Cidades

NA PANDEMIA

Demissões dobram deficit de enfermeiros na Santa Casa, denuncia sindicato

Contratação de mais 46 profissionais ajudaria a suprir demanda, mas 100 foram mandados embora este ano pelo centro médico

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A Santa Casa dobrou o deficit de enfermeiros ao demitir mais de 100 funcionários da categoria desde o começo do ano, denuncia o sindicato que representa estes profissionais.

Técnicos e assistentes de enfermagem também foram desligados da instituição, fazendo com que o hospital descumpra a norma que disciplina o dimensionamento das equipes.

Denúncias recebidas pelo Correio do Estado apontam que, após dispensas recentes no quadro de funcionários, houve casos de um único enfermeiro ficar responsável por até três alas inteiras, cada uma com ao menos 30 leitos. Esse problema tem sido observado especialmente no turno da noite.

Além de executar atividades privativas da categoria, esses profissionais também supervisionam o trabalho dos técnicos.  

Lázaro Santana, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (Siems), disse que a falta de efetivo em quantidade suficiente no maior hospital de Mato Grosso do Sul não é um problema recente.

Antes da pandemia, eram necessários pelo menos 50 enfermeiros e 200 técnicos para que as escalas fossem fechadas sem sobrecarga, disse Santana. Com a chegada da Covid-19, muitos desses trabalhadores, por estarem nos grupos de risco, afastaram-se de suas atividades.

“Em fevereiro, nós fizemos um acordo para contratações emergenciais de 100 enfermeiros assistenciais para suprir essa necessidade, mas a unidade acabou aumentando somente 48”, afirmou Santana.

O pacto era para que o reforço nas escalas durasse três meses, tempo necessário para prover aumento efetivo no quadro.

“De lá para cá, encerrou esse período e, em vez de aumentar, a Santa Casa começou a demitir. De janeiro até hoje, tivemos 235 técnicos, três auxiliares e 101 enfermeiros mandados embora, sem qualquer tipo de reposição”.

Levando as informações do Siems em consideração, é possível concluir que a contratação emergencial praticamente supriu o deficit existente, ainda que 10% dos funcionários estivessem afastados por conta da pandemia, segundo informou a assessoria do próprio hospital.

Em um cenário de retomada, quando todos voltassem às suas atividades, a situação estaria praticamente resolvida, porém, com a quantidade de desligamentos, agora o deficit de enfermeiros dobrou.  

Últimas notícias

REGRAS  

O responsável por definir quantos profissionais são necessários para cada grupo de pacientes é o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).Já a fiscalização é encargo do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MS).

A norma mais recente que disciplina o tema foi baixada em 2017 e estabelece parâmetros para dimensionar o quantitativo mínimo dos diferentes níveis de formação dos profissionais para a cobertura assistencial nas instituições.

Técnicos, enfermeiros e assistentes têm funções específicas. Existem procedimentos, por exemplo, que apenas os que têm Ensino Superior podem executar.  

É possível alterar essas normas em nível regional, desde que haja aprovação do Coren-MS.

O cálculo leva em consideração a quantidade de horas de enfermagem por tipo de assistência. Quanto mais graves os quadros de saúde, mais enfermeiros e técnicos a pessoa precisa à sua disposição.  

Nesse sentido, cabe ao Coren-MS fiscalizar, não apenas a Santa Casa, mas todos os demais hospitais e unidades de saúde no Estado para saber se esses dimensionamentos estão sendo cumpridos e tomar as medidas cabíveis para corrigir os problemas.

A reportagem entrou em contato com o Coren-MS para saber quando foi realizada a última fiscalização no maior hospital do Estado e questionou sobre o deficit encontrado, se bate com as informações passadas pelo sindicato.

O pedido feito via assessoria não foi respondido até o fechamento desta edição.

EMBATE  

As demissões mais recentes fizeram com que o Siems organizasse uma greve, marcada para esta semana.  

“Cada andar da Santa Casa tem três setores. Cada um com 39 pessoas. Um enfermeiro para o andar inteiro não dá conta de prestar um serviço de qualidade. Esse é o problema. Demitem e não repõem o quadro”, disse Santana.

O sindicato, segundo Santana, também entrou em contato com o Coren-MS solicitando uma nova fiscalização sobre as equipes.

Até o momento, conforme o presidente do Siems, não houve retorno por parte do conselho. “Soubemos apenas que eles estavam fazendo esse novo dimensionamento”, afirmou.

SANTA CASA  

A assessoria da Santa Casa foi contatada para se manifestar sobre todas as denúncias e informações contidas neste texto. 

Sobre a ameaça de greve dos funcionários da enfermagem e as demissões, o hospital mandou uma nota que diz que em 2020 houve 10% de absenteísmo de profissionais assistenciais e de apoio, além da abertura de novos leitos para retaguarda no atendimento a pacientes com Covid-19.

Por isso, novas contratações foram necessárias para suprir o quadro, com muitos funcionários afastados.

Neste ano, segundo a Santa Casa, esses funcionários estão retornando ao serviço após a vacinação, por isso, houve a necessidade de ajustar o quadro de funcionários.  

A unidade ressalta que parte das demissões são de contratos em experiência e que alguns não estavam assumindo funções assistenciais. “Referente à paralisação, a Santa Casa não recebeu nenhum comunicado do sindicato informando que vai ocorrer o fato”, disse, em nota, a Santa Casa.

Já com relação ao dimensionamento, o hospital afirma que, de fato, possui temporariamente uma redução no quadro de profissionais de enfermagem, situação esta que está sendo ajustada com novos recrutamentos.

Conforme a unidade, existe inclusive um processo seletivo de contratação de técnicos de enfermagem e enfermeiros em andamento.

Desde o início do ano até o presente momento, foram realizadas 304 contratações de profissionais na área da enfermagem, afirmou o hospital.  

“A instituição está tendo a oportunidade de reciclar vários profissionais em busca da melhor qualificação profissional e, assim, continuar garantindo a melhor assistência ao paciente”, concluiu a nota.

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INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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