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Operação da PF contra o tráfico tomou casa do prefeito "mais louco do Brasil"

Juliano Ferro (PSDB) comprou a casa de um suposto traficante quando ainda era vereador e nunca fez o registro no cartório. Agora, ela foi apreendida pela Justiça

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Alvo de um inquérito da Polícia Federal por supostas declarações falsas de patrimônio à Justiça Eleitoral, o prefeito de Ivinhema, Juliano Ferro (PSDB), teve sua residência apreendida pela Justiça Federal durante a operação de 8 de agosto que resultou na prisão de dois traficantes.

Na operação, o chefe da quadrilha, porém, conseguiu escapar.  

Embora tenha entrado oficialmente na mira da PF por conta da legislação eleitoral, o prefeito que se diz "o mais louco do Brasil" estava sendo monitorado bem antes da prisão do traficante do qual ele comprou uma caminhonete de luxo e a casa de 300 metros quadrados onde reside com a família. 

A operação que resultou na prisão de Luiz Carlos Honório ocorreu em 8 de agosto deste ano. Segundo a Polícia Federal, ele seria integrante de uma quadrilha e proprietário de um carregamento de  3,4 toneladas de maconha interceptado em junho de 2021. 

Porém, oito dias antes da operação, o prefeito Juliano Ferro disse, em depoimento prestado no dia 3 de setembro, “que ficou meio assim, por causa dos senhores da PF que estava com viatura descaracterizada” tirando fotos da prefeitura. 

O prefeito, acompanhado com mais dois homens, chegou a abordar estas pessoas que estavam em um Jeep Compass. Em seu depoimento, contudo, não fica claro se estas pessoas se identificaram como sendo agentes da Polícia Federal ou se chegou a essa conclusão por algum outro meio dias depois.

No depoimento garantiu ao delegado Marcelo Guimarães Mascarenhas, da PF de Ponta Porã, que chegou a fazer consultas nos sistemas de registro de veículos, mas não conseguiu descobrir a quem pertencia o veículo, que estaria usando placas inexistentes no sistema oficial de registros. 

Agora, a PF tenta descobrir se ele realmente fez estas consultas e quem o teria ajudado, já que é necessário ter alguma senha de servidor público para ter acesso a determinadas informações.

Até o dia 27 de setembro, última movimentação do inquérito, a PF ainda não havia recebido o retorno sobre o pedido de varredura. 

CAÇADA

Com 768 mil seguidores no Instagram, o prefeito digital influencer chegou a postar vídeo na rede social relatando esta suposta  arapongagem, que ele suspeitava ser ação de algum adversário político, já que ele disputa a reeleição. 

O vídeo foi deletado e somente mais tarde, ao que ele dá a entender, descobriu que se tratava de agentes da Polícia Federal que estavam “caçando” narcotraficantes na região e por isso monitoravam a prefeitura. 

Oito dias depois deste episódio, dois suspeitos foram presos pela PF em Ivinhema e Angélica. Um deles foi justamente Luiz Carlos Honório, do qual comprou a casa que foi sequestrada agora.

Depois disso, uma das formas para tomar o depoimento do prefeito a respeito de sua relação com este traficante foi a instauração do inquérito para investigar suas declarações de patrimônio à Justiça Eleitoral. 

Conforme a PF, o prefeito ostenta nas redes sociais ser proprietário de uma Dodge Ram e de uma Silverado, que juntas estão avaliadas em pelo menos R$ 800 mil.

Mas, à Justiça ele declarou ser proprietário de um Gol, um Uno e uma F-1000, todos com mais de dez anos de uso. Em seu depoimento, admitiu que há muito não possui mais estes veículos. 

Ao ser indagado por que não declarou as caminhonetes, alegou que nunca estiveram em seu nome e que já vendeu a Dodge Ram.

A Silverado ele diz ter comprado de Luiz Carlos Honório, por indicação de Piramboia, em janeiro deste ano e que somente pagaria em janeiro de 2025, quando seria trocado um cheque de R$ 380 mil que teria entregado ao traficante. 

