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CONSCIENTIZAÇÃO

Em meio a crise hídrica, toneladas de lixo retiradas de rios demonstram importância da conscientização

De plásticos e móveis velhos são jogados dos cursos d'água da Capital, causando desequilíbrio ambiental

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Uma casca de bala, uma bituca de cigarro, uma embalagem de produto, o polêmico canudo. Podem parecer itens pequenos, mas que causam enormes impactos ambientais quando jogados em locais inadequados, principalmente quanto aos recursos hídricos, que acabam sendo o destino de final dos detritos jogados nas ruas.

Em Campo Grande, no último dia 18 de setembro, 1,3 tonelada de lixo foi retirada apenas da Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Córrego Ceroula, onde também foram instaladas lixeiras para conscientizar a população.

Mutirão para limpar a Apa do Córrego Ceroula foi realizado no dia Mundial de Limpeza, onde anualmente voluntários se reúnem para retirar de rios, córregos e mares toneladas de lixo descartados de modo incorreto no meio ambiente.

Conforme a empresa Revolução Ambiental, uma das organizadoras da ação, 105 voluntários percorreram as cachoeiras do Céuzinho, do Inferninho e da Macumba, além de terrenos na região.

Em quilos, o principal material recolhido foi o vidro, com 609,53 quilos, seguido por rejeitos (260,72 kg), móveis (200 kg), itens perigosos, como pneus (170 kg), plástico (61,22 kg), papel e papelão (9,79 kg), totalizando 1.320,45 quilos de materiais poluentes.

Quando analisado que o vidro tem mais peso, enquanto o plástico é leve, é possível constatar que o plástico tem maior descarte irregular do que o vidro, sendo também um dos principais vilões da vida marinha.

A ação, além da limpeza visual dos corpos d'água, teve como maior objetivo a conscientização da população para a quantidade de lixo jogada nos rios e os impactos que o descarte irregular tem no meio ambiente. Nos locais por onde o grupo passou, lixeiras foram instaladas.

De acordo com o biólogo e tenente-coronel da Polícia Militar Ambiental (PMA), Edenilson Queiroz, nos cursos d'água, o lixo se acumula em "ilhas" e provoca desequilíbrio ambiental, ameaçando a vida de diversas espécies aquáticas, além de contaminar a água e causar doenças.

Ele reforçou que a atitude de limpeza de rios é uma medida importante, mas que o maior resultado desse tipo de ação é a conscientização. 

Conforme a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur), o crescimento populacional urbano associado à poluição dos corpos d’água e a falta de conscientização da população apresenta um problema real e potencial a nível generalizado: a escassez de água em quantidade e qualidade.

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Como o lixo vai parar nos rios?

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa produz, em média, 1,2 quilo de lixo por dia.

Considerando o universo de Campo Grande, que tem cerca de 916 mil habitantes, segundo a última estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são aproximadamente 1 mil toneladas de lixo geradas diariamente.

Parte desse total é descartado irregularmente.

A engenheira sanitarista e ambiental Aryane Oliveira Custódio Aredes, explica que os lixos jogados nas ruas acabam tendo como destino final os rios.

Aryane é uma das engenheiras responsáveis pelo Programa Córrego Limpo, da Semadur, que monitora a qualidade das águas de rios e bacias da Capital.

“Se você joga um lixo na rua, no logradouro, quando vem a chuva, vai escoar para uma boca de lobo mais próxima e vai desaguar em um córrego, porque as bocas de lobo são para isso, para tirar a água que está escoando perto do imóvel e encaminhar para o córrego mais próximo”, explicou a engenheira sanitarista e ambiental.

Quando estes resíduos chegam aos rios, a maioria demora décadas para se decompor na natureza, causando poluição e outros problemas ambientais.

Conforme o biólogo Ednelson Queiroz, por menor que seja o resíduo, é capaz de causar uma série de problemas.

"Lugar de lixo é no lixo, pode entupir boa de lobo, causar inundações nas casas, ir para os rios e matar os peixes, então é a integralidade ambiental. O prejuíxo é grande, a gente já vive em um ambiente de desequilibrio e quanto menos influencia a gente fizer no ambiente, melhor a qualidade de vida", disse.

