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Custo por aluno da rede pública é um terço do gasto com presidiário

Por mês, um estudante da Rede Estadual de Ensino (REE) tem um custo médio de R$ 666, enquanto uma pessoa privada de liberdade demanda uma média de R$ 2 mil para os cofres do Estado

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Em Mato Grosso do Sul, o valor investido para cada aluno da Rede Estadual de Ensino (REE) representa um terço do custo por preso no Estado. 

De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (SED), cada aluno matriculado tem um custo médio mensal de R$ 666. Quanto aos presos, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informa que o valor individual fica em torno de R$ 2 mil ao mês.

O Correio do Estado apurou que os repasses anuais para custear um aluno da rede estadual variam de R$ 8 mil para um estudante matriculado em uma turma de ensino parcial (que fica por meio período na escola). Já para quem permanece na instituição de ensino por tempo integral, o custo é de R$ 11 mil ao ano, conforme aponta a SED.

Os gastos anuais com cada preso chegam a custa em média R$ 23.388. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), atualmente, o Estado tem 28.355 pessoas cumprindo algum tipo de pena.

O sociólogo Silvino Areco explica que os dados apresentados geram diversas controvérsias, pois alguns críticos indicam que Mato Grosso do Sul gasta demais com os detentos e muito pouco com 
a educação.

"Em relação aos investimentos com a educação, essa premissa é verdadeira. Porém, tal contradição, entre a manutenção do sistema carcerário e a relação com os investimentos em educação, acaba por prejudicar a análise que deve ser realmente efetivada", opina.

Areco destaca que, apesar da diferença, o que deve ser levado em conta é que o gasto estadual tanto com a educação quanto com o sistema prisional é muito inferior ao ser comparado com outros países. 

"O estudo comparativo deveria ser em relação aos investimentos de outros países em seus sistemas prisionais. Por exemplo, os EUA gastam cerca de US$ 52 bilhões por ano com encarceramento. Em relação aos Estados Unidos, o Brasil gasta uma ninharia em seu sistema prisional", aponta.

Para o sociólogo, o custo é insuficiente e pode explicar o surgimento das superlotações em presídios e o surgimento das facções criminosas internas.

"Os recursos investidos no sistema prisional são um investimento necessário, pois, a partir da condenação do réu, a existência desse sujeito passa a ser responsabilidade do Estado, que tem de garantir a reprodução de sua existência. Logo, em nome da ordem pública, toda a sociedade deve arcar, por meio dos seus impostos, com o funcionamento do sistema prisional sempre na perspectiva da ressocialização do preso", considera.

Quanto à educação, Areco afirma que também é preciso fazer uma análise comparativa entre países, já que o custo no Brasil é inferior a muitas outras nações.

"Vamos pegar como exemplo a Coreia do Sul, que investe cerca de 7,6% do seu Produto Interno Bruto em educação, segundo dados de 2015. A Coreia do Sul gastou US$ 12 mil por aluno no mesmo ano. Recentemente, o país passou a oferecer pré-escola gratuita de meio período para crianças de 3 a 5 anos", exemplifica.

"Enquanto isso, para a Educação Básica, o Brasil vai investir neste ano R$ 26,4 bilhões, e outros R$ 3,9 bilhões seguirão para a educação profissional e tecnológica. Podemos concluir que o Brasil investe pouco nas duas áreas, principalmente na Educação Básica e no Ensino Médio", complementa.

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SISTEMA PRISIONAL

Do total de 28.355 apenados, dados do CNJ indicam que 40,7% cumprem regime fechado, 25,3% estão no semiaberto e 34% cumprem pena no regime aberto em Mato Grosso do Sul.

Para o sociólogo, mesmo sendo bem maior que o da educação, o custo é insuficiente e pode explicar o surgimento das superlotações em presídios e das facções criminosas internas.

Os delitos mais praticados pelos indivíduos condenados são furto e tráfico de drogas. Ao analisar os dados por faixa etária e gênero, fica evidente que a maioria presa por esses crimes são homens jovens e adultos.

