Mato Grosso do Sul projeta chegar a 50 mil hectares de citricultura até 2030, em meio à expansão da atividade e ao crescente interesse de produtores e empresas do setor, sobretudo voltado à produção de laranja.
Com a expectativa de crescimento gradual, técnicos avaliam que atingir 50 mil hectares no longo prazo pode criar condições para atrair uma indústria de processamento de suco, hoje concentrada no interior paulista.
A expansão debatida, em Três Lagoas, durante o Encontro Regional de Capacitação da Citricultura, reuniu equipes técnicas de cerca de 20 municípios da Costa Leste, além de representantes da Semadesc, Iagro, Agraer e Prefeitura.
Atualmente, o estado contabiliza 15 mil hectares plantados, distribuídos em 60 propriedades, com cerca de 7 milhões de mudas em desenvolvimento. De acordo com técnicos, a disponibilidade de terras, o clima favorável e investimentos em infraestrutura logística estão entre os fatores que têm estimulado o avanço da atividade.
O encontro abordou procedimentos de fiscalização, práticas de manejo, atualizações sanitárias e o impacto da crise que reduziu em 44% os pomares de São Paulo, principal polo citrícola do país.
Para o titular da Secretaria de Meio Ambiente Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) Jaime Verruck, a produção está ligada integralmente com a capacidade dos produtores em não tolerar a murta, hospedeira da laranja.
"Teremos tolerância zero com a murta, e diferentemente do que ocorreu nos pomares de São Paulo, se identificarmos um pé de laranja com a presença do hospedeiro, imediatamente nos substituiremos essa planta para assim atender todas as exigências sanitárias que implicam em exportar esse produto", destacou o secretário.
Diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, afirmou que o órgão tem intensificado ações de vigilância para prevenir a entrada de doenças que afetam pomares em outros estados. Já o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, destacou que a capacitação das equipes municipais é considerada essencial para manter padrões de manejo e fiscalização.
Agrônomo e professor da USP, Marcos Fava Neves, explicou que o movimento ocorre por limitações enfrentadas em São Paulo.
“A citricultura vem para cá porque em São Paulo está com problemas, porque não faria sentido fazer uma produção longe da fábrica. Então a citricultura foi para Minas Gerais e veio para cá. Se nós chegarmos a uma produção de 25 mil toneladas, as fábricas chegam junto. Quanto mais o estado puder gerar transversalidade de produção, cresce o PIB, a arrecadação, a geração de emprego, e a laranja produzida aqui vai para São Paulo e, com isso, entra na logística de produção”, afirmou.
Para Juliano Aires, do Fundecitrus, o estado reúne condições para desenvolver pomares de alto padrão.
“Teremos uma citricultura top mundial, sadia e de altíssima qualidade. A proximidade de São Paulo vai nos aproximar da produção de suco futuramente, e a produção sul-mato-grossense garante uma qualidade incontestável”, disse.

Saiba
O encontro faz parte do MS Citrus Summit, que conta com a presença do governador Eduardo Riedel, que nesta quinta-feira (11) faz visita técnica à Fazenda Paraíso, localizada no Distrito de Garcias, que atualmente conta com 110 hectares de laranja em produção.