Impactos

Segundo a Semadur, além dos resíduos sólidos, os rios também são poluídos com matérias orgânicas, provenientes do lançamento de esgotos domésticos, e matérias tóxicas, de despejos industriais ou de agrotóxicos.

Conforme Queiroz, qualquer resíduo é prejudicial nos leitos dos rios.

"Muitos animais confundem com alimentos e acabam comendo aqueles resíduos, que prejudicam também a mata ciliar, a infiltração de água. São vários fatores que causam prejuízo e poluição do rio e do solo", disse o biólogo.

Com relação a vida aquática, o lixo consumido pode levar os animais à morte, tendo ficado o assunto em evidência quando plásticos foram retirados de tartarugas, mas o problema atinge toda a fauna desse habitat.

Ainda segundo o biólogo, além dos prejuízos à vida aquática local, os cursos d'água são interligados e um lixo jogado em Campo Grande pode ir parar até no mar.

Além disso, em meio à crise hídrica, os resíduos causam problemas na infiltração e retenção da água.

"O ambiente é um sistema, a flora é equilíbrio de recursos hídricos e aumenta a percolação, porque mesmo quando não está chovendo, precisa manter a vazão para manter a vida", disse.

Quando o local está assoreado, não ocorre essa infiltração de água para camadas mais profundas do solo e as reservas subterrâneas.

"A distribuição de água depende de todo o equilíbrio da bacia, a água que não infiltra vai descendo. Além de poluir, estamos mexendo com o tempo de parada dessa água, com o tempo dela no solo. Se chover, o córrego extravasa porque não tem infiltração e perdeu o equilíbrio", explicou.

Para ser decomposto, principalmente o lixo orgânico, as bactérias necessitam de oxigênio, retirando-o da água onde o resíduo está depositado.

"Peixes e toda a vida que dependem do oxigênio vão morrer. É o que acontece no Rio Tietê, em São Paulo", exemplificou o biólogo.

Além disso, a água contaminada também causa doenças que podem levar à morte.

Entre as doenças de veiculação hídrica, estão as diarreicas, dengue, leptospirose, esquistossomose e malária.

Conforme a Semadur, "além de ser indispensável à sobrevivência do homem, das plantas e dos animais, a água é um elemento básico para o desenvolvimento socioeconômico de toda a humanidade". 

"O bem-estar das futuras gerações depende de como lidamos hoje com nossos recursos hídricos, e é imprescindível agir para sua preservação".

Qualidade das águas

Em Campo Grande, há o programa Córrego Limpo, Cidade Viva, que monitora os córregos e rios dentro do perímetro urbano de Campo Grande.

O programa consiste também de fiscalização e desenvolvimento de atividades de educação ambiental para conscientizar a população.

Conforme Aryane Aredes, são 83 pontos de amostragem, que são analisadas trimestralmente e resultam na classificação em uma escala de 0 a 100, que pode ser péssima, ruim, regular, boa e ótima.

O programa tem convênio com a Concessionária Águas Guariroba, que faz as análises dos boletins e as coletas, enquanto a Semadur disponibiliza técnicos de meio ambiente e engenheiros ambientais que vão até o local de coleta para fazer um diagnóstico da área ao todo, para ver se tem muitos resíduos, se tem lançamento de esgoto, para ver o que está acontecendo naquele ponto.

"Hoje, com 83 pontos temos 64% dos pontos com a qualidade boa; 23% regular; 12% ruim e 1% péssimo.

O programa também atua na frente da qualidade e da fiscalização, com vistoria em imóveis para verificar a conexão na rede coletora de esgoto, que é uma das principais fontes poluidoras dos recursos hídricos.

"Com relação às fiscalizações da rede coletora de esgoto, esse ano já realizamos 4.904 vistorias, sendo isso 1.151 notificações geradas para pessoas gerarem a conexão e já encontramos 1.119 imóveis conectados".

"Os resultados das análises, após sua interpretação, são amplamente divulgados para que a comunidade local saiba como estão as condições dos córregos da região em que reside e lembre-se de sua responsabilidade como cidadão campo-grandense para preservar um bem coletivo", afirmou a engenheira.

