Cidades

MILÍCIA

Chefe da Polícia Civil faz reunião para discutir ameaças a delegado

Presos planejavam de dentro do presídio atentado ao delegado Fábio Peró

ALÍRIA ARISTIDES E RAFAEL RIBEIRO

03/10/2019 - 10h36
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Os planos de execução do Delegado Fábio Peró, feitas por integrantes do grupo de extermínio de Campo Grande alvo da Operação Omertà, motivou uma reunião para discutir a segurança de chefes de polícia, que será realizada na tarde de hoje (3). Medida cautelar divulgada por promotores do Gaeco aponta que o titular do Grupo Armado de Repressão a Assaltos e Sequestros (Garras) corre risco de um atentado contra sua vida, que estaria sendo articulado de dentro do próprio Centro de Triagem pelos milicianos presos.  

O delegado-geral do Estado, Marcelo Vargas, reduziu agenda que cumpria em Brasília com o ministério da Justiça e Segurança Pública, do ministro Sérgio Moro, com intuito de retornar ao Mato Grosso do Sul e realizar reunião onde estará presente o delegado-adjunto do Garras, João Paulo Sartori, o delegado Fábio Peró e a cúpula da Polícia Civil. O intuito da reunião, que será realizada na sede da Delegacia Geral de Polícia, é estabelecer força-tarefa para investigar os planos da milícia armada, além de debater medidas para proteger os possíveis alvos das ameaças do grupo.

Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira (3), a Associação de Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul (Adepol-MS) se manifestou sobre o caso e declarou apoio ao delegado alvo das ameaças de morte. A Adepol afirmou dar “total e irrestrito apoio” tanto a Fábio Peró quanto a todos policiais que “venham a sofrer qualquer tipo de tentativa torpe de impedir o exercício das funções”.

Fábio Peró estava a frente das investigações que culminou na prisão de dezenove pessoas, entre eles o empresário Jamil Name e seu filho, apontados como chefes da organização criminosa de pistolagem composta em sua maioria por guardas municipais, policiais aposentados e militares. Ainda segundo as investigações, a milícia armada desarticulada seria responsável pela execução de pelo menos 3 mortes na Capital. 

A informação sobre o possível atentado foi divulgada em documentos protocolados pelo Gaeco, no Ministério Público do Estado, como forma de demonstrar a periculosidade dos presos no pedido para manter a prisão preventiva dos envolvidos, que estão no presídio desde a última sexta-feira (27).

Por determinação do secretário especial de Segurança e Defesa Social do município, Valério Azambuja, os quatro guardas municipais presos pela Operação Omertà foram afastados dos seus cargos por 60 dias. A determinação foi divulgada na manhã de hoje (3) no Diário Oficial de Campo Grande. Alcinei Arantes da Silva, Eronaldo Vieira da Silva, Igor Cunha de Souza e Rafael Carmo Peixoto Ribeiro se tornaram alvo de processos administrativos disciplinares e, conforme a publicação, Alcinei Arantes e Eronaldo perderam também o porte de arma. 

CASO

A força-tarefa da qual participa o delegado Fábio Peró Correa Paes foi criada em novembro do ano passado, depois das execuções de Ilson Figueiredo (ocorrida em junho daquele ano), de Marcel Costa Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”, e Orlando da Silva Fernandes, o “Bomba” (ambas ocorridas em outubro de 2018). 

No dia 9 de abril deste ano, a execução por engano do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier intensificou as investigações. O alvo do crime seria o pai de Matheus, o policial militar Paulo Roberto Teixeira Xavier. 

A investigação sobre o grupo de extermínio avançou já no fim de abril, quando o motorista Juanil Miranda Lima e o ex-guarda municipal José Moreira Freires, apontados como os executores do crime, simplesmente desapareceram após o depoimento de um rapaz, que era responsável pelo rastreamento telemático e eletrônico de Xavier. Os dois estão entre os alvos da operação, mas são os únicos foragidos até agora. Por isso, o Garras e o Gaeco oferecem recompensa de R$ 2 mil para quem dar informações sobre o paradeiro deles, sob compromisso de manutenção do anonimato. 

Depois que a dupla desapareceu, o inquérito conduzido por Fábio Peró teve um feito emblemático: apreendeu no dia 19 de maio um arsenal que estava escondido em uma casa no Bairro Monte Líbano. Eram seis fuzis (dois deles AK-47) além de dezenas de pistolas, revólveres, espingardas e milhares de munições. 

