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MEIO AMBIENTE

Com deficit de chuva, Pantanal de MS enfrenta novo ano de seca

No verão, só 2 estações registraram volume de chuva satisfatório; outras 10 estão com níveis negativos

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As condições críticas do clima em 2024 ainda não se afastaram totalmente do Pantanal e do Estado. Acompanhamento contínuo estatal e de outras instituições sinaliza que a estiagem não vai embora neste ano, que, justamente no período que seria o mais chuvoso (dezembro a março), acumula deficit de chuva até fevereiro. 

Esses dados foram apresentados no Comitê Estadual do Fogo de Mato Grosso do Sul, durante as discussões sobre prevenção e combate a incêndios, no fim do mês passado.

Na avaliação do acumulado de chuva das estações instaladas na região do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, 2 unidades tiveram chuvas acima da média e outras 10 não alcançaram números positivos. Esse cenário, analisado dentro do contexto de estiagem, ainda sugere grande preocupação. 

Em 2024, indicadores que cruzam informações da Agência Nacional das Águas, da Marinha do Brasil e do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) mostram que houve deficit de chuva no Pantanal de cerca de 1.000 milímetros, o equivalente a um ano normal de chuva no território.

Sem ter chovido o que seria normal durante um ano, a recuperação sinaliza ainda não estar garantida neste ano.

"O estudo aponta para um cenário de mudanças climáticas seguindo o que tem sido observado nos últimos anos, com períodos mais longos de estiagem e ondas de calor intensas. Em grande parte do Estado, as chuvas variam entre 400 mm e 500 mm, com exceção das regiões leste, nordeste e oeste, onde a precipitação média fica entre 300 mm e 400 mm nesse período. Já as temperaturas médias variam entre 24°C e 26°C, com ligeira elevação na região Noroeste (26°C a 28°C), enquanto nas regiões Sul e Sudeste ficam entre 22°C e 24°C", divulgou o Cemtec-MS em nota técnica.

Para fazer essa leitura da tendência meteorológica, os técnicos do Cemtec-MS compilaram diferentes estudos, entre eles, a previsão do Ensemble da Organização Mundial de Meteorologia (WMO), que é o conjunto de seus modelos meteorológicos.

A proposta desse trabalho é subsidiar políticas públicas em Mato Grosso do Sul para mitigar os problemas causados por essas condições. Entre essas consequências estão um maior risco e a antecipação do período de registro de incêndios florestais no Pantanal, ocorrência de doenças associadas ao calor extremo, possível falta de abastecimento de água em algumas regiões e impactos negativos para a agricultura e a pecuária.

"A conclusão dos técnicos é de que as chuvas devem ficar ligeiramente abaixo ou próximo da média histórica para o período de fevereiro/março/abril de 2025 em Mato Grosso do Sul. Associado a isso, as temperaturas tendem a ficar acima da média histórica, provavelmente favorecendo a formação de ondas de calor durante períodos de ausência de nuvens e chuvas", trouxe a nota do Cemtec-MS. 

RISCOS IMINENTES

A Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado (Fundect) indicou em 2024 que as mudanças climáticas em Mato Grosso do Sul estão causando efeitos significativos em ecossistemas, sociedade e economia. Também ponderou que o Estado está altamente vulnerável.

"Aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos e mudanças nos padrões de chuva e seca, afetando a produção agrícola, com prejuízos em safras e aumento de pragas e doenças. Declínio e extinção de espécies de plantas e animais, resultando em perda da biodiversidade regional. Impactos na saúde humana, que agravam os riscos ao aumentarem a propagação de doenças transmitidas por vetores como mosquitos, piorando a qualidade do ar e amplificando doenças relacionadas ao calor, especialmente em populações vulneráveis. Desafios à segurança alimentar e hídrica. Ampliação das desigualdades sociais e econômicas", elencou a Fundect, que abriu uma série de chamadas para subsidiar até 45 estudos.

Esses trabalhos científicos estão em andamento desde o ano passado, quando foram liberados R$ 6 milhões para subsidiar os pesquisadores. 

Com relação à prevenção dos incêndios florestais, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul divulgou que está fazendo a manutenção de equipamentos para atuar no possível combate. Também há treinamentos em andamento. 

"Vamos realizar uma série de cursos para preparação e aperfeiçoamento dos nossos militares. Para que o combate, quando houver necessidade, ocorra sempre de forma eficiente, especialmente no Pantanal", explicou o major e subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental (DPA) do Corpo de Bombeiros, Eduardo Teixeira.

O Prevfogo/Ibama ampliou seu período de permanência e estabeleceu uma base fixa em Corumbá, no Parque Municipal Marina Gatass. Agora, a cessão do espaço para a unidade federal vai até 2028 e está prevista a ampliação do número de brigadistas. 

