Cidades

Operação do Gaeco

Diretora da Omep presta depoimento e nega desvio de dinheiro público

Investigação apura corrupção em convênio de ONGs com a prefeitura

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Investigadas pelo Ministério Público em suposto esquema de desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito, Maria Aparecida Salmaze, diretora da Organização Mundial para Educação Pré-Escolar (Omep) e Kelly Ribeiro Pereira, responsável por organização não governamental que administra a creche Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, prestaram depoimento hoje ao Gaeco.

Elas estão presas temporariamente em razão de mandado de prisão expedido pela Justiça.

Advogado que representa a diretora da Omep, Laudson Ortiz disse ao Portal Correio do Estado que promotores fizeram perguntas relacionadas ao patrimônio pessoal de Maria Aparecida, para saber se foi adquirido com dinheiro público. Diretora negou.

“Tentaram fazer uma ligação de que ela estaria usando dinheiro público e chegaram a citar uma propriedade que ela tem há mais de 20 anos, onde está sendo feito reforma. Fizeram apreensão da escritura, mas a obra é toda custeada por ela e pelos filhos”, disse o advogado.

Ainda segundo ele, em interceptações telefônica, a mulher conversa com o filho, que é mestre de obras, sobre a reforma. “Tentaram associar como se fosse comprado com dinheiro público, mas está está tudo certo”.

Ainda segundo o advogado, Omep presta contas mensalmente sobre o recurso do convênio com a Prefeitura e com o Tribunal de Contas do Estado (TCE), tanto sobre a folha mensal de pagamento, quanto sobre os 5% do valor destinados ao custo operacional da instituição.

Ortiz afirma também que vai entrar com habeas corpus pedindo a liberdade da cliente entre a noite de hoje ou amanhã.

“É uma medida extrema [a prisão], ainda mais na fase de investigação. Como ela vai atrapalhar os trabalhos, se já foi ouvida e já fizeram busca e apreensão de documentos?”, questionou o advogado.

Prefeito Alcides Bernal (PP) também compareceu a sede do Gaeco, onde foi levar lista com nomes de funcionários mantidos pela administração municipal por meio de contrato com a Omep e com a Seleta Sociedade Caritativa e Humanitária.

INVESTIGAÇÃO

De acordo com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, as ações envolvendo diretores e pessoas ligadas à Omep e à Seleta são desdobramentos de investigação que já estava em andamento.

Tramita na Vara de Execuções Penais pedidos de quebra de sigilo telefônico e escuta autorizada, de onde foram colhidas informações que reforçaram movimentação milionária, com indícios de crimes.

Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), recibos de prestação de serviços nos Centros de Educação Infantis (Ceinfs) em valores elevados não retratavam os serviços efetivamente prestados. Uma das unidades fazia uso de notas frias de serviços variados para desviar valores, comportamento que ocorreria desde outras administrações municipais.

Na operação deflagrada hoje, policiais e promotores cumpriram sete mandados de condução coercetiva e outros 14 de busca e apreensão de documentos, além dos três de prisão temporária. Um dos mandados, inclusive, foi cumprido no gabinete da vereadora Magali Picarelli (PSDB), na Câmara da Capital.

Desde 2011 o MPE cobra medidas para enxugar as contratações da Seleta, que deveria contratar pessoal por meio de concurso público.

Município e a Seleta resistiram por anos em resolver a questão e mantiveram milhares de contratados, a partir de recursos recebidos em convênio firmado com a SAS. Nas investigações, MPE descobriu que muitos dos servidores contratados não prestam serviços em atividades ligadas ao convênio e outros vários não trabalham para a Seleta, sendo funcionários fantasmas.

APURAÇÃO FINANCEIRA

Relatório da inteligência financeira, elaborado pelo Controle de Atividade Financeira (Coaf), mostra solicitações de grandes quantidades de valores em espécie, o que contraria a conduta esperada de uma ONG e indica a possibilidade de desvio de valores.

Além disso, informes do Coaf confirmam denúncias que as entidades são utilizadas para desvios de dinheiro público, com contratação fictícia de empresas e pessoas.

Soma-se aos indícios de prática criminosa a confirmação de contratações irregulares averiguadas em processo, onde juiz determinou cronograma de demissões e rescisões de contratos depois de verificar contratação de mais de quatro mil pessoas que não atendiam a finalidade de uma ONG.

