Cidades

Campo Grande

Desativada há 2 anos, última estação
do trem do Pantanal vive abandono

Estação ferroviária no Indubrasil virou monumento ao descaso

NATALIA YAHN

15/01/2017 - 06h00
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Abandonada desde o fim das atividades do Trem do Pantanal, no início de 2015, a Estação Ferroviária de Indubrasil, em Campo Grande, está totalmente depredada. O prédio foi desocupado há quase dois anos, e a partir daí passou a ser destruído por vândalos que quebraram as janelas, paredes e portas, roubaram luminárias, fiação, vasos sanitários e torneiras.

Pacote de investimentos no valor total de R$ 44 milhões,  do Ministério do Turismo, garantiu a obra na estação, entregue em 2009. No mesmo ano o passeio começou a funcionar entre a Capital e Miranda, distante 207 quilômetros. Mas cinco anos depois Campo Grande saiu do roteiro e o embarque passou a acontecer na estação de Aquidauana, a 140 quilômetros. Meses depois o passeio foi cancelado.

CUIDADOR SOLITÁRIO

Mesmo destruída, a estação de Indubrasil – que deveria receber centenas de turistas todos os fins de semana – é a grande paixão do único visitante, o ferroviário aposentado José Jorge Godoy, 61 anos. Durante anos o mecânico de trens foi funcionário da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) e depois das empresas que assumiram o serviço, a Novoeste S.A. e a América Latina Logística (ALL). Ele também atuou como responsável pelas duas locomotivas que faziam o percurso do passeio.

Há quase dois anos, Godoy é o único cuidador da área e faz o que pode para preservar a antiga estação que fica ao lado da “nova estação”, construída para receber o Trem do Pantanal. “É muito triste ver uma situação dessas, eu acho que vão acabar com tudo. A empresa que administra a malha ferroviária não fez nada para melhorar, só piorou o que já estava ruim”, lamenta-se.

Mesmo sem esperança em ver novamente o trem em funcionamento, ele cuida do prédio da estação antiga – que é patrimônio da União – e tenta manter o local preservado. “Os vândalos destruíram toda a estação nova, mas a aqui na original eu estava conseguindo manter. Mas agora não mais. Esta semana arrombaram a porta e levaram geladeira e televisão que eu tinha aqui. No começo, quando os roubos começaram eu avisei a polícia, mas agora nem faço mais nada, nem registro, porque ninguém se importa mesmo com isso aqui, só eu!”, diz Godoy.

SEM PREVISÃO

Enquanto o ferroviário aposentado tenta manter o local preservado, a retomada das atividades do Trem do Pantanal pode estar longe de acontecer. A empresa responsável pelo passeio, a Serra Verde Express - a mesma que opera há 20 anos no Paraná e que se auto-intitula a “maior operadora de trens turístico do país” - informou em nota que “ainda não há previsão (de retorno)” e “já tomou todas as providências necessárias para retomada da operação e agora a decisão está nas mãos do Governo do Estado”.

A operadora também se isentou da responsabilidade em relação à estação, atribuindo-a ao governo do Estado. Em nota, o governo afirmou que os passeios foram suspensos em 2014 e não há previsão de serem retomados.

Já a Rumo, concessionária prestadora de serviço público de transporte ferroviário de cargas, afirmou, também em nota, não ter permissão para realizar transporte de passageiros. “Conforme a Resolução n° 359 de 26 de novembro de 2003 (da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT) e demais normas vigentes, esse tipo de transporte depende de autorização. Dessa forma, a operação do Trem do Pantanal não era de sua responsabilidade, não cabendo a ela a decisão de continuar este transporte. Em relação à Estação Ferroviária, conforme contrato de comodato firmado em 2009, a edificação está sob responsabilidade de posse e guarda do governo do Mato Grosso do Sul”.

BAIXA DEMANDA

O secretário de Cultura de Aquidauana, a 140 quilômetros de Campo Grande, Humberto Torres, confirmou que os cinco vagões do Trem do Pantanal estão parados na estação ferroviária da cidade. “Não estão abandonados. São particulares e um deles foi doado pelo proprietário para um projeto e será montada uma biblioteca nele. O termo de compromisso foi assinado em setembro”, informou. 

O secretário atribuiu a situação à baixa procura. “O trem parou de funcionar, porque não estava tendo demanda, que seria no mínimo 150 pessoas por fim de semana, mas passou para a cada 15 dias e depois acabou por falta de interesse”, contou.

