Sedada e em estado grave de saúde, Mariana Felícia de Sousa, de 80 anos, precisa ser transferida com urgência para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) de alguma unidade hospitalar. Entubada, a idosa sofre com pneumonia e aguarda na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Vila Almeida, enquanto a vaga não surge.
Indignada, ao Portal Correio do Estado, Tatiane Cândida de Sousa Silva, de 27 anos, neta de Mariana, relatou o drama que passou com a vó nas últimas 24 horas, situação que se repete com centenas de usuários do sistema público de saúde: a falta de leitos.
O problema se agravou desde sexta-feira passada (17), quando o município de Dourados decidiu que não receberia mais pacientes de 35 municípios vizinhos. Com isso, segundo o secretário municipal de saúde de Campo Grande, Ivandro Fonseca, essas pessoas estão sendo realocadas para a Capital. "Com a renúncia da gestão plena [em Dourados] o aumento da procura mensal por vagas em UTI´s subiu de 300 para 550 [aumento de 83,3%], aproximadamente”, explicou ao Portal Correio do Estado.
Mariana aguarda vaga em UTI (Foto: Arquivo pessoal)Tatiane, que trabalha como operadora de caixa, diz que não tem como pagar por um plano de saúde e lamenta o fato de ver a avó nas atuais condições. “Isso porque somos pobres, se fosse um filho de vereador ele já tinha conseguido uma vaga, pois pode pagar por ela”. Segundo ela, o primeiro atendimento realizado na idosa foi na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Nova Bahia, onde ela teve a primeira parada respiratória.
“Depois que da parada ficaram bombeando oxigênio manualmente, revezaram até que conseguiram vaga no Vila Almeida, onde segue entubada com aparelho de respiração mecânico. Mas antes de ser transferida me falaram que não tinha vaga e que ela ia morrer se continuasse ali. Dai eu pensei, deixo morrer?”, questionou a neta indignada.
"Já no Vila Almeida tivemos que ir em casa buscar os medicamentos que minha avó usa, pois lá não tinha". De acordo com Tatiane, os médicos descartaram qualquer suspeita da gripe H1N1 e alegam que o problema da idosa é uma forte pneumonia.
“O médico falou que já fez tudo o que podia e que o correto é ela ir para uma unidade de tratamento intensivo”, finalizou a dependente do sistema público de saúde que aguarda por um leito, assim como dezenas de pacientes espalhados pelos corredores dos hospitais da maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Diante do caos que se instala repentinamente na Capital, Ivandro conta que comunicou a situação ao Ministério Público Estadual (MPE), que deve investigar o caso. “Pacientes estão migrando do interior pra cá e superlotando as unidades”, analisou.