Nos áudios anexados ao processo, foram detectados acordos para combinar depoimentos e alinhar versões a serem apresentadas.

Além dos dados do COAF e não localização de pessoal em qualquer local de trabalho, MPE verificou adulteração de ponto, informações falsas e desvio de dinheiro público, tudo em grandes proporções. Esquema também envolvia creches e empresas supostamente prestadoras de serviços.

Celulares dos investigados foram apreendidos e será feita análise das mensagens trocadas, em especial pelo WhatsApp.

AGRO

Ladrões vendiam gado roubado em leilão e acabam presos

126 cabeças de gado furtadas e remarcadas foram avaliadas em aproximadamente R$ 400.000

22/11/2024 13h30

Lote foi apreendido e devolvido à vítima

Lote foi apreendido e devolvido à vítima Foto: Divulgação

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A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Abigeato (DELEAGRO), recuperou nesta sexta-feira (22), um lote de 19 vacas e 8 bezerros proveniente de furto. O gado, que havia sido roubado de uma pequena propriedade rural, foi vendido ilegalmente em um leilão clandestino em Campo Grande, no dia 13 de novembro. 

Segundo a DELEAGRO, os animais foram encontrados no local do leilão ainda com as marcas antigas da vítima, junto das marcar recentes da propriedade que enviou o gado. Após a identificação dos gados, o lote foi apreendido e devolvido à vítima. 

Ainda em investigações sobre furto dos animais, a polícia civil, junto da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO), apreenderam outras 92 cabeças de gado remarcadas de forma irregular em uma propriedade em Rio Verde de Mato Grosso. Além destes, a fazenda também possuia 7 animais sem qalquer identificação da propriedade, marcas, ou divisas

Em interrogação ao único funcionário da propriedade presente no local, ele confessou ter remarcado os animais encontrados, sob justificativa de tentar encobrir algumas cabeças de gado que havia "perdido" e não queria que seu patrão descobrisse. 

De acordo com a DELEAGRO, ao todo, as 126 cabeças de gado devolvidas às vítimas estão avaliadas em aproximadamente R$400.000,00.  A Polícia Civil deve continuar as investigações em busca de mais envolvidos ou beneficiários dos leilões. 

Confira: 

 

ULTIMA RATIO

Quatro dos 5 desembargadores afastados em MS já poderiam estar aposentados

Os dois ex-desembargadores que foram alvo da operação Ultima Ratio também adiaram ao máximo a data para "pendurarem as chuteiras"

22/11/2024 13h02

Nada de relevante, segundo a PF, foi encontrado no cofre apreendido no dia 24 de outubro no Tribunal de Justiça de MS

Nada de relevante, segundo a PF, foi encontrado no cofre apreendido no dia 24 de outubro no Tribunal de Justiça de MS Marcelo Victor

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Enquanto que a maior parte dos brasileiros conta os dias para se aposentar, alguns poucos só entram nesta categoria quando são obrigados. Prova disso é que dos cinco desembargadores afastados no dia 24 de outubro por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), quatro já poderiam ter se aposentado antes da deflagração da operação. 

Sideni Soncini Pimentel, eleito para ser o próximo presidente do Tribunal de Justiça, por exemplo, entrou na magistratura em 1981 e já completou mais de 43 anos de contribuição previdenciária. Além disso, está prestes a completar 73 anos. 

Ou seja, pela idade e tempo de contribuição poderia ter se aposentado há cerca de uma década. Porém, como pretende ficar dois anos no comando do TJ (2025 e 2026), deixa claro que só pretende se aposentar no dia em que completar 75 anos, em 6 de fevereiro de 2027. 

Se não fosse a chamada PEC da Bengala, que em 2015 ampliou de 70 para 75 anos a idade obrigatória para a aposentadoria dos servidores público, Sideni Soncini já deveria estar fora do serviço público desde 2022. 

Vladimir Abreu é um pouco mais jovem, mas também já é juiz desde fevereiro de 1986, tendo contribuído para a previdência por 38 anos somente como magistrado. Nascido em outubro de 1957, duas semanas antes da operação Ultima Ratio completou 67 anos, idade que por si só seria suficiente para ter parado há pelo menos dois anos. 