SEM VAGÕES

Já o cuidador da estação de Indubrasil tem informação diferente. “Levaram os vagões para Aquidauana, estão abandonados. Na época, em 2015, a Serra deu a entender que o passeio seria retomado. As locomotivas foram cedidas para uso pela Rumo, e depois eles pegaram de volta. O problema todo foi porque a Rumo começou a dificultar as coisas, não queria emprestar as locomotivas e nem arrumar os trilhos”, afirma Godoy.

Torres disse ainda que é desejo da prefeitura retomar o projeto do Trem do Pantanal, mas “não há previsão” de que isso aconteça. Na estação de Aquidauana, que abriga um restaurante e a sede da Fundação Municipal de Turismo, a prefeitura pretende fazer um Centro de Convenções. O local pegou fogo no dia 5 de setembro do ano passado, o incêndio destruiu parte do prédio onde funcionava um depósito de pneus que pertencia à prefeitura.

ENQUANTO ISSO...

E enquanto o “velho trem” não “atravessa o Pantanal”, fica apenas a esperança de que os trilhos sejam recuperados, a estação preservada e volte a funcionar. Ao contrário do que foi eternizado na voz do cantor Almir Sater na música “Trem do Pantanal”, o caminho da estação de Indubrasil e do passeio que leva o mesmo nome não fazem parte da rota de “todos os trilhos da terra”. “Eu não gosto nem de passar para o lado do prédio “novo”, não gosto de ver o que fizeram com o trem”, finaliza Godoy.

Cidades

Frente fria derruba temperaturas e traz tempestades durante a semana

Temperaturas serão menores ao amanhecer, mas sobem ao longo da tarde; há possibilidade de ventos acima de 60 km/h

15/12/2025 18h27

Temperaturas devem ter ligeira queda a partir de quarta-feira e chuva está prevista para toda a semana

Temperaturas devem ter ligeira queda a partir de quarta-feira e chuva está prevista para toda a semana Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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A semana começou com tempo instável em Mato Grosso do Sul, com variação entre abertura de sol e nebulosidade e chuvas, mas deve ser marcada por chuvas e queda nas temperaturas, devido à passagem de uma frente fria.

De acordo com o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), para esta terça-feira (16), em decorrência do avanço da frente fria, a tendência é de tempo mais fechado, com maior cobertura de nuvens e condições para chuvas.

De forma pontual, podem ocorrer tempestades, acompanhadas de descargas elétricas e rajadas de vento.

"Essa configuração atmosférica está associada ao intenso transporte de calor e umidade, aliado à atuação de áreas de baixa pressão atmosférica", diz o Cemtec.

Ainda segundo o órgão, o avanço da frente fria, em conjunto com o deslocamento de cavados em médios níveis da atmosfera, favorece a formação de instabilidades sobre o Estado.

São esperados acumulados significativos de chuva, com valores acima de 40 mm em 24 horas, principalmente nas regiões centro-leste do estado.

Em relação à previsão de temperaturas, devem ser registradas por regiões:

  • Regiões Sul, Cone-Sul e Grande Dourados: Mínimas entre 18-22°C e máximas entre 22-32°C.
  • Regiões Pantaneira e Sudoeste: Mínimas entre 21-26°C e máximas entre 25-37°C.
  • Regiões Bolsão, Norte e Leste: Mínimas entre 21-24°C e máximas entre 28-33°C.
  • Campo Grande (Capital): Mínimas entre 22-24°C e máximas entre 25-32°C.

Ao longo da terça-feira, podem ocorrer rajadas de vento acima de 60 km/h.

Frente fria

A partir de quarta-feira (17), a previsão indica tempo mais firme, com predomínio de sol e variação de nebulosidade, em função da atuação de um sistema de alta pressão atmosférica.

No entanto, devido à passagem da frente fria, as temperaturas devem ter queda, ficando mais amenas ao amanhecer, com mínima de 16ºC.

Em Campo Grande, a mínima prevista é de 21°C, enquanto a máxima deve ser de 29°C.

Apesar da tendência de estabilidade, não se descartam pancadas de chuva e tempestades isoladas.

Entre quarta e quinta-feira (18), a previsão de temperaturas é:

  • Regiões Sul, Cone-Sul e Grande Dourados: Mínimas entre 16-19°C e máximas entre 26-28°C.
  • Regiões Pantaneira e Sudoeste: Mínimas entre 20-24°C e máximas entre 30-32°C.
  • Regiões Bolsão, Norte e Leste: Mínimas entre 18-24°C e máximas entre 27-30°C.
  • Campo Grande (Capital): Mínimas entre 21-23°C e máximas entre 27-29°C.