O guarda municipal Marcelo Rios, que custodiava o material, está preso desde então. Depois desta prisão em flagrante, com todos os suspeitos monitorados e com a análise das mídias eletrônicas apreendidas, os policiais do Garras e os promotores do Gaeco chegaram ao grupo, supostamente liderado pela família Name, preso na sexta-feira, 27 de setembro. 

SES

Na contramão do Brasil, MS registra menor na taxa de gravidez na adolescência em 10 anos

Na última década, a tendência de queda nos registros de gestação em adolescentes até 19 anos caiu 1,54%, enquanto a taxa nacional aumentou no mesmo período

23/12/2025 15h30

Entre 2022 e 2025, o índice de gravidez na adolescência caiu de 14,92% para 12,65%

Entre 2022 e 2025, o índice de gravidez na adolescência caiu de 14,92% para 12,65% Foto: Pixabay

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Mato Grosso do Sul registrou, em 2025, o menor registro de gravidez na adolescência em dez anos. A tendência de redução dos registros vem sendo notado na última década, indo na contramão do índice nacional, que registra aumento nos números. 

Entre 2022 e 2025, o índice caiu de 14,92% para 12,65%, segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc). No mesmo período, o Brasil registrou um aumento de 3,87% de mães adolescentes, enquanto Mato Grosso do Sul reduziu 1,54%. 

O resultado está diretamente ligado à ampliação das ofertas de contraceptivos de longa duração (LARC), especialmente na rede pública. É o que explica a Coordenadora de Saúde da Mulher, Criança e Maternidade da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Andriely Gomes. 

“A expansão dos LARCs tem impacto direto no indicador. Quando a adolescente tem acesso a um método de longa duração, seguro e gratuito, ela evita uma gravidez não planejada e conquista mais autonomia sobre suas escolhas. Esse acesso ampliado explica parte importante da redução que observamos no Estado”. 

A iniciativa da oferta ocorre desde 2009 através de financiamentos pelo Governo do Estado, juntamente de ações educativas e qualificação das equipes da Atenção Primária. 

Ações e expansão

A implantação dos LARCs teve aceleração em 2025 através da expansão de capacitações nos municípios de Nova Andradina, Campo Grande e Costa Rica para inserção de DIU e implantes com protocolo atualizado. 

Além disso, a SES intensificou ações educativas com nove oficinas territoriais do projeto “Educar para Transformar”, além de uma webaula estadual sobre Prevenção do HPV e a Gravidez na Adolescência, que reuniu representantes dos 79 municípios. 

Também foram disponibilizados três mil unidades do dispositivo Implanon no Sistema Único de Saúde de Campo Grande, para mulheres entre 18 e 49 anos de idade na Capital. 

Médicos e enfermeiros receberam capacitação para ampliar a quantidade de profissionais capacitados para a realização do procedimento, garantindo que o método chegue a todas as regiões da cidade. 

As ações e oferta qualificada dos métodos fortalece a prevenção da gravidez não planejada, especialmente entre as adolescentes em situação de vulnerabilidade, além de reforçar abordagens acolhedoras e livre de tabus sobre saúde sexual. 

“A informação correta e o acolhimento fazem diferença. Quando a adolescente encontra uma equipe preparada para conversar sem julgamento, ela entende que tem direitos, tem opções e pode planejar seu futuro”, explica Andriely.

Tendência de queda

Entre 2015 e 2025, o número de nascidos vivos de mães entre 15 e 19 anos de idade caiu de 8.315 para 2.861 em Mato Grosso do Sul. 

Entre as mães menores de 15 anos, a taxa caiu de 514 para 171 no mesmo período. Mesmo com os avanços, Andriely destaca que ainda há desafios. 

“Seguimos trabalhando para que nenhuma adolescente engravide por falta de informação, apoio ou acesso a métodos seguros”.

A secretaria de saúde de Mato Grosso do Sul reforça que segue ampliando a qualificação das equipes, fortalecendo o trabalho juntamente com educação e assistência social, expandindo a oferta de métodos contraceptivos para todos os municípios. 

“Cada ponto reduzido representa uma menina que tem mais tempo para estudar, sonhar e construir seu próprio caminho. Essa é a política pública que transforma vidas”, conclui Andriely.