Desde dezembro de 2024, o Prevfogo está com uma brigada permanente em funcionamento, algo inédito no Brasil. Antes, os brigadistas só eram contratados a partir de julho ou agosto para os períodos mais críticos.
Organizações também estão se mobilizando-se.

O Instituto Homem Pantaneiro (IHP), que tem sede em Corumbá, confirmou que está com sua brigada ambiental atuando desde janeiro e já promoveu uma ação de educação ambiental com crianças da Escola Municipal Rural de Educação Integral Polo São Lourenço e Extensões, que fica na comunidade Aterro do Binega, no Pantanal. 

No ano passado, o fogo chegou próximo dessa unidade de ensino e as crianças precisaram evacuar o local, ficando mais de uma semana sem aula. Também já houve o plantio de cerca de 3 mil mudas na região da Serra do Amolar.

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"Mais louco do Brasil" recebe ultimato para combater megaerosão

Justiça impôs multa diária de R$ 100 mil caso o prefeito de Ivinhema e a Agesul não tomarem providências para combater erosão

20/12/2025 19h30

Água de dois bairros sem drenagem provou erosão de 3,8 quilômetros na margem de rodovia na saída de Ivinhema para Angélica

Água de dois bairros sem drenagem provou erosão de 3,8 quilômetros na margem de rodovia na saída de Ivinhema para Angélica Ivinotícias

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Apesar de uma gigantesca erosão estar ameaçando destruir uma rodovia estadual, a MS-141, que está sob a responsabilidade do Governo do Estado, o prefeito Juliano Ferro, que se autodenomina "o mais louco do Brasil, também recebeu um ultimato da Justiça para que tome providências para tentar acabar com o problema. 

Segundo denúncia do Ministério Público acatada pela Justiça, a erosão ocorre porque falta drenagem no conjunto habitacional Salvador de Souza Lima e no Residencial Solar do Vale. A água destes dois bairros acabar descendo pela margem da MS-141, na saída de Ivinhema para Angélica, e provoca a erosão que se estende por cerca de 3,8 quilômetros.

E, por conta do risco de acidentes e por causa do grande volume de terra que foi arrastado para propriedades rurais vizinhas, a Justiça determinou multa diária de R$ 100 mil para a prefeitura, a Agesul (resposponsável pela manutenção da rodovia) e ao Governo do Estado caso não adotem medidas imediatas para conter a erosão. 

Mesmo com liminar anteriormente deferida, as fortes chuvas das últimas semanas agravaram o cenário e ao longo da última semana a promotoria realizar novas diligências no local e voltou à Justiça para exigir a imposição da multa, no que foi atendida..

Durante as vistorias, foram identificadas valas com cerca de 10 metros de largura e até dois metros de profundidade às margens da rodovia, além da exposição de tubulações de esgoto, que ficaram vulneráveis a rompimentos. 

De acordo com a promotoria, a situação representa risco concreto e iminente de acidentes de grandes proporções, inclusive com possibilidade de vítimas fatais, em um trecho por onde trafegam diariamente ônibus, veículos leves e caminhões pesados.

Diante dos novos fatos, o Promotor de Justiça Allan Thiago Barbosa Arakaki peticionou nos autos destacando a piora do quadro e a ameaça à segurança viária, à saúde pública e ao meio ambiente.

Ao analisar os documentos e fotografias apresentados pelo MPMS, o juiz Rodrigo Barbosa Sanches acolheu os pedidos e determinou que os requeridos iniciem, em até cinco dias, ações emergenciais para conter o escoamento das águas pluviais, realizem a manutenção dos sistemas de drenagem e apresentem, em até 60 dias, relatório técnico com as providências adotadas e os resultados obtidos.

Além da atuação judicial, o MPMS também dialogou com proprietários rurais afetados pelos danos, esclarecendo que prejuízos patrimoniais individuais poderão ser objeto de reparação específica.

Por conta desta terra e de outras erosões, o Córrego Piravevê, que desemboca no Rio Ivinhema e separa os municípios de Angélica e Ivinhema, praticamente desapareceu. O leito foi completamente tomado pela terra e a promotoria também já recorreu à Justiça para tentar obrigar a prefeitura e o Governo do Estado a fazerem a recuperação.

O Correio do Estado procurou o prefeito Juliano Ferro em busca de informações para saber se alguma providência já foi adotada nos dois bairros que dão origem à erosão, mas ele não deu retorno. 

