Os escândalos de corrupção que já derrubaram, em menos de um ano, seis ministros do Governo Dilma Rousseff, e deixaram, no momento, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, na mira para cair, mostram a existência de organização criminosa para “roubar” o dinheiro do contribuinte. As autoridades do Judiciário de Mato Grosso do Sul começaram a se manifestar sobre o caso, engrossando a indignação da sociedade espalhada nas redes sociais e nas ruas de todo o País.
“A corrupção acaba matando os pobres, os velhos e os doentes na fila do SUS (Sistema Único de Saúde) e deixa as pessoas morrerem de Aids”, afirmou o juiz federal Odilon de Oliveira, responsável pela vara de combate à lavagem de dinheiro e crimes financeiros. Por causa da corrupção, observou ele, há déficit de 100 mil escolas e de um milhão de professores no Brasil.
Portanto, segundo o magistrado, os crimes econômicos praticados contra a administração pública afetam diretamente os pobres. “Quanto mais baixa a classe social, mais as pessoas são atingidas pela corrupção”, observou Odilon, que critica duramente o legislador por criar normas permitindo a impunidade dos corruptos e corruptores.
Pela estatística em seu poder, o juiz aponta as consequências da corrupção. “Quem precisa de saúde é o pobre. Hoje, estima-se que 150 milhões de pessoas estão se tratando e morrendo pelo SUS”, disse. Ele observa ainda que só 20% da população têm plano de saúde. “Se o dinheiro desviado pela corrupção fosse usado em educação e saúde, a população teria um tratamento melhor”, afirmou.
Atraso
Avaliando outras consequências, o magistrado observou os efeitos devastadores do desvio do dinheiro do contribuinte para o desenvolvimento econômico do País. Para ele, a roubalheira provoca o atraso no desenvolvimento nacional, como também no crescimento econômico do município e do Estado corrupto. “A imagem do Brasil fica desgastada no exterior, causando um efeito político, ético e moral”, advertiu.
A corrupção provoca ainda, na avaliação do magistrado, a fuga de investimentos no País. Ninguém gostaria de trabalhar num Estado com os políticos, por exemplo, envolvidos em escândalos de lavagem de dinheiro, corrupção, peculato, sonegação fiscal e outros tipos de crimes que dilapidam os cofres públicos e empobrecem a Nação e enriquecem os corruptos sem medo de punição por causa da sensação da impunidade.
“A corrupção provoca o desemprego, afugenta investimentos estrangeiros e as empresas ao invés de gastarem seus lucros no País, por segurança, vão aplicar em um país onde não tenha nenhum problema”, argumentou o juiz.
Por causa da corrupção que assola o País, Odilon aponta ainda o agravamento da desigualdade social. “Ao invés de ter escola, nada tem. O rapaz estuda até o segundo grau e tem que parar (de estudar) para ajudar no sustento da família que não tem emprego”, afirmou o magistrado, ressaltando também como consequência o aumento da violência, da descrença popular nas autoridades e instituições, além do descrédito e da falta de respeito.
“Para você ter uma ideia, 45% da renda brasileira está nas mãos de 10% da sociedade, 50% da renda ficam com 15% da população e os outros 40% ficam entre aqueles que não são pobres e nem ricos, são os mais ou menos”, observou o juiz federal. A corrupção agrava a situação do brasileiro, “fazendo aumentar o percentual da miserabilidade”, acrescentou.