Alerta

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem dois alertas de perigo para tempestades, com vigência já a partir desta segunda-feira.

Conforme os alertas, podem ocorrer chuvas entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, ventos intensos, entre 60 e 100 km/h.

Por este motivo, há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas.

O Inmet orienta que, em caso de rajadas de vento, a população não se abrigue debaixo de árvores e não estacione veículos próximos a torres de transmissão e placas de propaganda. Se possível, desligue aparelhos elétricos e quadro geral de energia.

Em caso de ocorrências relacionadas a tempestades, a orientação é entrar em contato com a Defesa Civil (199) e ao Corpo de Bombeiros (193).

Temperaturas devem ter ligeira queda a partir de quarta-feira e chuva está prevista para toda a semanaMato Grosso do Sul está em alerta para tempestades (Reprodução / Inmet)

Transporte Público

Com greve dos ônibus, viagens por aplicativos ficam 140% mais caras

100% dos ônibus da Capital estão parados e a greve deve permanecer ainda amanhã e sem prazo para terminar

15/12/2025 18h00

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite desta segunda-feira (15)

Todos os ônibus estão parados desde a meia noite desta segunda-feira (15) FOTO: Marcelo Victor/Correio do Estado

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Menos de 18 horas após o início da greve dos motoristas do transporte público de Campo Grande, a cidade já sentiu as consequências, especialmente os trabalhadores que dependiam dos ônibus para deslocamento. 

Entre as alternativas para chegar aos locais de trabalho, o deslocamento através de aplicativos, como Uber e 99, chegou a ficar 140% mais caro. 

É o que contou a diarista Elizaneia Costa de Assis Gonçalves, de 57 anos. Ela se desloca todos os dias do bairro Bosque do Trabalho, onde mora, até o bairro Coophatrabalho, onde atende seus clientes. 

“Eu trabalho aqui há mais de 18 anos e desde a pandemia eu venho pra cá de Uber. O valor normal da viagem é de R$25 reais. Hoje, a mesma viagem estava custando R$60”, disse.

O designer gráfico Antonio Rissato também passou pelo mesmo sufoco. Ele disse que não foi pego de surpresa pela greve e se programou para se deslocar através de aplicativos, mas os preços pesaram no bolso.

“Eu me adiantei pra pedir um motorista de aplicativo, mas os preços já estavam muito inflados, geralmente eu pago de 8 a 10 reais pra vir de moto, mas hoje chegou a bater 30 reais, de carro chegou até 70, fora do normal”, contou. 

A empresa onde ele trabalha não deu opção para os usuários do transporte público, nem flexibilidade para atrasos. Mesmo assim, para ele, a greve é compreensível e reflete problemas gerados e acumulados que impactam tanto os usuários dos ônibus quanto os trabalhadores. 

“O valor do passe está lá em cima, a condição do transporte é vergonhosa e ainda por cima não pagam direito aos servidores, não existe lógica nisso. Claro, gera um atraso nos nossos horários, mas acho que o atraso maior ainda é diariamente a gente ter que ir trabalhar em péssimas condições, sem contar o estresse causado aos motoristas pela falta de pagamento”, desabafou. 

Mas o valor alto não foi o único problema. Com a alta demanda, os usuários também enfrentaram demora na espera para localizar um motorista para a corrida e um trânsito “caótico” nas primeiras horas do dia. 

Vinícius esperou mais de 20 minutos até que um motorista aceitasse sua corrida pelo aplicativo. Às 7h40 ele precisou se deslocar para outra loja filial onde trabalha, mas às 8 horas da manhã, ainda estava esperando. 

“Tudo ficou atrasado, além dos preços que subiram, o que é normal por causa da demanda. Mas complica muito a vida”, relatou. 

Sofia Bento costuma utilizar o transporte coletivo para chegar ao trabalho todos os dias, mas como soube da greve antes, se organizou para ir com o carro da família. Porém, o problema enfrentado por ela e por tantos outros foi o fluxo de carros. 

“Eu saí de casa às 7h20 e cheguei no trabalho às 7h52. Nunca gastei tudo isso para chegar. Até a rua Antônio Maria Coelho, o trânsito fluía. Dali em diante, tudo parado, um ‘fervo’”, contou à reportagem. 

Mesmo que a greve já estivesse avisada aos usuários, a surpresa foi o serviço ter sido paralisado de forma completa, já que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) havia determinado em decisão judicial que apenas 30% dos motoristas poderiam aderir à paralisação, sob multa diária de R$ 20 mil. 

