Após denúncias de mau atendimento prestados às vítimas de violência doméstica pela equipe da Deam, que vieram à tona depois do feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, a Casa da Mulher Brasileira irá capacitar 74 funcionários an próxima quinta-feira (15).
42 servidores da Polícia Militar, do Programa Mulher Segura (Promuse) e 32 agentes da Guarda Civil Metropolitana, integrantes da equipe da Patrulha Maria da Penha, receberão um treinamento para atender às mulheres em situação de violência de forma humanizada.
Com o tema “Capacitar para Qualificar o Desempenho”, serão abordados temas relacionados à humanização da abordagem e ao acolhimento das mulheres vítimas de violência, além da apresentação dos serviços oferecidos pela Casa da Mulher Brasileira.
Caso Vanessa Ricarte
A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi esfaqueada pelo ex-companheiro, o músico Caio Nascimento, na noite de 12 de fevereiro de 2025.
A morte ocorreu logo após a jornalista ter ido à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pedir medida protetiva contra o ex-noivo.
Em áudio enviado à uma amiga após deixar a delegacia, Vanessa relatou ter sido destratada pela equipe que a atendeu. Além disso, afirmou ter pedido escolta policial até sua casa, o que foi negado.
Outras vítimas, encorajadas pela divulgação do áudio de Vanessa Ricarte, vieram posteriormente expôr suas próprias experiências negativas com a instituição.
O Correio do Estado teve ainda acesso a um ofício redigido pelo Fórum Permanente pela Vida de Mulheres e Crianças de MS (MCria) e endereçado ao titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, em 23 de março de 2023.
Dois anos antes da morte de Vanessa, o documento já expunha que mulheres agredidas por seus companheiros também eram vítimas de maus-tratos na delegacia, uma vez que eram submetidas por questionamentos excessivos por parte dos agentes da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).
Serviços
A Deam integra a rede de atendimento da Casa da Mulher Brasileira, criada para garantir um acolhimento integral às vítimas de todas as formas de violência.
O atendimento é oferecido 24 horas por dia, todos os dias da semana, por meio de diversos setores: recepção, acolhimento e triagem, apoio psicossocial, alojamento de passagem (abrigamento temporário de até 48 horas para mulheres em risco de morte), brinquedoteca (para crianças de 0 a 12 anos desacompanhadas, enquanto a mulher é atendida) e Central de Transportes (responsável pelo deslocamento das usuárias aos serviços externos, como unidades de saúde ou o Instituto de Medicina e Odontologia Legal).
A Patrulha Maria da Penha, da Guarda Civil Metropolitana, também oferece atendimento 24 horas, atuando de forma articulada com a Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. A equipe realiza visitas domiciliares, monitora medidas protetivas de urgência e atende chamadas feitas por meio da Central de Atendimento – telefone 153.