O maior número de pessoas que cumprem penas está na faixa etária de 30 anos a 40 anos, com um total de 6.081 indivíduos, sendo 427 mulheres e 5.654 homens. Esse cenário se repete nas faixas etárias subsequentes, com predominância masculina.

EDUCAÇÃO

De acordo com a SED, atualmente, Mato Grosso do Sul tem em torno de 190 mil na REE. Das 348 escolas públicas do Estado, 172 oferecem o ensino de tempo integral aos alunos, com cerca de 35 mil matriculados no formato.

O sociólogo e pesquisador do Grupo de Estudos sobre Violência e Administração de Conflitos (Gevac) da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Raphael de Almeida Silva, relata ao Correio do Estado que a "desproporcionalidade de investimento em políticas criminais e penais em detrimento de outras políticas sociais, como educação, reflete uma sociedade que favorece a punição ante a prevenção".

"A defasagem no número de professores e professoras, o descompasso salarial entre concursados e contratados, a superlotação das salas de aula e as precárias condições de ensino são reflexos da desvalorização", comenta.

"Contudo, o fato de as políticas criminais e penais movimentarem mais recursos que a educação não significa que as condições no sistema prisional sejam boas", reitera Silva.

O pesquisador destaca que investir em políticas sociais de educação, habitação, saúde e emprego é a forma mais adequada para reversão do quadro de insegurança social.

"Uma política de segurança cidadã deve orientar-se pela unificação às políticas sociais, tendo por objetivo a prevenção de crimes em vez da punição tardia e ineficaz", propõe.

NACIONAL

Dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) apontam que Mato Grosso do Sul está em 11º lugar no ranking de maiores despesas mensais com pessoas privadas de liberdade entre todas as unidades da Federação.

Em primeiro lugar na lista, Roraima gasta por mês, em média, R$ 6.546,89 com um detento. Na sequência, um preso na Bahia demanda um custo de R$ 3.601,74, enquanto no Piauí o custo é de R$ 3.223,87 por pessoa privada de liberdade.

Conforme o Depen, Mato Grosso do Sul aparece com um custo médio mensal por detento estimado em R$ 1.971,60.

BALANÇO

MPMS intermediou mais de R$ 15 milhões em acordos na área da saúde em 2025

Ministério Público mediou o plano emergencial entre a Santa Casa e o Município de Campo Grande para solucionar os diversos problemas do hospital

19/12/2025 18h45

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça Divulgação: Ministério Público de Mato Grosso do Sul

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) recebeu a imprensa para apresentar o balanço geral do ano de 2025. O procurador-geral de Justiça, Romão Avila Milhan Junior, acompanhado de membros da Administração Superior, divulgou informações relevantes sobre atuações da instituição ao longo do período.

No setor da saúde, Romão Avila destacou a atuação do Centro de Autocomposição (Compor) para solucionar crises agudas, como a mediação que resultou no plano emergencial para a Santa Casa de Campo Grande. O hospital enfrenta problemas de superlotação, falta de insumos e de dinheiro para pagar profissionais de várias áreas, com risco de paralisação de serviços essenciais

No ano, os acordos mediados pelo Compor envolveram mais de R$ 15 milhões em benefícios para áreas como saúde e assistência social. 

Também relembrou a resposta da instituição após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, episódio que impulsionou a criação da ferramenta Alerta Lilás, para monitoramento de agressores e a melhoria do atendimento especializado às mulheres.

Com relação a proteção à mulher, o sistema Alerta Lilás emitiu mais de 19 mil alertas automáticos para monitorar agressores reincidentes.

No campo da segurança pública, a pauta central foi a modernização, com destaque para a força-tarefa que agilizou o processamento de boletins de ocorrência de violência doméstica e viabilizou a digitalização de peças e a gravação de interrogatórios e depoimentos.O Centro de Pesquisa, Análise, Difusão e Segurança da Informação (CI) disponibilizou mais de 400 mil dados para subsidiar investigações complexas.

Dados 

Produtividade jurídica: mais de 4 mil ações ajuizadas e 30 mil denúncias apresentadas à Justiça.

