Aproximadamente 107 pessoas em 36 caminhonetes devem percorrer a partir desta sexta-feira (24), os 2,3 mil quilômetros da Rota Bioceânica até o litoral norte chileno. A terceira expedição da Rota de Integração Latina Americana (RILA) passará por 10 cidades e será um teste-driver para os governantes e empresários possam entender melhor os desafios do percurso que será a principal rota econômica do país. De acordo com a programação, os veículos devem chegar em Iquique (CHI), no dia 5 de dezembro.
“Entre ida e volta serão quase 5 mil quilômetros e sabemos que será um verdadeiro test-drive para os veículos, principalmente na Cordilheira dos Andes. Queremos mostrar aos empresários que essa rodovia já está apta para o uso e assim começar a fomentar a economia dos países participantes ", detalhou, Cláudio Cavol, que é diretor do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog).
Conforme a programação, um caminhão frigorífico da JBS com 13 toneladas de carne bovina deve ir junto com a frota. Segundo Cavol, o transporte deste veículo pela Cordilheira dos Andes será um grande desafio que valerá estudos mais específicos. “Serão 5 mil quilômetros em 5 dias de viagem direta. Os dados que temos em mãos é que um caminhão deve gastar entre 15 a 18 mil reais de diesel. Para termos uma certeza, faremos um frete experimental para vermos o que vamos enfrentar, já que ainda temos alguns pontos que será um grande desafio para os veículos mais pesados”, detalhou.
Os 2,3 mil quilômetros desta rota experimental devem passar por 8 cidades. Ela deve iniciar em Campo Grande, passando por Porto Murtinho; Loma Prata (PAR), Pozo Hondo (PAR); Tartagal (ARG), S.S Jujuy (ARG), San Pedro de Atacama (CHI) e Iquique (CHI).
Já no retorno, a expedição passará por 7 cidades, iniciando por Antofagasta (CHI), San Pedro de Atacama (CHI), S.S Jujuy (ARG), Salta (ARG), Tartagal (ARG), Asunción (PAR) e Campo Grande (BRA).
“Este percurso foi escolhido porque precisamos reduzir o preço do produto final que está agora entre 15 a 20%. A última vez que passamos pelas fronteiras, enfrentamos problemas na liberação de cargas. A última vez mesmo em 2013, ficamos 9 horas para passar os 25 veículos. Queremos agilizar esse processo para iniciarmos esta rota o mais rápido possível”, explicou o presidente da Setlog.
Ponto azul é o caminho de Ida e a Volta está em vermelho.
ROTA
A Rota Bioceânica é um corredor rodoviário com extensão de 2.396 km que ligará os dois maiores oceanos do planeta, Atlântico e Pacífico, partindo do Brasil e chegando aos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, passando pelo Paraguai e pela Argentina.
O projeto que começou a ser debatido em 2014 e que iniciou em 2017 tem a promessa de ampliar a relação comercial do Estado com países asiáticos e sul-americanos.
A ideia é que o corredor rodoviário entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile interligue o Pacífico e o Atlântico. Conforme estudo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), os custos para o envio da produção sul-mato-grossense serão reduzidos, além do tempo de viagem, que será encurtado em até 17 dias rumo ao mercado asiático.
A Rota Bioceânica terá potencial para movimentar US$ 1,5 bilhão por ano em exportações de carnes, açúcar, farelo de soja e couros para os outros países por onde passará.
OBRAS
O contorno rodoviário de Porto Murtinho terá aproximadamente 13,1 km e partirá do km 678 na BR-267. O prazo de execução será de 26 meses, com vigência de 29 meses.
A construção do acesso é considerada fundamental para dar celeridade à Rota Bioceânica, já que a ponte que está sendo construída por um consórcio binacional está avançada, com mais de 40% dela já concluída.
A ponte é financiada pela usina Itaipu Binacional no valor de 616, 836 milhões de guaranis (cerca de US$ 90 milhões) e tem uma extensão de 1.310 metros de comprimento e 20,10 metros de largura – projeto fundamental para viabilizar a Rota Bioceânica rodoviária, que possibilitará ligar o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, no Chile, tendo Porto Murtinho, em Mato Grosso do Sul, como ponto de saída do Brasil.
Rota Bioceânica será um desafio de estudos para os empresários
Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado


