Cidades

VALORY COMPANY

Consultor financeiro diz que também é vítima de golpista

Vítimas, porém, garantem que ele é o "arquiteto" do esquema que causou rombo superior a R$ 5 milhões no sul do Estado

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Denunciado como um dos autores de um golpe que supera os R$ 5,3 milhões de reais nas cidades de Ivinhema e Anaurilândia, cidades da região sul de Mato Grosso do Sul,  Murilo Coelho de Souza Filho, que se apresenta como consultor financeiro, alega que também é vítima da empresa Valory Company e que seu prejuízo chega à casa dos R$ 2,5 milhões. 

Murilo diz que seu nome não aparece em nenhum documento oficial da Valory e que o único proprietário desta empresa é  Elisvaldo Rodrigues dos Santos, que desapareceu depois de captar mais de R$ 5 milhões na região sul do Estado. 

“Ele usou meu nome e minha imagem para conseguir convencer aquelas pessoas. Do mesmo jeito que ele usou o nome do médico Luiz Maziero, ele me usou para aplicar esse golpe”, declara o homem que diz ter mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro e que mesmo assim se  deixou enganar pelo proprietário de uma empresa constituída no final de 2021. 

Porém, as vítimas de Ivinhema e Anaurilândia, sendo que pelo menos oito registraram boletim de ocorrência na Polícia, garantem que Murilo se apresentava como um dos sócios da Valory em todas as vezes que apareceu na região, sempre em carrões de luxo (Jaguar ou Dodge Ram). 

Inclusive, afirma o comerciante Evanilson da Silva Castilho, que investiu em torno de R$ 1 milhão de suas economias e mais uma caminhonete de R$ 300 mil, o seu carro e os de outros investidores foram todos transferidos para o nome do filho de Murilo, evidenciando que ele atuava como proprietário da Valory. 

Murilo, que pessoalmente levava os veículos, alega que se apossou dos veículos porque “ele (Elisvaldo) já dava sinais pra mim que não tinha condições de pagar os meus investimentos a muito tempo e alguns bens ele me repassou como forma de abatimento!”, escreveu, em mensagem pelo watsapp.

E, apesar de perceber que havia entrado numa "barca furada", o “experiente” consultor financeiro que diz ter criado, com ajuda de inteligência artificial, uma fórmula investimentos que garante retorno de 7,11% ao mês, fez uma série de viagens de Balneário Camboriú, onde reside, para a convencer investidores na região sul de Mato Grosso do Sul. 

INVESTIGAÇÃO

Não são somente os investidores lesados que dizem que o verdadeiro “arquiteto” do golpe é Murilo e que Elisvaldo é somente um auxiliar. Conforme o investigador particular Ivan Curi Barbosa, dono da empresa de cobranças Rota Investigações e Assessoria Empresarial, de Campo Grande, “esse Murilo já fugiu de Foz do Iguaçu e se envolveu em golpes semelhantes nos estados de Goiás e São Paulo”. 

Ao falar com a reportagem do Correio do Estado nesta segunda-feira (4), Murilo garantiu que havia registrado Boletim de Ocorrência na Polícia e havia acionado a empresa judicialmente para tentar recuperar seu dinheiro. Se comprometeu, inclusive, a enviar cópia destes documentos. O que não aconteceu até a publicação desta reportagem.

Investigadores e advogados também estão atrás dele em Foz do Iguaçu. De acordo com um deles, que pediu anonimato, existem registros de golpes também em Mato Grosso e no Rio de Janeiro. Ele estima que as vítimas tenham perdido em torno de R$ 60 milhões. 

HISTÓRICO

Em Mato Grosso do Sul os investimentos na empresa Valory Company, de Palhoça (SC) começaram em outubro do ao passado.  Até março deste ano todos vinham recebendo os juros e alguns deles até reaplicavam o dinheiro. 

Porém, a partir de abril os pagamentos foram interrompidos e o proprietário oficial da empresa desapareceu. Por conta disso, resolveram procurar a polícia, contrataram uma empresa de cobrança e um advogado para tentar recuperar judicialmente o dinheiro que investiram. 

De acordo com uma as vítimas, tanto Murilo quanto Elisvaldo afirmavam que o dinheiro estava sendo investido em ações em diferentes bolsas de valores e por conta disso o rendimento médio mensal chegava a 6%.

Para terem certeza de que não estavam caindo num golpe, os investidores recebiam como garantia as escrituras de terrenos em um loteamento na cidade de Anaurilândia. Porém, depois que o dinheiro dos juros parou de cair na conta, as vítimas descobriram que as matrículas destes terrenos eram falsas. 

Na cidade de Ivinhema são pelo menos oito vítimas. Todas alegam que foram convencidas a fazer o investimento por Luiz Maziero, médico antigo e muito conhecido na região, e por Francisco Sérgio Catarino, ambos de Anaurilândia. 

O médico, segundo o comerciante Evanilson, dizia que fazia investimentos desde 2017 (a Valory só foi criada em dezembro de 2021) e por conta disso acabou convencendo os demais. Para outra vítima, Juliano Peixoto da Silva, dono de uma ótica em Ivinhema, que investiu R$ 100 mil, o médico chegou a afirmar que era sócio da Valory. 

Francisco Catarino, por sua vez, é proprietário de uma incorporadora e uma imobiliária de Anaurilândia, além de ter ao menos 23 imóveis urbanos na cidade. Pelo fato de dar terrenos de sua empresa como garantia, também acabou levando muita gente a acreditar que o negócio era seguro e que o dinheiro realmente era aplicado na bolsa de valores. 

Agora, porém, o médico também alega que foi vítima da Valory Company, embora tenha chegado a afirmar que era sócio da empresa. 

REDES SOCIAIS

Além de desaparecer da região sul do Estado, Elisvaldo também sumiu das redes sociais, onde costumava ostentar vida luxuosa.  Murilo, porém, continuava, até o último sábado, ostentando carrões, vida em condomínio de luxo, vizinhos famosos e viagens pelo mundo. 

“Sou um cara bem apessoado. Moro em Camboriú faz 20 anos e uma reportagem destas pode arranhar minha imagem. Sou a maior vítima de todos. Tem como retirar do ar essa reportagem?’, afirmou Murilo na manhã desta segunda-feira (4) a se referir à reportagem do Correio do Estado publicada no último sábado. 

Em uma de suas publicações no Instagran , no dia 9 de outubro, Murilo diz ter criado uma fórmula especial ao longo dos últimos dois anos, com uso de inteligência artificial e mais de 30 programadores, que lhe garante rendimento mensal médio de 7,11% ao mês. “Essa é uma ferramenta que trabalha exclusivamente para mim, para que eu possa alcançar minha independência financeira”, fala, em um vídeo gravado dentro de um carro de luxo.

Depois da divulgação da reportagem, as publicações de Murilo no Instagran, porém, foram bloqueadas. 

Fiscalização

Clínica de depilação a laser é interditada em Campo Grande

Com diversas irregularidades, como a falta de licença sanitária e o não atendimento aos clientes, o espaço que funcionava no bairro Santa Fé foi fechado nesta sexta-feira (4) pelo Procon-MS

04/04/2025 18h13

Crédito: Procon-MS / Arquivo

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Após várias denúncias, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-MS) interditou uma clínica de depilação a laser nesta sexta-feira (4), no bairro Santa Fé, em Campo Grande.

Além de não possuir licença sanitária e estar com o alvará de localização e funcionamento vencido desde 2023, a empresa não atendia os clientes que contratavam o serviço, alegando não haver datas disponíveis para agendamento do procedimento.

A clínica também firmava contratos com os clientes e os direcionava a um salão de beleza terceirizado para a realização dos procedimentos.

Irregularidades


Durante a fiscalização, os agentes constataram que a empresa descumpria cláusulas contratuais, o que dificultava o acesso dos consumidores aos serviços contratados.

Outro ponto identificado foi a terceirização de um salão de beleza utilizado para realizar os procedimentos de depilação a laser. Conforme apuração da reportagem do Correio do Estado para ter acesso ao espaço - distinto de onde fechou o contrato - o consumidor percorria cerca de 700 metros de carro. 

O Procon também identificou cláusulas consideradas abusivas, como o fato de a sede da empresa estar localizada em São José do Rio Preto (SP), o que gera transtornos aos consumidores no momento de rescindir o contrato ou buscar um acordo.

Além disso, em caso de rescisão contratual, o cliente não poderia solicitar o cancelamento, mesmo que a clínica não realizasse o serviço ou o prestasse com baixa qualidade.

A ação foi realizada em conjunto pelo Procon-MS vinculado à Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead) e pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (Decon).

A clínica ficará impedida de oferecer o serviço até que todas as pendências sejam regularizadas. A empresa tem o prazo de 20 dias para apresentar defesa ao Procon-MS.

Fique atento



Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), há uma percepção de aumento dos relatos de eventos adversos graves entre 2024 e o início deste ano, inclusive relatados na mídia, decorrentes de procedimentos de estética e embelezamento.

Além disso, de 2018 a 2023, os serviços de estética e embelezamento figuraram como os mais denunciados junto à Anvisa dentre os “serviços de interesse à saúde”, categoria que inclui também serviços de hotelaria, estúdios de tatuagem e instituições de longa permanência para idosos, por exemplo.

Os dados fazem parte de relatórios anuais disponibilizados pela Agência.

