
“É como todo mundo conhece, não adianta falar outro nome”, diz a atendente Sônia do Santos, que mora na região. “Para explicar como chegar a minha casa, o jeito mais fácil é pela avenida, mas nunca falo que chama Vereador Thyrson de Almeida, assim ninguém sabe onde é”.
Ela trabalha em uma conveniência, em outra via com mais de um nome, a Avenida Marechal Deodoro, que a partir do Hospital Regional (HRMS) passa a ser nomeada como Avenida Gunter Hans.
A divisão dos nomes passa a valer no mapa a partir do Terminal Aero Rancho, mas, na prática, a confusão por conta da duplicidade persiste. “Tem gente que confunde. A maioria fala o nome antigo para a avenida toda, que é Marechal Deodoro. Mas, neste caso, eu falo o nome novo, Gunter Hans, que não é tão novo, já mudou faz tempo”, pondera Sônia.
CONFUSÃO
E para provar que a confusão existe até mesmo na hora de batizar as vias, há as ruas Jorge Kalil Duailibi. Uma está no Jardim Itamaracá e a outra na Mata do Jacinto, a quase 15 quilômetros de distância.
No Itamaracá, a rua tem apenas três quadras e a maioria dos imóveis é residencial. Já na Mata do Jacinto, nas seis quadras, há algumas empresas.
Entre elas, a marcenaria onde Renan Queiroz Alves trabalha há dois anos e já foi alvo de inúmeros enganos. “Já aconteceu de o cliente ir ao lugar errado, no outro bairro. Mas a gente aprendeu, pois foram várias vezes. Então avisamos para a pessoa pôr no GPS a rua na Mata do Jacinto”.
Outro exemplo dos inúmeros nomes numa mesma trilha de asfalto é a via de oito quilômetros que começa no Jardim Leblon, passa pelo Tijuca, pelo Batistão, pelo Coophavila e termina no Tarumã. No primeiro bairro, a rua chama-se Tupi, torna-se Souto Maior no Tijuca e Fátima do Sul no Batistão. No Coophavila, recebe dois nomes: Península e Fanorte. Por fim, no Tarumã, é batizada de Elias Gazal.
O titular da Semadur, Luís Eduardo Costa, explicou que ainda será discutido meio para resolver a questão. “Vamos conversar com a Junta Comercial e também com a Câmara. É um problema antigo em Campo Grande, que em algum momento precisa ser corrigido. O primeiro passo foi o diagnóstico e, agora, vamos estruturar a melhor forma de sanar isso”.
NOME TROCADO
No Jardim São Bento, a identificação de uma rua que começa na Avenida Eduardo Elias Zahran e termina próximo a uma das rotatórias da Rua Rodolfo José Pinho deixou de homenagear a esposa do proprietário da chácara que deu origem ao bairro, dono da Pensão Bentinho – tradicional em Campo Grande até a década de 40 –, para nominar outro cidadão, que não existiu.
O erro de grafia no primeiro nome, de Jerônima Paes Benjamim para Jerônimo, ocorreu durante a substituição de placas na rua, no início da década de 90, conta Natal Baglioni, morador de uma via transversal.
“Os herdeiros reclamaram na prefeitura, foram à Câmara e, na época, o Edil Albuquerque, que era vereador, fez uma notificação para que se fizesse a correção, mas nada foi feito”, recorda.
Com o anúncio da prefeitura de retomar o serviço de identificação de ruas pela cidade, a expectativa é de que, depois de quase 30 anos, finalmente a rua volte a ter o nome original. “Estão homenageando uma pessoa que nem existe”, completou.


