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"Divisão" de produto traficado pode contribuir para paz na fronteira de MS

Enquanto PCC usa fronteira com o Paraguai para enviar cocaína para grandes centros, Comando Vermelho prefere a maconha

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A fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e também com a Bolívia faz do Estado uma das principais rotas para o tráfico de drogas no Brasil. Atualmente esta região é “dividida” entre duas grandes facções, o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que também dividem o tipo de droga que vão traficar por meio desta área.

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, o recente racha entre as facções tem deixado o setor de inteligência da Pasta em alerta, para evitar que haja uma luta por território.

“A inteligência tem feito monitoramento ininterruptamente, principalmente na região de fronteira, para evitar que esses grupos entrem em conflito. Nós conseguimos identificar, inclusive, que no ano passado, essas mortes que ocorreram no norte do Estado foram justamente uma briga entre CV e PCC, em que o primeiro matou, inclusive, algumas pessoas inocentes”, detalhou Videira.

Os óbitos aos quais o secretário se refere ocorreram ao longo do ano passado, em Sonora. Sete pessoas, muitas delas inocentes, morreram sem ter envolvimento com nenhuma das facções, como foi o caso do estudante João Vitor de Oliveira, de 21 anos, e do professor Jair Ferreira Jara, de 49 anos, que foram vitimados no ginásio de uma escola.

A região, conforme o secretário, é dominada pelo CV, pois faz fronteira com Mato Grosso, estado em que o grupo tem maior atuação.

Em Mato Grosso do Sul, a facção carioca também tem atuação na faixa de fronteira com o Paraguai, local onde divide o espaço com o PCC. Porém, conforme Videira, há uma divisão entre eles dos produtos a serem transportados ilegalmente por aquela região.

“O CV opera com maior força de Coronel Sapucaia para baixo, na região de Capitan Bado [no Paraguai], de onde traz armas e drogas, mas mais maconha. Já o PCC atua mais na região de Ponta Porã com o tráfico de armas e cocaína”, explicou o secretário.

Essa “divisão” no tipo de produto a ser exportado, apesar do fim da trégua entre as duas facções, é um dos motivos de ainda não ter sido registrado nenhum aumento das mortes entre os grupos.

“Intensificamos o policiamento mais de Ponta Porã até Sete Quedas, que são regiões comandadas pelo PCC e CV no Estado”, contou o secretário ao Correio do Estado.

Videira afirmou, entretanto, que não é necessário, pelo menos nesse momento, ampliar o efetivo nessa região. Segundo o secretário, essa intensificação será no setor de inteligência e na relação com forças de segurança federais. Porém, o número de pessoal deverá se manter o mesmo.

“Nós já temos estrutura nessa área, temos helicópteros, agentes, tudo funcionando, e já vem de alguns anos essa aliança com outras forças, que inclusive resultaram em um aumento de 61% na apreensão de drogas neste ano”, declarou.

FIM DA TRÉGUA

De acordo com autoridades federais, a trégua entre o PCC e o CV é ventilada desde o ano passado. No entanto, relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) referente a fevereiro mostrou que as duas maiores facções criminosas teriam feito um acordo de não agressão.

Contudo, dois meses depois, esse “tratado de paz” teria sido rompido por ambas as partes. Conforme o Estadão, no início deste mês, o rompimento foi confirmado por advogados da facção do Rio de Janeiro, que preferiram não ser identificados. Eles disseram, porém, que a cisão foi “feita em paz”.

Matéria do Correio do Estado deste mês mostrou que a cisão pode ter sido autorizada de Mato Grosso do Sul, já que Márcio dos Santos Nepomuceno, mais conhecido como Marcinho VP, é interno na Penitenciária Federal de Campo Grande desde janeiro do ano passado e segue como o número 1 da facção criminosa carioca.

Condenado por tráfico de drogas e homicídios, em penas que totalizam mais de 40 anos, Marcinho VP, de 55 anos, está preso desde agosto de 1996.

Entretanto, autoridades dizem que, mesmo assim, Marcinho VP segue sendo a principal liderança do grupo criminoso e ordenando homicídios e outros crimes.

DIFERENÇAS

Segundo matéria da Folha de São Paulo deste mês, entre os motivos que teriam levado a esse novo rompimento entre o PCC e o CV estariam questões culturais de cada facção. Conforme o secretário, isso pode ser visto também em Mato Grosso do Sul.