Sendo assim, tanto por idade quanto por tempo de contribuição já poderia estar descansando ou atuando como advogado, como faz a maior parte dos magistrados quando deixa a atividade pública. Poderia, por exemplo, se associar ao escritório dos filhos, que têm faturamento maior inclusive que o próprio pai, como mostram as investigações da Polícia Federal. 

Marcos Brito nasceu no dia 7 de novembro de 1958 e já está com 66 anos. Ele é magistrado desde novembro de 1988 e somente neste emprego tem mais de 36 anos de contribuição. Então, supondo que não tivesse nenhuma contribuição anterior, poderia ter parado de trabalhar no serviço público há pelo menos um ano. 

O presidente do Tribunal de Justiça, Sérgio Martins, nasceu em 15 de agosto de 1960 e acabou de completar 64 anos. Advogado de carreira, foi nomeado pelo então governador André Puccinelli para o cargo de desembargador em 2007, tendo quase 17 anos de contribuição na atual função, o que é tempo suficiente caso quisesse “pendurar as chuteiras”. 

Em seu currículo no Tribunal de Justiça consta a informação que entre 1989 até 2007 foi professor da Universidade Católica Dom Bosco, onde necessariamente contribuiu para a Previdência Social. Estes 18 anos facilmente podem ser averbados e, mesmo que não tivesse nenhuma contribuição em seus primeiros 29 anos de vida, já preenchia os critérios para se aposentar, uma vez que tinha mais de 35 anos contribuição antes do desencadeamento da Ultima Ratio. 

Dos cinco afastados, somente Alexandre Bastos possivelmente não poderia estar aposentado. Está com apenas 53 anos e em dezembro completa oito no cargo de desembargador, o que é tempo insuficiente na função pública. Como representante da OAB, foi nomeado pelo governador Reinaldo Azambuja em dezembro de 2018, deixando para seus filhos os clientes de seu bem-sucedido e luxuoso escritório de advocacia. 

MAIS EXEMPLOS

Os dois desembargadores aposentados que foram alvo da operação Ultima Ratio também servem como exemplo de que os magistrados do topo da carreira postergam ao máximo essa data e só “penduram as chuteiras” quando são obrigados por lei, o que ocorre ao completarem 75 anos. 

Divoncir Maran largou o cargo em abril deste ano, um dia antes de completar 75 anos. Ele estava com quase 42 anos de contribuição e poderia estar usufruindo da aposentadoria há pelo menos sete anos.  

 Júlio Roberto Siqueira, cuja prisão chegou a ser pedida pela Polícia Federal, mas que foi ideferida pelo ministro Francisco Falcão, completou 75 anos em julho deste ano, uma semana antes da chamada data "expulsória".

Ele já estava com pouco mais de 40 anos de contribuição somente na função de magistrados e há pelo menos cinco anos poderia ter parado. Em sua casa os agentes da PF apreenderam em torno de R$ 2,7 milhões em espécie e até uma máquina para contar dinheiro. 

PRIVILÉGIOS

Porém, possivelmente por conta dos penduricalhos que perderia, o que representam em torno de 30 mil a menos ao final de cada mês, tanto Julio Siqueira quanto os demais desembargadores e juízes evitam ao máximo abandonar a toga. 

Além disso, o fato de terem direito a 60 dias de férias por ano, recesso de mais três semanas no fim do ano e outros privilégios inimagináveis para “trabalhadires comuns”, também ajudam a entender por que esta categoria de servidores públicos diz não àquilo que os chamados “cidadãos comuns” tanto almejam. 

Para a Polícia Federal, porém, este interesse pelo trabalho tem outras explicações. Para os investigadores, os desembargadores afastados por ordem do STJ participavam de um esquema de venda de sentenças judiciais, o que supostamente ajuda a explicar o interesse pelo cargo público. 

Ao menos cinco magistrados aparecem na investigação em supostos esquemas que envolvem filhos que são advogados e que venceram disputas milionárias decididas no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Esta investigação aponta que os filhos destes magistrados têm faturamentos milionários, muito superiores aos dos pais magistrados, e são proprietários de mansões, carrões, propriedades rurais e até de avião. 

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