Combate à corrupção: o Grupo de Atuação Especial e Combate à Corrupção (Gecoc) atuou contra desvios de mais de R$ 66 milhões, executando 180 mandados de busca em 13 cidades.

Enfrentamento ao crime organizado: o Gaeco realizou 19 operações estratégicas, resultando em 107 prisões e 370 mandados de busca.

Preservação ambiental: monitoramento e fiscalização de 71 mil hectares de desmatamento ilegal por meio de programas como Pantanal em Alerta.

Impacto social: arrecadação de R$ 6 milhões via campanha Declare Seu Carinho e destinação de 350 celulares apreendidos para uso pedagógico em escolas públicas.

Diálogo com o cidadão: a Ouvidoria processou mais de 5 mil manifestações, que fundamentaram novas investigações e missões constitucionais.

O encontro

Ao abrir o evento, o Procurador-Geral de Justiça promoveu um resgate histórico sobre o papel da instituição como guardiã das garantias individuais e coletivas conquistadas após o período ditatorial, lembrando que a evolução da sociedade brasileira, sob a criação da Constituição de 1988, é indissociável de uma imprensa livre.

"A imprensa tem um papel fundamental na redemocratização e na evolução constante da nossa sociedade. Graças à imprensa livre, fatos que muitas vezes não chegariam pelos canais comuns — como a falta de um medicamento em uma UPA — chegam ao nosso conhecimento por denúncias de usuários via jornalismo", exemplificou Romão Avila Milhan Junior.

Diante dessa observação, fez um agradecimento público ao apoio dos veículos de comunicação, especialmente durante os embates judiciais que preservaram o poder investigatório do Ministério Público. Segundo ele, essa prerrogativa é o que sustenta as atuais ofensivas contra a corrupção e o crime organizado.

 

Colapso na saúde

Deputado protocola ação pedindo intervenção urgente do Estado na saúde de Campo Grande

O parlamentar classifica a situação do SUS da Capital como grave e à beira de um colapso

19/12/2025 18h15

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar "à beira de um colapso" FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O deputado estadual Pedrossian Neto entrou com uma ação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo que o Governo do Estado adote medidas e providências na saúde de Campo Grande. 

O parlamentar classifica o quadro como “grave, estrutural e persistente”, além de “risco concreto de desassistência à população”. 

No documento encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o deputado afirma que a crise na saúde da Capital não apresenta mais episódio pontuais de descaso, mas, sim, falhas recorrentes de organização, financiamento e governança, afetando diretamente na segurança dos pacientes, capacidade de resposta da rede de urgência e emergência, além do funcionamento regular do Sistema Único de Saúde. 

Um dos pontos centrais do pedido é a situação da Santa Casa de Campo Grande, o maior em atendimento do SUS no Estado e referência em urgência, emergência e alta complexidade. 

O documento mostra alertas e registros públicos que apontam superlotação extrema, atendimento de pacientes em corredores e macas, ocupação acima da capacidade e risco iminente de um colapso assistencial, repercutindo em toda a rede estadual. 

Além disso, o hospital sofre com desabastecimento de insumos e medicamentos na área de urgência e atenção básica, segundo já foi alertado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), além de falhas estruturais na rede de odontologia, como comunicado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), o que já levou à paralisação de atendimentos e prejuízo à assistência. 

Pedrossian ainda destacou a fragilidade da governança da saúde municipal, evidenciada pela reprovação do Relatório Anual de Gestão da Saúde de 2024 pelo Conselho Municipal de Saúde, aliado à ausência de secretário municipal de Saúde, deixando a pasta sob condução de um comitê gestor, que não condiz com o princípio de direção única do SUS. 

Para o deputado, a intervenção estadual não se trata de uma medida política, mas de “providência excepcional prevista na Constituição, necessária para assegurar a continuidade de um serviço público essencial, evitar um colapso sistêmico e proteger o direito à saúde da população”. 

PLANO DE AÇÃO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou na última quinta-feira (18) que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 
 

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