Os sentidos ficam aguçados quando se está em Corumbá, cidade localizada a 444 km de Campo Grande e que completa, hoje, 238 anos. A visão é atraída pelos prédios históricos e beleza do rio Paraguai, a audição pelo som das aves e o paladar por um refrigerante de chimarrão que, até pouco tempo, era considerado exclusividade da região.
“Para mim tem gosto de infância porque era fabricado em Corumbá, no bairro que depois passou a ser chamado Cervejaria por causa da Cervejaria Corumbaense que fabricava o mate”, lembra a professora Marluci Brasil, de 61 anos, que hoje mora na Capital.
Ela conta que enquanto outras pessoas faziam o chimarrão para tomar quente, na “Capital do Pantanal”, a erva era misturada com água gelada e açúcar.
Esta alteração na “receita” é totalmente compreensível porque a temperatura na cidade ultrapassa os 35°C com certa frequência. “Corumbaense não gosta de coisa de amarga então a gente adoçava e aí veio a ideia de fazer o xarope de chimarrão”, completa Marluci, afirmando que “todos” os moradores da cidade tinham a receita em casa.
“Misturava com água gaseificada e você tinha o refrigerante em casa. Era uma coisa muito corumbaense”, lembra.
O mesmo “sabor de infância” é citado pela estudante Caroline Lima, 24. “Eu gostava muito! Meu pai comprava fardinho”, diz. Segundo ela, a bebida estava presente em todos os churrascos de família.
“Eu lembro que era apaixonada pelo refrigerante mate só que nem sempre tinha dinheiro. Quando ia ao centro da cidade com meus pais, eles davam um jeitinho pra comprar. O gosto era muito bom”, declara a também estudante Ellen Silva Reis, 26. “Lembro da minha infância”, diz.

A produção do refrigerante, apelidado de “água de camalote” — fazendo referência a cor esverdeada da planta homônima, encontrada com frequência no Rio Paraguai — passou por altos e baixos, motivando até campanha para que a bebida voltasse a ser comercializada.
Um dos idealizadores, o jornalista corumbaense Felipe Porto, que hoje mora em Brasília, tem até imagens dos antigos rótulos, lembranças dos anúncios que eram feitos no jornal de qual era proprietário. “É o sabor. A marca registrada de Corumbá, dizem que era o único refri que batia a Coca-Cola no mundo todo. Os turistas levavam engradados embora do Aeroporto”, conta.
Ele confirma que a fabricante original era a Cervejaria Corumbaense, mas, depois um grupo do Paraná e da Bolívia tentou reconstruir a fábrica, o que não deu certo.
Sobre as lembranças que têm da época em que consumia o refrigerante ele brinca: “É difícil saber o que é melhor, o Mate com saltenha ou com sopa paraguaia”.
ELE VOLTOU
A empresa de refrigerantes Funada acabou se interessando pela história e lançou o produto em agosto deste ano. Na embalagem, a imagem do Porto Geral da Cidade.
Conforme a assessoria de imprensa da empresa, “A ideia surgiu em uma reunião de Pesquisa e Desenvolvimento da indústria por um gerente que tinha muito carinho por este produto e que já não existia mais no mercado. Depois de vários testes, eles conseguiram recriar o ‘’Sabor do Pantanal’’ como era conhecido anteriormente.
A ideia agora é ampliar que outras pessoas conheçam o “sabor de Corumbá”. “Inicialmente o lançamento do Mate Chimarrão Funada foi elaborado para atender a população de Corumbá e Ladário, onde era e é o seu berço natal. Porém, o sabor único do produto despertou o interesse da equipe comercial que propagou a sua revenda em todo o estado do Mato Grosso do Sul e São Paulo e logo estará presente no Paraná”, informou a empresa.
COMEMORAÇÃO
Desfile cívico-militar e show na Praça Generoso Ponce vão marcar as comemorações dos 238 anos de fundação de Corumbá, nesta quarta-feira (21).
O desfile será, a partir das 16 horas, na Rua Frei Mariano e Avenida General Rondon. A festa será encerrada com show na Generoso Ponce. O sertanejo vai marcar a abertura do espetáculo com Marinho Azevedo. Na sequência, pagode mesclado com o sertanejo com Gersinho e Banda. O encerramento será com muito samba a cargo da Bateria Barcelona do Mestre Diego.