Quase três meses após pedido de recuperação judicial, dívida do Grupo Bigolin, um dos mais fortes no ramo da construção civil em Mato Grosso do Sul, passou de R$ 54,7 milhões para R$ 59,2 milhões, em decorrência da divergência de valores de débito e da inclusão de novos credores após a apresentação do plano de recuperação, no mês passado. Ainda não há previsão para a realização da assembleia de credores que vai avaliar e definir a aprovação ou não do plano, que prevê as condições de pagamento para os cerca de 740 credores (estimativa atual, entre bancos, fornecedores e ex-funcionários) do grupo.
De acordo com informações do administrador judicial nomeado para o processo de recuperação judicial da Bigolin, José Eduardo Chemin Cury, nesta semana foi protocolada petição, solicitando ao juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da Vara de Falências, Recuperações, Insolvências e Cartas Precatórias Cíveis, para publicar o edital dos novos credores. “Depois disso há as impugnações, análises, decisões e somente após encerrado o prazo para todos esses trabalhos, marca-se a data para realização da assembleia”, explicou.
Pela lei (11.101/2005, de Recuperação Judicial), o prazo para a assembleia ocorrer é de 180 dias após o deferimento do pedido, porém esse cronograma pode ser estendido dependendo de decisão da Justiça. “Como engloba grande complexidade, por causa do número de credores, do volume de dívidas e por ser um processo muito extenso, às vezes a empresa recuperanda não consegue cumprir o prazo, mas isso não é regra e o Judiciário está bastante atento a isso, para não haver subterfúrgios”, destacou. Uma vez aprovado o plano, lembrou Cury, durante os dois anos subsequentes (também prazo médio estipulado pela legislação para a recuperação judicial), a empresa precisará obrigatoriamente manter os pagamentos dos credores em dia.
GRUPO
Composto pelas empresas Bigolin Materiais de Construção Ltda., Ângulo Materiais de Construção e Serviços Ltda., Casa Plena Materiais de Construção Ltda., D&D Comércio, Construção e Serviços Ltda. e Nara Rosa Empreendimentos Imobiliários Ltda., o grupo está no Estado desde 1982 e tem unidades espalhadas também por São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Segundo nota divulgada pela rede em março, o processo de recuperação tem objetivo de ajudar a superar “a crise econômico-financeira da empresa, para garantir a manutenção da sua capacidade produtiva, dos empregos e dos interesses dos credores, promovendo a sua preservação, a sua função social e o estímulo à atividade econômica”.
Ainda conforme informações do administrador judicial, logo que solicitou o pedido, o grupo pediu o fechamento de duas lojas — uma no Shopping Norte Sul Plaza, em Campo Grande, e a outra em Ilha Solteira (SP). “Fomos favoráveis, porque eram duas unidades que estavam dando prejuízo e também porque todo o patrimônio ali existente iria para o Centro de Distribuição, para ser vendido pelas outras lojas”, comentou. Atualmente, a Bigolin mantém quatro lojas abertas na Capital e uma no interior do Estado.