O PCC, que comanda a maior parte do Estado, tem focado sua atuação no tráfico de cocaína, com mortes mais relacionadas ao chamado “Tribunal do Crime” e sem grande espetacularização, e na lavagem de dinheiro, com duas empresas identificadas em Mato Grosso do Sul atuando a seu favor. O CV, por sua vez, segue outro caminho, “como as mortes em Sonora puderam mostrar”, afirmou Videira.

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"Mais louco do Brasil" recebe ultimato para combater megaerosão

Justiça impôs multa diária de R$ 100 mil caso o prefeito de Ivinhema e a Agesul não tomarem providências para combater erosão

20/12/2025 19h30

Água de dois bairros sem drenagem provou erosão de 3,8 quilômetros na margem de rodovia na saída de Ivinhema para Angélica

Água de dois bairros sem drenagem provou erosão de 3,8 quilômetros na margem de rodovia na saída de Ivinhema para Angélica Ivinotícias

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Apesar de uma gigantesca erosão estar ameaçando destruir uma rodovia estadual, a MS-141, que está sob a responsabilidade do Governo do Estado, o prefeito Juliano Ferro, que se autodenomina "o mais louco do Brasil, também recebeu um ultimato da Justiça para que tome providências para tentar acabar com o problema. 

Segundo denúncia do Ministério Público acatada pela Justiça, a erosão ocorre porque falta drenagem no conjunto habitacional Salvador de Souza Lima e no Residencial Solar do Vale. A água destes dois bairros acabar descendo pela margem da MS-141, na saída de Ivinhema para Angélica, e provoca a erosão que se estende por cerca de 3,8 quilômetros.

E, por conta do risco de acidentes e por causa do grande volume de terra que foi arrastado para propriedades rurais vizinhas, a Justiça determinou multa diária de R$ 100 mil para a prefeitura, a Agesul (resposponsável pela manutenção da rodovia) e ao Governo do Estado caso não adotem medidas imediatas para conter a erosão. 

Mesmo com liminar anteriormente deferida, as fortes chuvas das últimas semanas agravaram o cenário e ao longo da última semana a promotoria realizar novas diligências no local e voltou à Justiça para exigir a imposição da multa, no que foi atendida..

Durante as vistorias, foram identificadas valas com cerca de 10 metros de largura e até dois metros de profundidade às margens da rodovia, além da exposição de tubulações de esgoto, que ficaram vulneráveis a rompimentos. 

De acordo com a promotoria, a situação representa risco concreto e iminente de acidentes de grandes proporções, inclusive com possibilidade de vítimas fatais, em um trecho por onde trafegam diariamente ônibus, veículos leves e caminhões pesados.

Diante dos novos fatos, o Promotor de Justiça Allan Thiago Barbosa Arakaki peticionou nos autos destacando a piora do quadro e a ameaça à segurança viária, à saúde pública e ao meio ambiente.

Ao analisar os documentos e fotografias apresentados pelo MPMS, o juiz Rodrigo Barbosa Sanches acolheu os pedidos e determinou que os requeridos iniciem, em até cinco dias, ações emergenciais para conter o escoamento das águas pluviais, realizem a manutenção dos sistemas de drenagem e apresentem, em até 60 dias, relatório técnico com as providências adotadas e os resultados obtidos.

Além da atuação judicial, o MPMS também dialogou com proprietários rurais afetados pelos danos, esclarecendo que prejuízos patrimoniais individuais poderão ser objeto de reparação específica.

Por conta desta terra e de outras erosões, o Córrego Piravevê, que desemboca no Rio Ivinhema e separa os municípios de Angélica e Ivinhema, praticamente desapareceu. O leito foi completamente tomado pela terra e a promotoria também já recorreu à Justiça para tentar obrigar a prefeitura e o Governo do Estado a fazerem a recuperação.

O Correio do Estado procurou o prefeito Juliano Ferro em busca de informações para saber se alguma providência já foi adotada nos dois bairros que dão origem à erosão, mas ele não deu retorno. 

 

 

atraso nas chuvas

Nível do Rio Paraguai começa a subir e traz alento à mineração

Nos últimos 12 dias subiu 24 centímetros na régua de Ladário, mas ainda está longe de alcançar o nível ideal para o transporte de minérios

20/12/2025 18h30

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

Parte dos embarques de minérios é feita próximo da área urbana de Ladário, mas o volume maior ocorre em Porto Esperança

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Depois de chegar a 3,31 metros na régua de Ladário no dia 16 de julho, o nível do Rio Paraguai estava baixando ininterruptamente até o dia 8 de dezembro, quando atingiu a mínima de apenas 24 centímetros. Depois disso, começou a subir, mas tardiamente. No ano passado ele começou a subir quase dois meses mais cedo.