 

 

atraso nas chuvas

Nível do Rio Paraguai começa a subir e traz alento à mineração

Nos últimos 12 dias subiu 24 centímetros na régua de Ladário, mas ainda está longe de alcançar o nível ideal para o transporte de minérios

20/12/2025 18h30

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

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Depois de chegar a 3,31 metros na régua de Ladário no dia 16 de julho, o nível do Rio Paraguai estava baixando ininterruptamente até o dia 8 de dezembro, quando atingiu a mínima de apenas 24 centímetros. Depois disso, começou a subir, mas tardiamente. No ano passado ele começou a subir quase dois meses mais cedo.

E, apesar de até agora as chuvas terem sido escassas na região norte de Mato Grosso do Sul e no sul de Mato Grosso, o nível do rio está melhorando nos últimos 12 dias e neste sábado amanheceu  em 54 centímetros. O nível ainda está longe do necessário, mas já traz alívio para o setor de transporte de minérios, que está praticamente parado faz dois meses. 

Nos dez primeiros meses do ano foram escoados, segundo dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), 7,6 milhões de toneldas de minérios pela hidrovias, batendo todos os recordes de movimentação. Incluindo grãos e outros produtos, o volume transportado pelo Rio Paraguai chega a 8,2 milhões de toneladas em dez meses de 2025.

Em 2023, que até então era o melhor ano do setor, o volume de minérios havia chegado a 5,6 milhões de toneladas nos dez primeiros meses do ano. Naquele ano, porém, havia muito mais água no rio e o pico da cheia chegou a 4,24 metros. Depois que ultrapassa os quatro metros em Ladário o rio começa a transbordar e a alagar a planície pantaneira.

No ano passado, quando atingiu seu pior nível da história, com 69 centímetros abaixo de zero na régua de Ladário, as chuvas fortes chegaram mais cedo e o Rio Paraguai começou a subir já a partir do dia 17 de outubro. 

Por conta disso, no dia 20 de dezembro já estava em 94 centímetros, o que é 40 centímetros acima do nível em que amanheceu neste sábado (20). Estas chuvas logo no início da temporada, em setembro do ano passado, foram fundamentais para que o transporte de minérios fosse retomado logo no começo de 2025.

O cenário, porém, será diferente no começo de 2026. Sem as dragagens que estão previstas no projeto de concessão da hidrovia, o nível ideal para o transporte é acima de 1,5 metro. Porém, as barcaças ainda descem pela hidrovia, com volume menor, até que o rio tenha em torno de um metro na régua de Ladário. 

E, como até agora os rios subiram pouco na região sul de Mato Grosso, a pespectiva é de que o nível em Ladário só chegue a 1,5 metro depois de janeiro, atrapalhando o transporte de minérios no primeiro mês do ano. Em janeiro de 2025, por exemplo, foram despachadas 521 mil toneladas de produtos. No final do mês o rio já estava em 1,34 metro. 

O nível se manteve acima de um metro até o dia 20 de outubro deste ano. No dia primeiro daquele mês ainda estava em 1,79 metro, mas recuou rapidamente e no final do mês estava em apenas 66 centímetros. Mesmo assim, segundo a Antaq, ainda foram despachadas 678 mil toneladas de minérios, o que equivale ao volome de cerca de 14 mil carretas bi-trem somente em outubro. 

TRIBUTÁRIOS IMPORTANTES

Embora os rios Miranda e Aquidauana desemboquem no Rio Paraguai abaixo da régua de Ladário, a água destes dois tributários é fundamental para melhorar a navegabilidade. E, esta semana foi a primeira vez que ambos superaram a marca dos quatro metros, segundo dados do Imasul. 

Na sexta-feira (19), em Aquidauana, o rio com o mesmo nome da cidade alcançou 4,56 metros, o que ainda é 1,5 metro abaixo do nível de alerta. Somente quando supera os 7,3 metros é que entre em situação de emergência. Ou seja, já se passaram quase quatro meses do período de chuvas e o Aquidauana não encheu nenhuma vez. 

Situação parecida ocorreu com o Miranda. Após as chuvas do começo da última semana, ele chegou a 4,48 metros na régua instalada próximo à cidade de Miranda. Ele também só entra em situação de emergência depois que ultrapassa os 7 metros, o que não aconteceu nenhuma vez na atual temporada de chuvas. 

O Rio Coxim, por sua vez, chegou a entrar em nível de alerta ao longo da última semana, ultrapassando os quatro metros. Mas, depois de alcançar 4,16 metros começou a baixar. Somente depois que ultrapassa os cinco metros é que se considera que ele encheu. 

O Rio Piquiri, na divisa com Mato Grosso, que entra em situação de emergência somente depois que ultrapassa os 5,8 metros, estava em apenas 2,12 metros nesta sexta-feira, apesar das chuvas que atingiram a região ao longo da semana. 


 

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