Cidades

CLIMA

Chuva voltará mais ácida que o normal após queimadas, dizem especialistas

Poluição decorrente das queimadas do Pantanal também influencia no pH das primeiras precipitações, que devem ser evitadas pela população

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Por mais tentador que seja, a chuva que deve cair nos próximos dias em Mato Grosso do Sul não deve ser utilizada pela população para banhos ou mesmo consumo sem tratamento. 

Mais ácida do que o normal, ela carrega os diversos componentes químicos e poluentes resultantes das queimadas na região do Pantanal.  

“A água da chuva em geral já é um pouco mais ácida do que o normal. Enquanto a água tem um pH de 7, a água da chuva tem um pH de 5,6, justamente por causa da interação do dióxido de carbono, isso mesmo em condições limpas. Agora no período de queimadas, nós temos na atmosfera óxido de nitrogênio e óxido de enxofre. Esses óxidos reagem para formar uma precipitação ácida”, explica o professor Widinei Alves Fernandes, doutor em Geofísica Espacial pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

Com as queimadas há semanas no Pantanal, a chuva deve ser mais ácida e poluída do que o normal. 

“Essa chuva aumenta a chance de corrosão em construções, tem danos à vegetação, tem impacto na floresta; até a acidez dos lagos vai mudar, porque você está injetando lá algo diferente”, indica.  

Fernandes ressalta ainda que as fuligens decorrentes das queimadas também podem voltar à terra junto das primeiras chuvas. 

“Se houver na atmosfera fuligem, também a atmosfera vai lavar essas partículas. Eu acredito que o nível mais perigoso já passou e vai melhorar nos próximos dias, porque os ventos vão deslocando essa poluição. Se a chuva ocorrer na região onde tem essa fuligem, essas partículas vão descer, que é o que hoje as pessoas chamam de chuva negra – que a origem da palavra se dá a chuva radioativa do passado, mas que hoje se usa esse termo para falar dessas condições”, indica.

Segundo o especialista, em 2019 ocorreu a chuva negra em São Paulo.  

ATRASO NAS CHUVAS

As queimadas também podem ter influenciado no regime de chuvas, inclusive no atraso das precipitações, previstas para a semana passada. 

Segundo o professor, para a chuva ocorrer é necessário o vapor de água, calor e partículas sólidas, como poeira ou até mesmo as queimadas.  

Porém, com o número excessivo de queimadas e, consequentemente, partículas, o processo acaba sofrendo um desiquilíbrio. 

“Com as queimadas, a quantidade de partículas aumenta muito. Isso faz com que a gota da nuvem se inicie com um tamanho muito pequeno, ou seja, essa gota vai ter um tempo de vida maior até ela crescer a ponto de formar uma gota, se precipitar e cair no solo. 

Quando ela inicia pequena, a tendência é que às vezes ela não consiga crescer o suficiente e que toda aquela umidade se evapore antes de se tornar chuva”, indica.  

Segundo Fernandes, é necessário analisar outros pontos para definir o porquê da demora na ocorrência das precipitações, mas esse pode ser um dos motivos. 

“Essas queimadas impactam no regime de chuva. É um evento que a gente sabe que ocorre, sim”, frisa. 

Restrição

A concentração de poluentes no ar de Mato Grosso do Sul cresceu em setembro, em razão das queimada no Pantanal. Dados de satélite indicam que só de dióxido de nitrogênio houve uma concentração quatro vezes maior este mês no Estado.

CUIDADO

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Agência emitiu alerta sobre compra e consumo desses medicamentos

21/12/2025 22h00

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas

Anvisa alerta para riscos de canetas emagrecedoras manipuladas Divulgação

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Popularizadas por influenciadores e celebridades, as chamadas canetas emagrecedoras, como Mounjaro e Ozempic, vêm sendo cada vez mais buscadas por pessoas que desejam emagrecer de forma rápida, muitas vezes sem orientação médica e sem nenhum critério.

Diante da procura desenfreada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta sobre a compra e consumo desses medicamentos. Segundo a Anvisa, a venda e o uso de canetas emagrecedoras falsas representam um sério risco à saúde e é considerado um crime hediondo no país.

A farmacêutica Natally Rosa esclarece que o uso de versões manipuladas ou de origem desconhecida é uma prática perigosa.