Além disso, diz ter entregado a ele um veículo Troler, de R$ 140 mil, que também nunca chegou a estar registrado em seu nome e que também não foi passado oficialmente para o nome de Luiz Carlos. 

A CASA

Ainda quando era vereador, Juliano Ferro comprou uma casa de Luiz Carlos Honório. Ela foi declarada à Justiça Eleitoral pelo valor de R$ 750 mil, mas a PF acredita que valha bem mais. 

Para pagamento, segundo os dois declararam,  foi entregue uma casa de menor valor e uma série de carros, que nunca chegaram a ser registrado no nome de nenhum deles. 

Esta casa, da acordo com o prefeito, foi escriturada em seu nome e por isso declarada à Justiça.

Porém, nunca foi feito emitido o documento final da transação, o chamado registro.

E, sem este documento, um imóvel pode ser penhorado mais de uma vez e inclusive ser bloqueado pela Justiça. 

E, um dia depois da Operação Lepidosiren, a esposa do prefeito foi ao cartório onde foi escriturada a casa da família. À Polícia Federal o prefeito negou que ela tenha tentado fazer o registro. Segundo ele, foi apenas em busca de informações. 

Indagado pela PF se a casa onde mora foi bloqueada pela Justiça, o prefeito informou que não sabe.

E, justamente por suspeitar deste bloqueio é que a mulher foi em busca de informações no cartório da cidade. 

Na operação do dia 8 de agosto, a Justiça apreendeu oito imóveis urbanos e sequestrou R$ 27 milhões em contas bancárias, mas não informou os nomes das pessoas atingidas. 

PIRAMBOIA

Naquela data, a Justiça determinou  a prisão de três pessoas, mas uma delas conseguiu escapar e seria justamente o chefe da quadrilha. O nome da operação, Lepidosiren, é exatamente uma referência a ele. 

Lepidosiren é o nome científico de uma espécie de peixe conhecida como Piramboia ("Piramboia" é um termo de origem tupi que significa "peixe-cobra).

Em seu depoimento, o prefeito disse ter tomado conhecimento de que esse Piramboia está foragido da Justiça e que foi ele quem lhe ofereceu a Silverado no começo do ano passado.

A PF aponta que esse Piramboia, identificado no inquérito somente como Ednaílson, é dono de uma garagem para compra e venda de veículos no pequeno distrito de Ipezal, no município de Angélica, próximo a Ivinhema. 

Apesar de ser localizada em um povoado remoto, a garagem parecia ser altamente lucrativa, tanto que Piramboia costumava transitar em uma Porsche Cayene, que pode variar de R$ 700 mil a R$ 1,3 milhão, dependendo do modelo.

Para a PF, porém, ela era usada para lavagem de dinheiro procedente do narcotráfico. 

 E deste “garagista” que o prefeito “mais louco do Brasil” recebeu a Silverado de R$ 519 mil e ficou de pagar somente um ano depois, em janeiro de 2025. 

O Correio do Estado tentou falar com o prefeito Juliano Ferro na terça-feira e nesta quarta-feira, mas ele não atendeu o celular e nem deu retorno à mensagem enviada por WhatsApp. 


 

CAMPO GRANDE

Bioparque Pantanal terá Papai Noel mergulhador em programação especial de Natal

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

14/12/2025 18h00

Atração promete encantar visitantes de todas as idades

Atração promete encantar visitantes de todas as idades Divulgação/ Gov MS

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O Bioparque Pantanal preparou uma programação especial de Natal para receber o público em dezembro, com uma das atrações mais aguardadas do período: o Papai Noel Mergulhador.

A apresentação está marcada para as 10h dos dias 23 e 24 e promete surpreender famílias e visitantes ao unir magia, educação ambiental e o contato direto com a biodiversidade.

A ação, que já se tornou tradicional no calendário do atrativo, leva o personagem natalino para dentro dos tanques, reforçando de forma lúdica a importância da conservação ambiental e da relação harmoniosa entre o ser humano e a natureza.

