A conselheira tutelar Néia Ibanheis foi agredida com um golpe de foice na cabeça pelo pai de uma criança que era atentida pelo Conselho Tutelar, em Bela Vista. A agressão ocorreu nessa terça-feira (20).
De acordo com informações da Polícia Civil, uma equipe do Conselho Tutelar do Município foi até uma residência, no bairro Cohab, para buscar a documentação de uma criança que estava sendo submetida a atendimento, quando foi recebida pela avó da menina.
No local, a conselheira informou sobre a possibilidade de reavaliação da guarda da criança, momento em que a avó iniciou uma discussão com a equipe, proferindo xingamentos aos servidores.
Durante a confusão, o filho da mulher, que é pai da criança, pegou uma foice que estava dentro da casa, foi até o portão e atingiu a conselheira com um golpe na região posterior da cabela, próximo a nuca, causando uma lesão grave.
Em seguida, ele tentou atacar os demais conselheiros que faziam parte da equipe, mas todos conseguiram fugir.
Conforme última informação divulgada, o estado de saúde da conselheira é estável.
O criminoso foi preso pela Polícia Militar enquanto tentava se esconder em um brejo próximo ao imóvel e foi encaminhado à Delegacia de Polícia Civil, onde foi autuado em flagrante pelo crime de homicídio qualificado, na forma tentada, com agravante de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Não foi divulgado quais situações ocorreram com a criança que motivaram a possibilidade da revisão de guarda e demais atendimentos.
Associação repudia
A Associação de Conselheiros Tutelares do Mato Grosso do Sul (ACETEMS) divulgou nota de repúdio ao ato de violência cometo ido contra a conselheira e demais servidores da equipe.
Segundo a entidade, " o ato configura uma grave violação aos direitos humanos, uma afronta direta à proteção da infância e à integridade dos profissionais que atuam na linha de frente da defesa de crianças e adolescentes".
Confira a nota na íntegra:
A Associação de Conselheiros Tutelares do Mato Grosso do Sul – ACETEMS, fundada em 2001, entidade representativa, sem fins lucrativos, que tem como objetivos representar os Conselheiros Tutelares (titular, suplente e ex-conselheiro), vem a público manifestar seu mais profundo repúdio ao ato de violência ocorrido data de 20/05/2025, que vitimou a Conselheira Tutelar Néia Ibanheis, o motorista da equipe e demais membro da Rede de Proteção durante o exercício de suas funções, enquanto realizavam atendimento domiciliar no município de Bela Vista, Mato Grosso do Sul.
Durante o atendimento, a profissional foi violentamente atacada com uma foice, sofrendo corte profundo na nuca, foi hospitalizada e atualmente encontra-se em casa recebendo conforto de sua família. Os demais membros do CT presentes no momento foram perseguidos, sofrendo ferimentos leves durante a fuga. O ato configura uma grave violação aos direitos humanos, uma afronta direta à proteção da infância e à integridade dos profissionais que atuam na linha de frente da defesa de crianças e adolescentes.
A ACETEMS se solidariza à conselheira e sua família, expressa total apoio à equipe do Conselho Tutelar de Bela Vista, reafirmando que nenhuma forma de violência pode ser tolerada ou silenciada, sobretudo contra quem cumpre o dever constitucional de garantir direitos.
Reforçamos o apelo às autoridades competentes — Ministério Público, Poder Judiciário, Legislativo, Governo do Estado e Prefeituras — para que sejam adotadas medidas urgentes de responsabilização do agressor, bem como ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente- CMDCA para que articule junto ao SGDCA a implementação do fluxo de atendimento conforme determina a Lei 13.431/2017 para que cada órgão assuma seu papel na proteção integral da criança e do adolescente.
A missão do Conselho Tutelar não pode seguir sendo executada sem a devida valorização, proteção e respeito. A sociedade precisa reconhecer e defender aqueles que diariamente defendem os que não podem se defender sozinhos. Agradecemos a população que prontamente chamou a polícia, socorreu a conselheira Néia e abriu suas casas para dar abrigo aos demais conselheiros.
Exigimos justiça, segurança institucional e o fim da violência contra conselheiras e conselheiros tutelares.
* Colaborou Judson Marinho




