A guerra contra a dengue tem um grande aliado nas bancas de floriculturas, praças, quintais, cemitérios, canteiros de avenidas e jardins: o cravo da vitória. Quase desconhecido, diante da maciça máquina da indústria farmacêutica, essa planta tem um cheiro repelente ao Aedes aegypti (mosquito da dengue). Há séculos, o seu nome é cravo do defunto, mas transformou-se em cravo da vitória – palavra acrescentada pelas equipes de Saúde da Família em Rio Branco (AC). Na forma de chá, sem cheiro, de duas a três horas, o cravo tira a febre do doente, eliminando suas dores no corpo, ânsia de vômito e outros incômodos. Melhor ainda: seu princípio antiviral tem grande eficácia contra o Flaviviridae (vírus da dengue) e não o transmitirá para outras pessoas. Em 2010 a dengue deixou o gestor ambiental Miguel Salum dez dias acamado. “Sofri um bocado”, conta. Foi quando o médico homeopata José Roberto Campos de Souza, amigo dele, recomendou-lhe o chá do cravo da vitória, feito da fervura dos ramos dessa planta.
Salum plantou-o em sua casa, na Vila Nascente, e passou a divulgar seus efeitos benéficos. O cravo vem sendo estudado nos Estados Unidos para a obtenção da substância luteína e seus efeitos na medicina. Pesquisas indicam que ele também serve para combater outras doenças, entre as quais, angina, tosse, espasmos, reumatismo e cólicas uterinas. A relação de Salum com as plantas medicinais supera o mero consumo. “Além das propriedades específicas, acredito que elas tenham energia própria”, ele diz. Emendando: “Antes de tudo, é preciso ter respeito e cuidado, pois a diferença entre o remédio e o veneno é justamente a dose”.
Nessa relação diferenciada, para que seu efeito seja mais eficaz, é importante cultivá-las em ambiente mais próximo possível ao nativo, recomenda Salum. “Planta saudável tem condições de nos oferecer mais saúde”. No ano passado, durante o Dia do Bem no Jardim Noroeste, moradores receberam de ambientalistas e permacultores informações a respeito do potencial do cravo da vitória e de diversas plantas medicinais estudadas e difundidas pela Casa da União e Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico, considerada pelo governo federal – a quem presta contas de suas atividades – a maior Oscip (organização civil de interesse público) do País. “Além de recomendá-lo às pessoas, recomendo o chá no Facebook e guardo relatos de pessoas que usaram e se sentiram bem”, comenta Salum. “Em minha família (seis pessoas) ninguém teve dengue depois de conhecer e beber o chá do cravo da vitória”, ele acrescenta.
Miguel Salum planta seus cravos no chão. Ele ensina como fazer o chá: ferva até nove ramos inteiros em um litro d’água, até reduzi-lo a meio litro. Espere amornar e beba a maior quantidade possível, aproveitando seus princípios ativos. No preparo podem ser usados pilão ou liquidificador na função pulsar.A pessoa pode beber o chá mais de uma vez por dia, sucessivamente, enquanto durar ou ressurgir os sintomas. Segundo Salum, não é necessário outro medicamento enquanto a pessoa usar o chá. O cravo é também um bom repelente de insetos. Ele também cultiva aloivera, amargoso, aveloz, caninha de macaco, capim cidreira, citronela e espinheira-santa – todos medicinais.
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