O Bairro Núcleo Industrial, mais conhecido como Indubrasil, é dividido por duas cidades: Terenos e Campo Grande, exatamente no meio da BR-262, entre comércios e bem em frente à estação ferroviária.
Apenas parte do bairro pertence a Campo Grande. Essa divisão, porém, existe só no papel e na placa indicando os limites dos municípios. Mas, no dia a dia, essa questão não faz muita diferença na vida das pessoas que moram em Terenos, a poucos metros da Capital.
Nilson dos Reis, 58 anos, é marceneiro e tem uma loja em cima da divisão dos municípios; contudo, no papel, o comércio dele fica na Capital. Ele está no local há 15 anos. Nilson trabalha junto da esposa e afirma que a divisão não atrapalha em nada. “Eu tenho dois endereços. O da loja fica em Campo Grande, o de casa, em Terenos”, contou.
Quando precisa de atendimento médico, Nilson se desloca até Terenos, distante 15 quilômetros. “Prefiro fazer minhas coisas lá, porque o atendimento é melhor. Tem medicamento no posto de saúde. Como tenho dois endereços, posso ter atendimento nas duas cidades”, revelou.
Comercialmente, Nilson diz que a burocracia na cidade vizinha é menor. “O atendimento é mais rápido e todo mundo se conhece. Como é aqui também no bairro. Os comerciantes estão aqui há anos e a gente acaba se ajudando”, afirmou.
Mas reclama quando precisa usar a linha de transporte, já que no distrito não tem ônibus. “Se a gente precisa utilizar o ônibus, temos que andar até quatro quarteirões. As pessoas fizeram abaixo-assinado para a linha passar por aqui. Aqui não tem porque dizem que é intermunicipal”, alegou.
Ao ser questionado sobre deixar o Núcleo Industrial para morar na Capital, Nilson balançou a cabeça veementemente. “A tranquilidade que eu tenho aqui é boa, durmo com janela aberta. Jamais trocaria a minha casa por uma na Capital. Faço de tudo para não ir para a cidade. Quando tenho que ir, deixo acumular tudo que eu preciso fazer pra resolver de uma vez”, riu.
DO OUTRO LADO
Dona de uma loja de utilidades, Artesanato Pantanal, do lado de Terenos, Shirley Diniz, 56 anos, conta que está no Núcleo Industrial há 19 anos. Ela reclama que a divisão dos municípios complica até quem é dos Correios. “Aqui não tem nada certo, é tudo bagunçado demais e os carteiros se confundem muitas vezes”, comentou.
Mas diz que não troca o bairro por outro. “A tranquilidade é boa, sossegado para criar os filhos. Não trocaria aqui por Campo Grande, todo mundo família, viver e conviver com os vizinhos é muito bom”, destacou.
O comércio também está em um ponto estratégico. “Aqui é um ponto de parada dos viajantes. É passagem dos pescadores, turistas”, comentou.
Outro morador antigo da região é Narcísio Lopes dos Santos, 63, dono do Bar do Bigode. Ele abriu o estabelecimento há 21 anos e não muda de Terenos por nada. “Antes, aqui, a água e a luz eram das concessionárias de Campo Grande, mas eu estou do lado de Terenos e isso causava muita confusão”, contou.
Mas a confusão acabou quando a prefeitura de Terenos construiu casas populares no Núcleo Industrial.
Bigode relata que o bom do bairro é a tranquilidade e citou as vantagens de morar longe da cidade. “Para quem não gosta de barulho, muvuca, muito movimento, o lugar é aqui. Todo mundo se conhece, quando vem alguém diferente a gente já fica atento”, afirmou.
Ao ser questionado sobre morar em Campo Grande, o comerciante resumiu, brincando, a resposta nas seguintes palavras: “Deus me livre. Estou muito perto da Capital, já quero mudar para mais longe”. (RV)
Feito por Denis Felipe com IA
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