Atenção nos horários!

No dia 24 de dezembro, o Bioparque Pantanal funcionará em horário especial, das 8h30 às 14h30, permitindo que o público aproveite a véspera de Natal com uma experiência diferente em um dos maiores complexos de água doce do mundo. O último horário de entrada será até 13h30.

Já nos dias 25 e 31 de dezembro, não haverá visitação. O empreendimento também permanecerá fechado entre 1º e 7 de janeiro de 2026, período destinado à realização de manutenções internas, voltadas à segurança dos visitantes e ao bem-estar dos animais. As atividades serão retomadas normalmente no dia 8 de janeiro.

Bioparque Pantanal

Inaugurado em março de 2022, o Bioparque Pantanal já recebeu mais de 1 milhão de visitantes e se consolidou como referência nacional em turismo científico, inclusivo, sustentável e contemplativo. O espaço é reconhecido pela estrutura moderna e pelo compromisso com a educação ambiental, acessibilidade e conservação da fauna.

A visita ao Bioparque Pantanal é gratuita, mas o agendamento é obrigatório e deve ser feito exclusivamente pelo site bioparquepantanal.ms.gov.br.

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MANIFESTAÇÃO

"Sem anistia", manifestantes protestam contra PL da Dosimetria em todo o Brasil

Atos ocorreram em diversas cidades e classificam projeto como anistia disfarçada aos envolvidos no 8 de Janeiro

14/12/2025 17h00

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo Divulgação/ Agência Brasil

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Manifestantes de diversas cidades brasileiras foram às ruas neste domingo (14) em protesto contra a aprovação do chamado Projeto de Lei da Dosimetria, que altera o cálculo das penas aplicadas aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para os organizadores, o texto representa uma “anistia disfarçada” e abre caminho para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e integrantes de seu governo.

Os atos foram organizados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reuniram movimentos sociais, centrais sindicais, estudantes e partidos de esquerda. Pela manhã, manifestações ocorreram em capitais como Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Maceió, Fortaleza, Salvador e Brasília.

Na capital federal, o protesto teve início em frente ao Museu da República e seguiu em direção ao Congresso Nacional. Durante o trajeto, manifestantes entoaram palavras de ordem e exibiram cartazes com frases como “Sem anistia para golpista” e críticas diretas ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Campo Grande

Em resposta a aprovação por 291 a 148 votos na última quarta-feira (10), centenas de campo-grandenses liberais se encontraram na esquina da Rua 14 de Julho com a Avenida Afonso Pena para protestar contra a tentativa de Anistia das pessoas que foram condenadas pelo 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além de apoiadores, a manifestação contou com a presença de algumas autoridades da esquerda de MS, como o deputado estadual Pedro Kemp (PT), que foi o primeiro político a chegar no local.

Em conversa com a reportagem, o parlamentar falou sobre o movimento desta manhã e a importância de dar uma rápida resposta ao PL da Dosimetria.

"Mais uma vez, a população dá um recado para a Câmara dos Deputados, que está votando na contramão de tudo aquilo que a população deseja, porque quem atentou contra a democracia, quem quebrou a série dos poderes em Brasília, quem tentou dar um golpe de estado no Brasil tem que ser condenado e pagar por esses crimes. Dar uma lição na história de que nós não aceitamos mais golpes no Brasil", disse o petista.

O ex-deputado estadual e agora candidato ao governo de Mato Grosso do Sul pelo Partido dos Trabalhadores, como oficializado neste sábado (13) pelo presidente do partido, Fábio Trad também compareceu ao protesto.

"É um momento muito importante, mas não só para a esquerda, para todos os democratas. Eu convido também a direita liberal que respeita a democracia, aquela direita dos anos 90 que respeitava a vontade das urnas, que não apoiava os Estados Unidos contra o próprio Brasil. Ela deveria estar aqui conosco, porque o que está em jogo aqui hoje não é só uma disputa partidária, é uma questão de civilização e barbárie", destaca.

