Cidades

CAMPO GRANDE

Em protesto, motoristas de Uber deixam povo com sacolas na mão

Críticas à renumeração pelo uso do porta-malas faz corridas serem rejeitadas

RAFAEL RIBEIRO E BRUNA AQUINO

17/08/2019 - 15h22
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De forma velada e organizada em silêncio em grupos de redes socias e aplicativos de conversa pelo celular, motoristas que prestams erviços para o Uber em Campo Grande realizam um protesto velado que pode prejudicar - e muito - passageiros que utilizam o serviço principalmente para voltar das compras em supermercados e shoppings da cidade cheios de sacola.

Se tornou rotina que os motoristas cancelem as corridas ao observar os passageiros cheios de sacolas. O motivo, essencialmente, é uma crítica dos 'prestadores de serviço' do aplicativo ao fato dos colegas motoqueiros, que atendem restaurantes e lanchonetes em outra vertente do aplicativo, o 'Uber Eats', receberem um valor fixo além do preço determinado pela corrida.

A justificativa é simples: a maioria dos motoristas quer pagamento igual para o uso do porta-malas de seus veículos.

"Muita gente abusa, vai ao Centro, ao supermercado, shopping e enche nosso porta-malas, trazendo prejuízos. Quando eu vejo de longe o camarada cheio de sacola eu cancelo a corrida. Prefiro ter minha nota diminuída do que gastar com amortecedor no futuro", disse um motorista que atende o Uber ao Correio do Estado na última terça-feira (13).

Não é uma opinião isolada. No último dia 8, a reportagem acompanhou o drama da aposentada Sueli Calixto, 72 anos, para retornar de um loja de armarinhos na Avenida Afonso Pena para sua casa, no bairro Tiradentes, região leste. O trajeto de quase sete quilômetros apontava preço de cerca de R$ 12 no horário, por volta das 18h. A oferta de motoristas disponíveis era grande. Mas... A dificuldade foi encontrar um que aceita-se conduzir a idosa, repleta de compras.

O tempo passou, o trânsito se complicou, e entre buzinas e cansaço, foram três recusas. Em uma delas, um homem aparentemente jovem, chamado Douglas, em um chamativo Toyota Etios, carro avaliado em cerca de R$ 60 mil na versão zero quilômetro, para o veículo,pergunta à Sueli o destino final, mesmo não sendo a recomendação do aplicativo, e decide não levá-la. "A senhora tem que chamar a modalidade Select (mais cara)", avisou e partiu. Detalhe: apesar da desistência o motorista não cancelou a corrida, deixando a tarefa para a idosa, que assim pagaria a taxa de R$ 5 cobrada pelo Uber. E pior, o motorista em questão era da categoria mais cara, mas estava tendendo corridas da modalidade habitual. Alertado pela reportagem sobre esse pequeno detalhe, foi categórico. "Mas aí eu não ganho para isso (abrir o porta-malas)", disse.

"É um desrespeito, sim, mas não temos muito o que fazer. Infelizmente quem não tem carro próprio sofre bastante e se submete a esse tipo de conduta. Me deixa cansada, sabe", disse Sueli. "Mas é a opção que temos para fazer compras e voltar para a casa." Felizmente, para ela, um motorista em um simpático Fiat Uno aceitou a corrida e ainda ajudou a idosa a embarcar seus copos, tigela e panelas, indignado com a conduta profissional do colega.

INDIGNAÇÃO

O motorista do Etios faz parte de um movimento que cresceu nas últimas semanas. Ao descobrirem uma suposta tabela do Uber Eats divulgada em aplicativos de mensagens pelo celular, em julho, os 'prestadores de serviço' do Uber resolveram se organizar e iniciar o boicote aos passageiros lotados de sacola.

Em mais de um desses grupos é normal ver mensagens de alguns dos motoristas incentivando a recusa em corridas chamadas de atacadistas, supermercados grandes e dos três shoppings da Capital.

Não é uma opinião unânime, claro. E há os própriios motoristas de aplicativos que são 'vítimas' dos colegas quando estão do outro lado do balcão, como diz o ditado. José (nome fictício), 57 anos, era condutor de ônibus coletivo e há quatro meses aproveita o desemprego para faturar nos aplicativos. Na última semana, seu Corsa quebrou e foi para a oficina. Ele então resolveu aproveitar o tempo vago para fazer compras em um shopping no Jóquei Clube, região sul. A volta foi um pesadelo.