Despoluição e conscientização ambiental

Despoluir os rios é um processo complexo, isto porque, além dos resíduos sólidos, os cursos d'água também recebem grande quantidade de lançamento de esgotos clandestinos.

Conforme dados da Semadur, uma das soluções mais práticas, é preservar, para que não se tenha apenas que recuperar.

Segundo relatório do programa Córrego Limpo, ano base 2020, é necessário identificar e evitar as causas da poluição, sendo um processo que necessita de "boa vontade e responsabilidade da população".

"Para combater a poluição das águas é preciso intensificar as campanhas de conscientização ambiental, promover medidas de controle e fiscalização, além de se realizar o correto manejo dos resíduos sólidos e o tratamento da água. É necessário que sejam adotadas medidas sustentáveis sobretudo no sentido de garantir esse e outros recursos naturais para as gerações futuras", diz o documento.

De acordo com a engenheira sanitarista e ambiental, Aryane Oliveira Custódio Aredes, a população pode ajudar de duas formas, sendo a principal se conscientizando sobre o descarte correto de lixo e conscientização, e a segunda a denúncia de irregularidades.

"Não jogar lixo em terreno baldio; não fazer ligação clandestina de esgoto nos córregos ou em galerias de águas pluviais; não retirar cobertura vegetal do solo desnecessariamente; preservar recursos e nascentes, respeitando suas margens, conservando sua mata ciliar; evitar o uso de detergentes ou produtos químicos para lavar calçadas e pisos; quando sobrar material de tintura, tintas e solventes, não jogar em qualquer lugar, tem lugar destinados para isso; não jogar resto de produtos tóxicos, limpadores, naftalina, que possa prejudicar, que vai acabar atingindo o córrego", disse a engenheira, sobre as medidas que toda a população pode fazer para preservar o meio ambiente.

"E fazer o papel de fiscais, faça denúncia no 156. Se está tendo lançamento de água servida, algo que está de alguma forma causando danos ao meio ambiente, faça denúncia que uma equipe irá se deslocar ao local para ver se é passível de notificação ou orientação no momento", acrescentou.

Aryane ressalta ainda que algumas atitudes vistas como de economia, na verdade são prejudiciais ao meio ambiente.

Um exemplo é a chamada água servida, que é o reaproveitamento de água usada para lavar roupa, louça, entre outros, que as pessoas guardam para usar na limpeza de calçadas, entre outros. 

"É aquela água que o pessoal tem costume de lançar no meio fio, água de lavar roupa, de tanque, acham que reter essa água é uma forma de guardar essa água, mas na verdade estão lançando um poluente no meio ambiente, porque causa odor, tem produtos químicos e isso agrega na qualidade da água também", explicou Aryane.

O lançamento dessa água no solo contamina o lençol freático com os produtos químicos.

Descarte regular

Em Campo Grande, há cinco ecopontos para o descarte regular de resíduos:

  • Ecoponto Panamá: localizado na Rua Sagarana com a Avenida José Barbosa Hugo Rodrigues, no Bairro Panamá.
  • Ecoponto Noroeste: localizado na Rua Piraputanga esquina com Guarulhos, no Bairro Noroeste.
  • Ecoponto Nova Lima: localizado na Rua Pacajús n. 194, no Bairro Nova Lima.
  • Ecoponto União: localizado na Avenida Roseira, esquina com a Rua Carmem Bazzano Pedra, no Bairro União.
  • Ecoponto Moreninha: localizado na Rua Copaíba entre as ruas Antônio Davi Macedo e Amado Nogueira Moraes, no Bairro Moreninhas.

Os Ecopontos são áreas destinadas para disposição temporária regular para pequenos geradores. 

Este é um local de entrega voluntária regular e gratuita que, recebe resíduos recicláveis (metal, plástico, vidro, papel e papelão), resíduos gerados em construções, demolições e pequenas reformas em prédios ou residências, além de volumosos (mobílias, sucatas e madeiras) e resíduos provenientes de poda de árvores/galhadas. 

O limite de descarte é de um metro cúbico por usuário do sistema.

O horário de funcionamento é de segunda a sábado das 8h às 18h e acessível gratuitamente a qualquer cidadão, que poderá fazer o descarte em containers específicos e sinalizados para cada tipo de resíduo.

INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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