O relatório com dados de 2023 demonstra que 61,3% das denúncias estavam relacionadas a serviços de estética e embelezamento e sinaliza que a grande quantidade de estabelecimentos disponíveis e a diversidade de técnicas e procedimentos estão relacionadas ao número elevado de relatos de irregularidades.

Nesse contexto, é importante desconfiar de promessas milagrosas ou que garantam resultados, bem como de preços praticados muito abaixo do preço médio de mercado.

Vale lembrar que é importante consultar, junto à Vigilância Sanitária da sua cidade, se o estabelecimento possui alvará/licença sanitária válida, bem como conferir nos conselhos profissionais as credenciais dos profissionais que atuam no estabelecimento.

Outra dica é sempre perguntar quais produtos estão sendo aplicados e, com os dados em mãos, conferir a regularidade dos produtos em https://consultas.anvisa.gov.br/#/.

O consumidor pode consultar também o site Reclame Aqui por meio do link https://www.reclameaqui.com.br/, basta inserir o nome da empresa que deseja obter informações e verificar se existem reclamações registradas por outros usuários referentes aos serviços prestados pelo estabelecimento.

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Violência Doméstica

Agressor que quebrou nariz de jornalista é solto com tornozeleira eletrônica

O músico Philipe Eugenio Calazans de Sales conseguiu, na semana passada, uma liminar e foi solto com tornozeleira eletrônica.

04/04/2025 17h42

Philipe conseguiu liminar e foi solto com tornozeleira eletrônica

Philipe conseguiu liminar e foi solto com tornozeleira eletrônica Arquivo pessoal

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Acusado de violência doméstica e preso desde o dia 17 de março, o músico Philipe Eugenio Calazans de Sales conseguiu, na semana passada, uma liminar e foi solto com tornozeleira eletrônica. 

Ele foi denunciado pela então namorada, a jornalista Nathália Barros Corrêa, ao ter o nariz quebrado e aparecer em vídeo sangrando e com a filha no colo no dia 3 de março. 

Phillipe chegou a ser preso em flagrante, recorrendo à Justiça e conseguindo liberdade provisória, mas teve o mandado de prisão preventiva expedido pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) e optou por entregar-se na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) no último mês. 

A decisão de conceder parcialmente a liminar e substituir a prisão preventiva de Phillipe foi assinada pelo desembargador Fernando Paes de Campos e publicada no Diário Oficial da Justiça no dia 28 de março

Segundo o texto do processo, além do uso de tornozeleira eletrônica por 180 dias, o músico não pode aproximar-se a menos de 300 metros da vítima, de qualquer familiar dela e de qualquer testemunha da ação penal e deve, obrigatoriamente, comparecer à comarca sem autorização prévia do juízo e de todos os atos do inquérito e da ação penal. Caso não cumpra as medidas cautelares, poderá ser preso novamente. Logo a seguir, foi expedido o alvará de soltura do rapaz. A determinação atende o habeas corpus requerido pela defesa.

Philipe deve manter a tornozeleira funcionando a todo momento, bem como atentar-se à bateria, aos sinais sonoros e luminosos do equipamento e não poderá aproximar-se do endereço de Nathália. 

O processo segue em sigilo. 

Relembre outros casos de feminicídios no estado

O primeiro caso de 2025 foi a morte de Karina Corin, de 29 anos, nos primeiros dias de fevereiro,  baleada na cabeça pelo ex-companheiro, Renan Dantas Valenzuela, de 31 anos. 

Já o segundo feminicídio de 2025 em Mato Grosso do Sul foi justmente a morte de Vanessa Ricarte, esfaqueada aos 42 anos, por Caio Nascimento, criminoso com passagens por roubo, tentativa de suicídio, ameaça, além de outros casos de violência doméstica contra a mãe, irmã e outras namoradas.

O último caso registrado foi o de Giseli Cristina Oliskowiski, morta aos 40 anos, encontrada carbonizada em um poço no bairro Aero Rancho, em Campo Grande.

Os outros feminicídios de 2025 vitimaram: 

Lei do feminicídio

Em 2015, entrava em vigor no país a Lei 13.104/15, a Lei do Feminicídio, onde era considerado feminicídio quando o assassinato envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. Esta lei completou 10 anos no último mês. 

Em outubro de 2024, foi implementada a Lei 14.994/2024 que tornou o feminicídio um crime autônomo e estabeleceu outras medidas para prevenir e coibir a violência contra mulher. Ela eleva a pena para o crime contra a mulher para até 40 anos de reclusão.

Segundo dados do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam) 2025, lançado pelo Ministério das Mulheres em março, apontam que, em 2024, foram registrados 1.450 feminicídios e 2.485 homicídios dolosos (com a intenção de matar) de mulheres e lesões corporais seguidas de morte.
 

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