"Estava com quatro sacolas. Repito, quatro. Cheia de mantimentos. Dois motoristas que aceitaram minha corrida reclamaram quando pedi para usar o porta-malas. Achei que seria melhor avisar antes da chegada deles, por mensagem. Obviamente cancelaram. No terceiro resolvi ir no escuro e ele não teve como correr. Mas só melhorou o humor quando disse que também fazia Uber", disse.

José diz que nunca teve essa postura, que ser solícito lhe faz até ter clientes fixos no Jardim Los Angeles, bairro da região sul onde mora e que sofre constantemente com o descaso de motoristas desconfiados. "Para mim não era uma situção tão constante. Pelo jeito a tendência é todos eles começarem a ser excluídos. O aplicativo pune quem faz esse tipo de coisa, recusa muitas corridas, mas vai saber qual as intenções de cada um", disse.

Questionada sobre os temas abordados na reportagem na última quarta-feira (14) por meio de sua assessoria, o Uber não respondeu a reportagem até a publicação desta reportagem.

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

Campo Grande

Investigada por desvio recebeu R$ 1,7 milhão para iluminar "Cidade do Natal"

Construtora JCL venceu licitação há dois meses e será responsável pela decoração natalina da Capital

19/12/2025 17h50

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Investigada em operação que apura suspeitas de fraudes em licitações e contratos de iluminação pública em Campo Grande, a Construtora JCL Ltda. venceu há dois meses a disputa para iluminar a decoração natalina da Capital neste ano, orçamento de R$ 1,7 milhão.

Conforme o Portal da Transparência, a empresa será responsável por fornecer, instalar e desinstalar a decoração natalina na Capital, contrato firmado no dia 17 de novembro e que expira no dia 15 de fevereiro. 

Conforme o edital, a iluminação abarca trechos da Rua 14 de Julho, Avenida Afonso Pena local de apresentações culturais, gastronomia e lazer. Para a decoração natalina está prevista a instalação de mangueiras luminosas de led branco quente (âmbar), verde e azuis pelas avenidas Afonso Pena, Duque de Caxias e Mato Grosso.

Na 14 de Julho, a decoração possui flâmulas natalinas, bolas metálicas iluminadas, árvores naturais de porte médio, árvores em formato de cone, anjo iluminado e pórticos metálicos.

As luzes foram acesas no dia 1º de dezembro deste ano, com desligamento previsto para o dia 15 de janeiro de 2026, datas que, conforme contrato, podem ser adiadas ou antecipadas.

De acordo com a prefeitura, a iluminação decorativa natalina tem como objetivo "trazer o espírito natalino para as ruas, praças e avenidas da Capital, aliando beleza, lazer e sentimento de pertencimento urbano".

Iluminação natalina

A Praça Ary Coelho também foi decorada com os portais de entrada até o coreto, além de iluminação nas árvores naturais.

Complementam a decoração em outras vias estrelas dos mais variados tamanhos, árvores de arabesco, cometas, botas, bicicletas, pirâmides e pórticos, entre outros.

Além dessas, receberão decoração as rotatórias da Ceará com Joaquim Murtinho; Duque de Caxias com a Entrada da Nova Campo Grande; da João Arinos com Pedrossian; Três Barras com Marques de Lavradio; Consul Assaf Trad com Zulmira Borba; Gury Marques na rotatória da Coca-Cola; Filinto Muller no Lago do Amor; dentre outras. A iluminação compreende ainda o Paço Municipal.

 

Contradição

A assinatura do contrato entre a prefeitura e a construtora contraria uma lei sancionada pelo próprio Executivo em agosto deste ano, que detinha o objetivo reduzir gastos e otimizar recursos públicos.

A Lei 7.464/25, sancionada em 4 de agosto, previa que a iluminação e ornamentação natalina em espaços públicos fosse patrocionada por empresas privadas, sem custos para a Prefeitura.

Conforme a lei, as empresas interessadas em iluminar a "Cidade do Natal" em troca, poderiam divulgar suas marcas nos locais iluminados. O programa "Natal de Luz", inserido na lei, tem vigência anual, entre 1º de novembro e 10 de janeiro. 

*Colaborou João Pedro Flores

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