A Polícia Civil desmontou um esquema de estampadora credenciada no Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) que emplacava carros roubados para traficantes em Campo Grande.
O serviço era feito por fora, uma vez que a empresa era regularizada para realizar o serviço de emplacamento de carros pelo Detran-MS.
A operação, realizada ontem e que prendeu quatro suspeitos de estarem envolvidos no crime, foi deflagrada pela Delegacias Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (Defurv) e pela Delegacias Especializada de Repressão de Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), após nove meses de investigação.
Em entrevista coletiva, o titular da Defurv, Guilherme Sarian, confirmou que a empresa investigada trabalhava no estampamento de placas falsas para traficantes que solicitavam o serviço ilegal.
“Tínhamos indícios de que os solicitantes das placas falsas tinham envolvimento com o tráfico de drogas, o que se confirmou com o cumprimento no mandato de busca e apreensão, [ocasião em que] foram encontrados em uma das residências 300 kg de droga”, informou Sarian.
O delegado ainda explicou como o esquema atuava.
“Os indivíduos que furtam, roubam e adulteram veículos entravam em contato com o dono da empresa de estampamento para a fabricação sem autorização do Detran-MS de placas falsas. Eles fabricavam as placas, que eram visualmente perfeitas, só que com o QR code raspado, para impossibilitar a leitura e o controle”, descreveu.
A polícia suspeita que esses carros com placas falsas eram usados para vários atos ilícitos, entre os quais o envio dos veículos para a fronteira com o Paraguai, a fim de serem utilizados no tráfico de drogas.
Além do cumprimento de quatro prisões, a operação também realizou seis mandados de busca e apreensão em Campo Grande e no município de Balneário Camboriú (SC), onde se encontrava o dono da empresa credenciada pelo Detran-MS, segundo informou o delegado responsável pela operação.
Durante o cumprimento do mandato de busca e apreensão na empresa investigada, documentos e três veículos adulterados foram apreendidos na sede da estampadora.
A polícia estima que a empresa fabricou em torno de 500 placas falsificadas em um período de um ano e meio de atuação.
Os suspeitos presos pela Polícia Civil podem responder judicialmente por envolvimento com organização criminosa e adulteração de veículo automotor.
Sarian ainda mencionou que, antes mesmo da investigação iniciar, a Defurv já suspeitava de que havia uma fábrica na Capital que produzia placas falsas pela frequência de apreensões que a polícia realiza de veículos adulterados.
As investigações para identificar os outros envolvidos no esquema, além de averiguar se não há outras empresas que realizam esse tipo de crime, seguem em curso.
A Polícia Civil ainda informou que o Detran-MS foi notificado sobre a operação e que um processo administrativo deve ser aberto para investigar a prestação de serviço dessa empresa, podendo assim ser desregularizada, perdendo o credenciamento de emplacadora.
VEÍCULOS BOBS
Diante da desarticulação da organização criminosa, o delegado da Defurv alertou a população com relação à compra de carros bobs, termo utilizado para se referir a automóveis que estão com documentação irregular e multas acumuladas e que são vendidos com preços mais em conta.
“Esse mercado de bobs, que hoje movimenta muitos veículos aqui na Capital, na compra realizada por meio da internet, é um risco, pois os veículos são comprados sem transferir a documentação para o Detran-MS. Com isso, não é realizada a vistoria do veículo. A pessoa que está comprando fica sem saber se esse bob pode ter sido roubado, furtado ou adulterado”, disse Sarian.
“A pessoa compra o veículo baratinho, com custo ínfimo se comparado com o preço de mercado, e corre esse risco, de adquirir um produto de crime. A nossa orientação é não compre bob”, acrescentou o delegado.
Esses veículos bobs geralmente são vendidos em plataformas como Facebook Marketplace e OLX e grupos de WhatsApp. Os automóveis têm restrições administrativas ou judiciais e dívidas que impedem a sua regularização.
Em nota, a OLX se manifestou sobre a compra e venda de produtos pela plataforma.
"A OLX disponibiliza um espaço democrático em que os usuários possam anunciar e comprar produtos e serviços de forma rápida e simples, sempre com respeito aos Termos e Condições de Uso (https://ajuda.olx.com.br/s/article/termos-e-condicoes-de-uso), com negociação direta entre vendedor e comprador, sem a intermediação da plataforma. Caso o usuário perceba algum anúncio em desacordo com nossas políticas, poderá denunciá-lo para investigação e remoção."
Saiba
As delegacias especializadas de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (Defurv) e de Repressão de Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras) foi batizada de Operação Placa Fria.