Paulista ocupada

Em São Paulo, a Avenida Paulista foi ocupada por manifestantes concentrados nos quarteirões próximos ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O ato reuniu representantes de sindicatos, movimentos sociais, estudantis e partidos políticos contrários ao projeto.

Durante o protesto, o coro de “sem anistia” foi repetido diversas vezes. Cartazes com dizeres como “Congresso inimigo do povo” ganharam destaque, assim como críticas ao comando da Câmara. Parte dos participantes vestiu roupas verde e amarelas para reforçar a rejeição à anistia dos envolvidos nos atos golpistas.

A votação do PL na Câmara ocorreu em meio a um episódio de tensão, após a retirada forçada do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da Mesa Diretora pela Polícia Legislativa. Jornalistas foram impedidos de acompanhar a ação, e profissionais da imprensa relataram agressões.

Parlamentares da oposição avaliam que, com as mudanças previstas no texto, Bolsonaro poderia ter a pena reduzida de 7 anos e 8 meses para cerca de 2 anos e 4 meses em regime fechado, conforme o cálculo atual da Vara de Execuções Penais.

Segundo Juliana Donato, da Frente Povo Sem Medo, a mobilização foi motivada pela gravidade da proposta. “Nós entendemos que isso é uma anistia. Os crimes cometidos contra a democracia são muito graves e não podem ser perdoados. A impunidade abre espaço para novas tentativas de golpe”, afirmou. Ela acredita que a pressão popular pode influenciar a tramitação do projeto no Senado.

Protestos no Rio

No Rio de Janeiro, milhares de pessoas ocuparam as ruas próximas ao Posto 5, em Copacabana. O ato contou com a participação de movimentos sociais, sindicatos, estudantes, parlamentares, artistas e militantes de esquerda.

A manifestação ganhou caráter cultural com a participação de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que se apresentaram durante a tarde. O evento foi batizado de “Ato Musical 2: o retorno”, em referência a uma mobilização anterior contra a PEC da Blindagem.

Além do PL da Dosimetria, os participantes protestaram contra a escala de seis dias de trabalho por um de descanso, o marco temporal para demarcação de terras indígenas, o feminicídio e cobraram transparência em investigações envolvendo o Banco Master.

Uma performance realizada por um grupo de mulheres chamou atenção ao comparar parlamentares favoráveis ao projeto a “ratos traiçoeiros”, com a distribuição de animais de borracha e fotos de deputados que votaram pela redução das penas.

A aposentada Angela Tarnapolsky, de 72 anos, afirmou que não poderia se omitir diante do que considera retrocessos democráticos. “Depois de tudo o que vivi desde a ditadura, é impossível aceitar um Congresso com esse nível de retrocesso”, declarou.

O deputado Glauber Braga participou do ato e agradeceu o apoio popular. Com a suspensão de seu mandato por seis meses, ele afirmou que levará o gabinete “para as ruas” e seguirá mobilizado contra o PL da Dosimetria e contra as chamadas emendas Pix, que permitem repasses de recursos públicos sem detalhamento do uso.

O que prevê o projeto

O PL da Dosimetria estabelece que os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito, quando cometidos no mesmo contexto, sejam punidos apenas com a pena mais grave, e não pela soma das penas. O texto também reduz o tempo necessário para a progressão de regime, do fechado para o semiaberto ou aberto.

A proposta pode beneficiar, além de Bolsonaro, militares e ex-integrantes do alto escalão do governo anterior, como Almir Garnier, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Augusto Heleno.

Parlamentares da oposição preveem, para o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o total da redução pode levar ao cumprimento de 2 anos e 4 meses em regime fechado em vez dos 7 anos e 8 meses pelo cálculo atual da vara de execução penal, segundo a Agência Câmara de Notícias. Mas a definição dos novos prazos será do STF e pode ser influenciada pelo trabalho e estudo em regime domiciliar, que diminuem o período de prisão.

O texto original previa anistia a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e dos acusados dos quatro grupos relacionados à tentativa de golpe de Estado julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mas esse artigo foi retirado do projeto.

**Colaborou Felipe Machado**

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