E, apesar de até agora as chuvas terem sido escassas na região norte de Mato Grosso do Sul e no sul de Mato Grosso, o nível do rio está melhorando nos últimos 12 dias e neste sábado amanheceu  em 54 centímetros. O nível ainda está longe do necessário, mas já traz alívio para o setor de transporte de minérios, que está praticamente parado faz dois meses. 

Nos dez primeiros meses do ano foram escoados, segundo dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), 7,6 milhões de toneldas de minérios pela hidrovias, batendo todos os recordes de movimentação. Incluindo grãos e outros produtos, o volume transportado pelo Rio Paraguai chega a 8,2 milhões de toneladas em dez meses de 2025.

Em 2023, que até então era o melhor ano do setor, o volume de minérios havia chegado a 5,6 milhões de toneladas nos dez primeiros meses do ano. Naquele ano, porém, havia muito mais água no rio e o pico da cheia chegou a 4,24 metros. Depois que ultrapassa os quatro metros em Ladário o rio começa a transbordar e a alagar a planície pantaneira.

No ano passado, quando atingiu seu pior nível da história, com 69 centímetros abaixo de zero na régua de Ladário, as chuvas fortes chegaram mais cedo e o Rio Paraguai começou a subir já a partir do dia 17 de outubro. 

Por conta disso, no dia 20 de dezembro já estava em 94 centímetros, o que é 40 centímetros acima do nível em que amanheceu neste sábado (20). Estas chuvas logo no início da temporada, em setembro do ano passado, foram fundamentais para que o transporte de minérios fosse retomado logo no começo de 2025.

O cenário, porém, será diferente no começo de 2026. Sem as dragagens que estão previstas no projeto de concessão da hidrovia, o nível ideal para o transporte é acima de 1,5 metro. Porém, as barcaças ainda descem pela hidrovia, com volume menor, até que o rio tenha em torno de um metro na régua de Ladário. 

E, como até agora os rios subiram pouco na região sul de Mato Grosso, a pespectiva é de que o nível em Ladário só chegue a 1,5 metro depois de janeiro, atrapalhando o transporte de minérios no primeiro mês do ano. Em janeiro de 2025, por exemplo, foram despachadas 521 mil toneladas de produtos. No final do mês o rio já estava em 1,34 metro. 

O nível se manteve acima de um metro até o dia 20 de outubro deste ano. No dia primeiro daquele mês ainda estava em 1,79 metro, mas recuou rapidamente e no final do mês estava em apenas 66 centímetros. Mesmo assim, segundo a Antaq, ainda foram despachadas 678 mil toneladas de minérios, o que equivale ao volome de cerca de 14 mil carretas bi-trem somente em outubro. 

TRIBUTÁRIOS IMPORTANTES

Embora os rios Miranda e Aquidauana desemboquem no Rio Paraguai abaixo da régua de Ladário, a água destes dois tributários é fundamental para melhorar a navegabilidade. E, esta semana foi a primeira vez que ambos superaram a marca dos quatro metros, segundo dados do Imasul. 

Na sexta-feira (19), em Aquidauana, o rio com o mesmo nome da cidade alcançou 4,56 metros, o que ainda é 1,5 metro abaixo do nível de alerta. Somente quando supera os 7,3 metros é que entre em situação de emergência. Ou seja, já se passaram quase quatro meses do período de chuvas e o Aquidauana não encheu nenhuma vez. 

Situação parecida ocorreu com o Miranda. Após as chuvas do começo da última semana, ele chegou a 4,48 metros na régua instalada próximo à cidade de Miranda. Ele também só entra em situação de emergência depois que ultrapassa os 7 metros, o que não aconteceu nenhuma vez na atual temporada de chuvas. 

O Rio Coxim, por sua vez, chegou a entrar em nível de alerta ao longo da última semana, ultrapassando os quatro metros. Mas, depois de alcançar 4,16 metros começou a baixar. Somente depois que ultrapassa os cinco metros é que se considera que ele encheu. 

O Rio Piquiri, na divisa com Mato Grosso, que entra em situação de emergência somente depois que ultrapassa os 5,8 metros, estava em apenas 2,12 metros nesta sexta-feira, apesar das chuvas que atingiram a região ao longo da semana. 


 

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