Embora já tenha perdido 12 helicópteros para a polícia, o suposto megatraficante de drogas Antônio Joaquim da Mota, conhecido como Motinha ou Don, conseguiu fugir duas vezes de operações da Polícia Federal brasileira e da polícia paraguaia com helicópteros que ainda estão em suas mãos.
As fugas ocorreram em menos de dois meses. Na última sexta-feira (30), quando os agentes chegaram a sua fazenda, ele já não estava. No dia 11 de maio, na operação Helix, aconteceu exatamente o mesmo e as informações da própria polícia são de que nas duas vezes tenha fugido de helicóptero.
Na semana passada, conforme acreditam investigadores da PF, ele teria escapado de uma das fazendas da família que se estende pelos dois lados da fronteira, nos municípios de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
Na operação de 11 de maio, que também teve mandados em Campo Grande, São Gabriel do Oeste, Dourados e Ponta Porã, o alvo dos policiais eram justamente os helicópteros que a quadrilha usa para o transporte de cocaína.
Naquela operação, a Justiça autorizou o sequestro de três helicópteros, um veículo blindado, dois carros de luxo e um imóvel, avaliados em mais de R$ 30 milhões.
Além disso, em dois anos de investigação da PF contra a organização criminosa, foram apreneidos nove helicópteros, além de 2.750 kg de cocaína e um caminhão que eram utilizados para o transporte da droga proveniente do Paraguai, informou em maio a assessoria da PF.
Aeronave apreendida pela PF em operação no dia 11 de maioNa operação de maio, uma nota da PF informou que “inclusive, há a tentativa de cumprimento de um mandado de prisão contra um dos investigados, que se encontra no Paraguai, com o auxílio da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) e do Ministério Público Paraguaio”.
Essa tentativa se referia exatamente a Antônio Joaquim da Mota, que à época estaria escondido em uma propriedade da família Mota no território paraguaio. Naquela operação ele também teria escapado horas antes porque a operação teria vazado, acreditam os investigadores.
Na última sexta-feira, a PF informou que o chefe da quadrilha estava sendo protegido por um grupo paramilitar composto por brasileiros, um italiano, um romeno e um grego, todos com treinamento de guerra e com experiência em conflitos internacionais.
De acordo com a PF, eles teriam experiência inclusive no combate a piratas da Somália, que atacam navios, principalmente, na costa africana. Isso indica que a quadrilha comandada por Motinha atua inclusive no transporte intercontinental da cocaína levando os carregamentos pelo Atlântico até a África e a Europa.
"O Poderoso Chefão"
Antônio Joaquim da Mota é de tradicional família do agronegócio da região de Ponta Porã. Além da produção de grãos e atuação na pecuária, a família Mota é proprietária de um frigorífico de abate de bovinos e de uma das mais tradicionais casas de carne da região de fronteira.
Na última sexta-feira, a Justiça Federal expediu 11 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de prisão contra nove brasileiros, um italiano, um romeno e um grego, na operação simultânea nos estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
A operação foi chamada de Magnus Dominus (Todo Poderoso, em latim), referência ao líder do grupo criminoso que se autointitula "Dom", uma referência a Dom Corleone, do filme "O Poderoso Chefão", que seria Motinha.
O Estadão apurou que as autoridades brasileiras suspeitam de vazamento de informações do lado paraguaio da operação. Antônio Joaquim da Mota é o atual líder do chamado "clã Mota", organização criminosa que já atuou no contrabando de cigarros, aparelhos eletrônicos e agora se especializou no tráfico internacional de drogas.
Motinha teria negócios com grandes traficantes que atuavam na região e que estão presos, como Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro.
Durante as investigações, a Polícia Federal constatou que a organização criminosa possui grande poder bélico, com coletes balísticos, drones, óculos de visão noturna, granadas, além de armamento de grosso calibre, a exemplo de fuzis 556, 762 e ponto 50, este capaz de perfurar blindagens e abater aeronaves.
Na operação de sexta-feira, foram realizadas duas prisões em Minas Gerais, uma em São Paulo, uma no Rio Grande do Sul, e duas em Mato Grosso do Sul, nas cidades de Ponta Porã e Dourados. Um dos presos em MS seria policial militar da ativa, capturado em Dourados.
Além dos suspeitos presos, a PF apreendeu cerca de 14 armas, além de 40 caixas de munição, seis granadas e colete balístico. Os estrangeiros que integram o grupo paramilitar escaparam junto com do "poderoso chefão" e agora todos estãosendo incluídos na lista de mais produrados da Interpol.