A decisão foi desrespeitada, já que 100% dos motoristas declararam greve na manhã desta segunda-feira (15). 

A audiência de conciliação entre o TRT e o Sindicato será realizada nesta terça-feira (16). 

O lado do Consórcio

O Consórcio Guaicurus, em nota enviada ao Correio do Estado na quinta-feira (18), informou que está sem dinheiro para honrar com:

  • Folha salarial
  • 13º salário
  • Custos Operacionais Básicos (combustível, manutenção da frota e encargos)

Segundo a concessionária, a ameaça de greve é causada pela crise financeira, decorrente da inadimplência nos repasses devidos pelo Poder Público (Prefeitura de Campo Grande). Os repasses abrangem o vale-transporte, subsídios e demais componentes tarifários definidos para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do sistema.

"É crucial destacar que, apesar do acordo estabelecido com a participação e anuência do Poder Concedente (Município), a tarifa não está sendo praticada, pois os repasses necessários não estão sendo efetuados de maneira adequada e nos valores devidos. A falta de regularização imediata desses pagamentos críticos ameaça diretamente a continuidade e a qualidade da prestação dos serviços. Sem o fluxo de caixa necessário, o Consórcio está impossibilitado de honrar obrigações financeiras essenciais com vencimento iminente. O sistema opera atualmente no limite de suas capacidades, e a ausência destes repasses torna a operação inviável a curto prazo. O Consórcio Guaicurus reitera o apelo para que as autoridades competentes ajam com a máxima urgência para regularizar os débitos em atraso. A manutenção da inadimplência nos repasses inviabiliza o cumprimento dos pagamentos salariais. Desta forma, o Consórcio alerta que os trabalhadores poderão interromper legalmente suas atividades em razão do não cumprimento destas obrigações, conforme previsto no Artigo 624 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O não cumprimento destas obrigações contratuais e salariais, que derivam de um compromisso que envolvia o Poder Concedente, pode resultar na interrupção total dos serviços, o que afetará drasticamente a mobilidade urbana e a vida dos cidadãos de Campo Grande".

O lado da Prefeitura

Durante a coletiva de imprensa marcada para a manhã desta segunda-feira, a Prefeitura Municipal de Campo Grande negou que haja qualquer débito entre eles e o Consórcio Guaicurus, responsável pela manutenção do transporte público na Capital. 

Em nota, o Executivo afirmou que na semana passada foram antecipados repasses financeiros ao Consórcio Guaicurus, referentes às subvenções das gratuidades, no valor médio de R$ 3 milhões, valor que só venceria no final do mês, em uma tentativa de evitar que a greve fosse deflagrada.

"Somente este ano, a Prefeitura já repassou mais de R$ 35 milhões ao Consórcio Guaicurus, sendo R$ 19 milhões referentes às gratuidades e mais R$ 15 milhões de vale-transporte dos servidores. Ainda assim, a concessionária, que é uma empresa privada, deixa de honrar os compromissos que têm com seus funcionários e causa prejuízos a toda a população", afirma a nota. 

Segundo dados apresentados, a paralisação afetou cerca de 110 mil usuários do sistema e aproximadamente mil trabalhadores do transporte coletivo.

Manifestações

Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo se manifestaram nas redes sobre a paralisação do transporte público de hoje. 

A vereadora Luiza Ribeiro destacou que é "inadmissível que uma empresa de grande porte, que atua há anos na cidade e recebe antecipadamente recursos do vale-transporte, alegue falta de condições financeiras para honrar compromissos básicos com seus funcionários" e que se tratam de "direitos humanos". 

Ela ressaltou que, como apurado na CPI, o Consórcio Guaicurus faturou cerca de R$1,8 bilhão desde que assumiu o serviço na Capital. Mesmoa assim, acumula reclamações diárias dos usuários, como atrasos, superlotação e condições precárias dos ônibus, com 197 ônibus acima da idade média permitida. 

A vereadora Ana Portella afirmou nas redes socias que o Consórcio Guaicurus "está fazendo isso por simples maldade". 

"Não faz sentido algum a população pagar essa fatura. Uma empresa que teve R$ 165 milhões falar que não tem recurso suficiente é má gestão. Essa empresa não pode mais continuar, esse contrato precisa ser rompido”, afirmou em vídeo.

Maicon Nogueira pediu pela intervenção do contrato de forma imediata.

"Tenho feito denúncias a meses e o Ministério Público não age. A prefeitura segue na inércia. Não tem como negociar com mafiosos. Somos reféns e ninguém faz nada”, relatou o vereador.

 

*Colaborou Naiara Camargo

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