 

Decreto

Presos por quebra-quebra em Brasília ficam de fora de "saidinha" natalina

Também não terão direito ao indulto pessoas condenadas por crimes hediondos e equiparados

23/12/2025 14h30

Foto: Presidência da República

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O Decreto nº 12.790, publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira (23) e assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concede indulto natalino e comutação de pena a pessoas condenadas ou submetidas a medidas de segurança, mas exclui explicitamente os condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

Enquadrados em crimes contra o Estado Democrático de Direito, não poderão acessar o benefício da "saidinha" de fim ano em 2025.

Também não terão direito ao indulto pessoas condenadas por crimes hediondos e equiparados; tortura, terrorismo e tráfico de drogas; crimes contra a administração pública, em determinadas hipóteses; crimes contra o Estado Democrático de Direito; violência contra a mulher e crimes sexuais e ambientais.

Tradicionalmente editado todos os anos, o decreto mantém as linhas gerais do ato anterior, mas traz inovações e critérios objetivos para aplicação no sistema de justiça penal, ao mesmo tempo em que preserva restrições rigorosas para crimes considerados graves.

Casal de MS

Em decisão recente, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, por unanimidade, o casal de servidores públicos Cláudio José Jacomeli e Clarice Custódio Jacomeli, de Naviraí, interior do Estado a 14 anos de pena e ao pagamento de R$ 30 milhões em indenização por danos morais coletivos, por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

A decisão foi tomada em sessão virtual realizada entre 14 e 25 de novembro deste ano, onde ambos receberam pena de 14 anos, sendo 12 anos e 6 meses de reclusão e 1 ano e 6 meses de detenção.

Os dois gastaram R$ 640 para ir a Brasília e foram identificados em vídeos gravados durante a depredação, nos quais aparecem incentivando os atos contra o patrimônio público.

Na ocasião, Clarice afirma: “Estamos fazendo inveja pra esse pessoal que não tem coragem”. Ao lado dela, Cláudio diz “temos que buscar o que é nosso, a liberdade”. Cláudio é aposentado e ex-analista judiciário do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), enquanto sua esposa, à época dos fatos, era professora da rede municipal naviraiense. 

Condenados 8 de janeiro

Em agosto deste ano, a Procuradoria-Geral da República (PGR) divulgou balanço das condenações impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) aos executores dos atos.

À época, mais de 600 pessoas já haviam sido condenadas por crimes como associação criminosa armada, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado, abolição violenta do Estado Democrático tá de Direito e tentativa de golpe de Estado. 

Pelo mecanismo jurídico do pagamento solidário, todos os condenados são responsáveis pelo valor total da indenização, independentemente da divisão individual.

Quem pode ser beneficiado?

O indulto natalino será concedido, entre outros grupos, a:

  • Gestantes com gravidez de alto risco;
  • Mães e avós condenadas por crimes sem grave ameaça ou violência, desde que comprovem ser essenciais aos cuidados de adolescentes de até *16 anos* (ampliação em relação ao limite anterior de 14 anos);
  • Pessoas infectadas por HIV em estágio terminal ou com doenças graves, crônicas ou altamente contagiosas, sem possibilidade de atendimento adequado no sistema prisional;
  • Detentos com transtorno do espectro autista severo;
  • Presos que se tornaram paraplégicos, tetraplégicos, cegos ou que apresentem outras deficiências graves;
  • Pessoas com mais de 60 anos, responsáveis por crianças de até 12 anos ou acometidas por doenças graves, com facilitação das condições para acesso ao benefício.

Outra novidade para este ano é a redução do tempo mínimo de cumprimento de pena para presos que frequentem ou tenham frequentado cursos de ensino fundamental, médio, superior, profissionalizante ou de requalificação profissional, como forma de incentivo à educação e à reintegração social.

Também permanecem fora do benefício líderes de facções criminosas, integrantes relevantes de organizações criminosas, presos submetidos ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) e custodiados em presídios de segurança máxima.

Saiba*

O indulto natalino está previsto na Constituição Federal e representa uma prerrogativa exclusiva do presidente da República. Em 2019, o STF confirmou a constitucionalidade desse poder.

Para ter acesso ao benefício, é necessário que o advogado ou a Defensoria Pública apresente pedido formal ao juízo da execução penal, que analisará o enquadramento do condenado nos critérios estabelecidos.

Segundo o governo, a medida reafirma uma política penal equilibrada, que combina repressão a crimes graves com a promoção da dignidade da pessoa humana, da proporcionalidade e da reintegração social sem abrir margem para o perdão de atos que atentem contra a democracia.

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