A apreensão de cocaína pelas forças policiais ligadas a Secretaria de Estado de Justiça e de Segurança Pública (Sejusp) mais que dobrou em 2021 em relação ao ano passado, tanto em Campo Grande, como em todo o Mato Grosso do Sul.
Na Capital o aumento chegou a 134% se for levando em conta dados de janeiro a novembro deste ano, em relação ao mesmo período de 2020, já no Estado o crescimento foi superior, de 147%.
Segundo dados da Pasta, em todo o Mato Grosso do Sul foram retirados de circulação ano passado 2.374,6 quilos da droga, ou seja, 2,3 toneladas, enquanto que neste ano foram 5.875 quilos, 5,8 toneladas.
Na Capital o comparativo mostra que, enquanto em 2020 houve apreensão de 1.097,8kg da droga, em 2021 essa mesma substância totalizou 2.568,6 kg, 2,5 toneladas.
Em valores, pode-se dizer que a polícia do Estado deu um golpe no bolso dos traficantes que pode ir de R$ 176.250.000 a R$ 705.000.000, a depender no mercado para onde seria destinado esses carregamentos de cocaína.
O valor é em relação ao total da droga apreendida em todo o Mato Grosso do Sul, já em relação ao montante encontrado só em Campo Grande, esse valor varia de R$ 77.058.000 a R$ 308.232.000.
Essa diferença seria porque, segundo o comandante do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), coronel Wagner Ferreira da Silva, internamente a cocaína costuma ser vendida a R$ 30 mil o quilo.
Porém, apenas 20% do total produzido e transportado fica no Brasil, o restante é encaminhado para a Europa, principal consumidor da droga, onde o mesmo quilo chega a custar R$ 120 mil.
“O centro consumidor [da cocaína] é Europa, a maconha é para consumo interno, mas isso é ao contrário com a cocaína, só 20% do que entra no Brasil fica e 80% vai para a Europa."
"Por isso o preço é menos valorizado aqui, quanto menor a distância, o preço cai e na Europa tem uma menor disponibilidade no mercado. Em quanto mais distanciando da fronteira [de MS], mais caro”, explicou Silva.
EXPLICAÇÃO
Para o comandante do DOF, o principal motivo para que as forças policiais de Mato Grosso do Sul tenham conseguido este resultado foi uma mudança na modalidade de entrada dessa substância no País.
Antes, a maior parte dessa droga ultrapassava a fronteira com a Bolívia, onde a droga é produzida, por meio de aviões clandestinos.
Entretanto, com a instalação e ativação de radares da Força Aérea Brasileira (FAB) para detecção de aeronaves que voam em baixa altura e que não estão identificadas em Corumbá e Porto Murtinho, e este ano em Ponta Porã, os narcotraficantes optaram por adentrar no território nacional por meio das rodovias.
“Nós percebemos uma mudança do modal do transporte, com os três radares na fronteira, perto de Corumbá, Porto Murtinho e Ponta Porã, eles reduziram o modal aéreo."
"Agora eles passam a droga da Bolívia para o Paraguai de avião e ingressam por meio de rodovia em Mato Grosso do Sul, onde nós conseguimos identificar com mais facilidade, mas isso não significa que aquela rota tenha desaparecido, eles tentam de tudo quanto é forma [fazer o transporte da droga]”, afirmou o comandante.
O primeiro radar instalado em Mato Grosso do Sul foi o de Corumbá, em agosto de 2020, este ano foi a vez de Porto Murtinho, que ganhou o equipamento em março.
O último entrou em atividade em junho deste ano, em Ponta Porã, juntos, eles integram o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (Sisceab).
Outro ponto apontado pelo coronel é o maior investimento nas forças policiais que atuam no enfrentamento às drogas.
“Também pela capacidade que a gente teve, com investimento em pessoal, em treinamento, a gente pôde fazer frente ao crime e isso vem crescendo ano a ano”, disse Silva.
OUTROS DADOS
Se por um lado houve uma grande apreensão de cocaína, o número de maconha retirada de circulação teve uma redução.
Em 2020, também entre janeiro a novembro, haviam sido 680.557,1 kg da droga (680,5 toneladas) em todo o Estado, enquanto que este ano, no mesmo período, foram 629.533,6 kg (629,5 toneladas), redução de 7%.
Entretanto, as forças policiais afirmam que isso pode ser explicado pelo fato de que 2020 foi um “ano fora da curva” em relação a quantidade de droga que entrou em Mato Grosso do Sul.
Isso porque a pandemia prejudicou uma das principais formas de coibir o tráfico, a Operação Aliança, que tem por objetivo combater a produção de maconha em território paraguaio, com a eliminação de plantações da droga no país vizinho.
“Em 2020 essas ações foram prejudicas por causa da pandemia, mas em 2021 voltou, mas ainda assim não foi como era em 2019”, avalia o comandante do DOF.
O número total de apreensões de drogas em Mato Grosso do Sul, contabilizando cocaína, crack, haxixe, maconha, pasta base, skank e outros, totalizou 646.723,2 kg, valor 7% inferior ao total de 2020, quando foram 695.467,5 kg.
“Tivemos ao longo do ano diversas apreensões de grande porte, em um mesmo veículo por muitas vezes. Isso é um indicativo de que as ações das forças de segurança estaduais estão sendo extremamente eficientes."
"Desmantelamos uma quadrilha em Maracaju, que foi responsável pela maior apreensão de maconha no Estado [33 toneladas]”, declarou, Antônio Carlos Videira.