"Uma pessoa que ela se submete, que ela é exposta ao uso de um medicamento fora dessas regulamentações, os riscos dela, com certeza, estão exacerbados. Desde a ausência de uma resposta ideal, como as contaminantes."

A farmacêutica destaca o que observar na embalagem e no produto para conferir sua autenticidade:

"Temos alguns sinais. A própria embalagem já chama a atenção, já que as bulas são de fácil acesso na internet. Então, qual é a apresentação física dessa embalagem? De que forma que ela se apresenta? Como está o rótulo? O rótulo está no idioma do Brasil? Do nosso idioma aqui? Não deve estar em outras línguas, por exemplo. Existe lote e validade de fácil acesso? Você consegue identificar? A leitura, a descrição do medicamento, o princípio ativo, ela precisa estar bem legível. Todas as informações precisam estar bem claras."

Ela também chama a atenção para valores: preços muito abaixo do praticado no mercado são sinal de alerta grave. O medicamento só é vendido com apresentação e retenção da receita médica.

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BRASIL

Dilma será indenizada por tortura física e psicológica na ditadura

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

21/12/2025 21h00

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências

Presa por três anos, ela foi submetida a choques e mais violências Comissão da Verdade/Divulgação

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A ex-presidente Dilma Rousseff receberá, da União, uma indenização de R$ 400 mil por danos morais, em razão de perseguição política e tortura durante a ditadura militar no Brasil. A decisão foi proferida na última quinta-feira (18) pela 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que também determinou o pagamento de uma reparação econômica mensal, em razão da demissão que ela sofreu na época.

O relator do caso, desembargador federal João Carlos Mayer Soares, afirmou que os atos praticados pelo Estado caracterizam grave violação de direitos fundamentais e ensejam reparação por danos morais.

“Foi evidenciada a submissão [de Dilma] a reiterados e prolongados atos de perseguição política durante o regime militar, incluindo prisões ilegais e práticas sistemáticas de tortura física e psicológica, perpetradas por agentes estatais, com repercussões permanentes sobre sua integridade física e psíquica”, diz Soares.

Ao longo dos anos, a ex-presidente deu diversos depoimentos sobre os interrogatórios violentos que sofreu. A tortura contra Dilma incluiu choques elétricos, pau de arara, palmatória, afogamento, nudez e privação de alimentos, que levaram a hemorragias, perda de dentes, entre outras consequências de saúde.

Dilma Rousseff foi presa em 1970, aos 22 anos, e passou quase três anos detida, respondendo a diversos inquéritos em órgãos militares em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Após deixar a prisão, Dilma mudou-se para o Rio Grande do Sul e, em 1975, começou a trabalhar na Fundação de Economia e Estatística (FEE) do estado.

Ela continuou sendo monitorada pelo Serviço Nacional de Informações (SNI) até o final de 1988 e perseguida por seu posicionamento político de críticas e oposição ao governo militar. Em 1977, o ministro do Exército à época, Silvio Frota, divulgou uma lista do que chamou de “comunistas infiltrados no governo”, que incluía o nome de Dilma, o que acarretou na sua demissão.

De acordo com o desembargador federal, o valor da prestação mensal, permanente e continuada, a ser paga pela União, deve ser calculada de modo a refletir a remuneração que receberia caso não tivesse sido alvo de perseguição política.

Anistia política

Em maio desse ano, a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania reconheceu a anistia política à Dilma Rousseff e também fez um pedido de desculpas pelos atos perpetrados pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar.

Para o colegiado, ficou comprovado que o afastamento de Dilma de suas atividades remuneradas, à época, ocorreu por motivação exclusivamente política.

Então, foi determinado o pagamento de R$ 100 mil de reparação econômica, em parcela única, que é o teto de pagamento previsto na Constituição para esses casos.

Entretanto, para a 6ª Turma do TRF1, é assegurada a prestação mensal, permanente e continuada aos anistiados que comprovem o vínculo com atividade laboral à época da perseguição política, “ficando prejudicada a prestação única anteriormente concedida na esfera administrativa”.

Após a redemocratização de 1988, a ex-presidente também teve a condição de anistiada política reconhecida e declarada por quatro comissões estaduais de anistia, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebendo outras reparações econômicas simbólicas.

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