Dos 114 processos constantes no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) referentes ao Consórcio Guaicurus, grupo responsável pelo transporte coletivo e urbano de Campo Grande, 58 deles, ou seja, a metade, são referentes a acidentes de trânsito ocorridos na Capital.
O processo mais antigo é de 2014 e consta que o passageiro, que pedia indenização de R$ 20 mil, havia se machucado ao cair do ônibus quando descia do carro.
De acordo com os autos, o homem estava descendo, quando o motorista do transporte coletivo arrancou com o veículo e derrubou o passageiro.
Relatos como esse se repetem nos vários processos contra as empresas que gerem o serviço na cidade. Só neste ano são três procedimentos novos ingressados contra o grupo.
No mais recente, de junho deste ano, os três filhos de Aparecida Vieira Lima pedem indenização ao Consórcio Guaicurus pelo atropelamento e morte da vítima.
O fato ocorreu no dia 22 de fevereiro deste ano, na Rua Engenheiro Paulo Frontim, no Jardim Los Angeles, por volta das 19h. Quando a vítima foi atravessar a rua, acabou atropelada por um ônibus da concessionária.
Aparecida chegou a ser socorrida pelo Samu e encaminhada para o Pronto Socorro da Santa Casa para atendimento. No entanto, a vítima não suportou a gravidade dos ferimentos e morreu no dia 7 de março deste ano.
Segundo a certidão de óbito da vítima, ela morreu em decorrência de sepse, necrose de lesão e politraumatismo.
*Saiba
De acordo com o Gabinete de Gestão Integrada (GGIT), de janeiro a junho de 2022, 45 pessoas morreram em acidentes de trânsito em Campo Grande.
“Como se verifica, não há dúvida de que a morte de Aparecida Vieira de Lima, genitora dos requerentes, faleceu em decorrência de ato ilícito praticado pelo motorista que conduzia veículo de propriedade da primeira requerida sem o dever de cautela”, diz trecho da petição inicial do processo.
O advogado dos filhos ainda diz que “está provado que o condutor do veículo foi negligente e imprudente, causando o acidente com resultado morte. Sendo assim, é justa a pretensão dos requerentes! Todos os fatos narrados acima se encontram amplamente comprovados por força da documentação apresentada, tais como: prontuários de internação e boletim de ocorrência policial, vídeo domomento do acidente”, completa.
Pelos fatos narrados, os filhos pedem ao Consórcio Guaicurus indenização de R$ 1 milhão e ainda o benefício da justiça gratuita, já que a família seria de origem pobre. O processo corre na 16ª Vara Cível e a juíza Mariel Cavalin dos Santos ainda não proferiu decisão sobre o caso.
Mesmo com todos esses acidentes, o Consórcio Guaicurus segue descumprindo uma das cláusulas do contrato de concessão do serviço, já que as empresas não tem mais seguro contra esse tipo de sinistro, que proteja quem estiver dentro dos veículos.
Inclusive, as empresas que prestam o serviço reivindicam a retirada desta obrigatoridade do contrato. Segundo o grupo, não é possível arcar com esse tipo de seguro.
Acidentes de julho
Este mês, outros dois acidentes envolvendo veículos do transporte coletivo de Campo Grande e que resultaram em morte foram registrados.
O primeiro ocorreu no dia 1º, um homem que estava em uma cadeira de rodas morreu ao ser atropelado por um ônibus do Consórcio Guaicurus no bairro Zé Pereira. O acidente no cruzamento das ruas Edmundo de Almeida e Elenir Amaral. Segundo a perícia, no entanto, o acidente teria sido provocado pela própria vítima.
Já na semana passada, um idoso de 73 anos morreu ao ser atropelado enquanto estava em uma bicicleta. Imagens de câmeras mostram que o homem atravessou a rua e acabou colidindo com o carro. Neste caso, a colisão ocorreu porque a vítima pode não ter visto o ônibus.




