A Estação de Qualidade do Ar de Campo Grande, QualiAr, emitiu um alerta nesta quinta-feira (16), para o alto índice de partículos poluentes no ar devido aos incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia. A classificação do ar da Capital que era 'Boa', passou para 'Moderada' e pode chegar a 'Ruim', nas próximas.

O índice de qualidade do ar em Campo Grande já está em 68. Para acompanhar os dados da EstaçãoQualiAr, clique aqui.
Ao Correio do Estado, o professor doutor de Física, Widinei Fernandes, membro do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), explica que os índices estão fora do normal, devido a fumaça que vem dos incêndios florestais.
"Desde ontem (15), principalmente no período noturno, a concentração dessas partículas poluentes aumentou de forma significativa. Saímos da faixa considerada boa para a condição moderada. Esse aumento foi devido, a chegada dessa pluma, em decorrência das queimadas que ocorreram no Pantanal e também na Amazônia", aponta o professor em Física.
A atual situação mostra que que a poluição do ar é um problema transfronteiriço, ou seja, regiões relativamente distantes pode impactar em nosso território local.
"A nossa região total, aqui Mato Grosso do Sul como um todo, está sofrendo com essa poluição vindo do Amazonia e do Pantanal, por isso está sendo identificado nesse momento uma condição moderada podendo chegar até uma concentração de ruim mais tarde", alerta o professor.
Cabe destacar que a Estação de Qualidade do Ar estpa localizada na UFMS e monitora principalmente as partículas no ar da Capital.
"São partículas muito finas em decorrência da combustão, de queimadas e da própria emissão veicular. Normalmente na estação são encontradas concentrações um pouco maiores logo após às 6 horas da manhã e no final da tarde", explica o professor Widinei.
Recomendações
Diante da condição de ar 'Moderada', o professor doutro em física recomenda à população alguns cuidados de prevenção a doenças oriundas do altos índices de poluição. Confira:
- Recomenda-se a redução das atividades físicas em qualquer horário;
- Ingerir bastante líquido;
- Ficar em repouso;
- Umidificar bastante o ar onde a pessoa estiver localizada;
- Redobrar os cuidados com idosos e crianças, que são os que mais sofrem com essa condição.
"Se essa condição de qualidade do ar perdurar ou chegar a piorar, mudando de índice para ruim, também recomenda-se o uso de máscara. As mesmas máscaras que foram usadas na época do COVID-19, para reduzir então a inalação dessas partículas. Já que a exposição dessas partículas potencializa bastante risco de AVC, problemas cardíacos e principalmente os problemas respiratórios", orienta Widinei.
Estação de monitoramento
O monitoramento da qualidade do ar teve início em 10 de março de 2021 com a entrada em funcionamento dos analisadores de Material Particulado (PM10 e PM2,5). O material particulado é o principal poluente atmosférico utilizado como parâmetro para a análise e caracterização da qualidade do ar devido à frequência de ocorrência e aos prejuízos à saúde e ao meio ambiente que ele pode causar.
Poluentes
Poluente atmosférico: qualquer forma de matéria em quantidade, concentração, tempo ou outras características, que tornem ou possam tornar o ar impróprio ou nocivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade ou às atividades normais da comunidade (Resolução CONAMA 491/2018).
Os poluentes na atmosfera podem ser de origem natural (são então emitidos pela vegetação, erosão do solo, vulcões, oceanos, etc.) ou de origem antropogênica, ou seja, são "emitidos" pelas atividades humanas.
Todos os setores da atividade humana são suscetíveis de emitir poluentes atmosféricos: atividades industriais, tratamento de resíduos e canteiros de obras, transporte (rodoviário, aéreo, fluvial), atividades domésticas (aquecimento em particular), agricultura ou silvicultura.
Na atmosfera, os poluentes observados são aqueles emitidos diretamente por essas fontes, mas também aqueles resultantes de reações físico-químicas entre componentes químicos (poluentes primários e outros constituintes da atmosfera) regidos por condições meteorológicas.
Efeitos da poluição
A poluição do ar tem efeitos sobre a saúde e o meio ambiente e, portanto, tem repercussões econômicas. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) em suas diretrizes para o ar (resumo da avaliação de risco, atualização de 2005):
"Respirar ar puro é considerado uma condição essencial para a saúde e o bem-estar humano. No entanto, a poluição do ar continua a representar uma ameaça significativa à saúde em todo o mundo. [...] Mais de 2 milhões de mortes prematuras a cada ano podem ser atribuídas aos efeitos da poluição do ar externo nas cidades e da poluição do ar interno [...] em todo o mundo."
O ar em ambientes internos é influenciado por fontes de poluição interna, bem como pela transferência de poluição externa.Passamos quase 80% do nosso tempo em espaços fechados, sejam eles privados (apartamentos, casas, trabalho, etc.) ou acolhedores (escolas, administrações, locais de lazer, etc.).
A questão da qualidade do ar interior, há muito ignorada, desde então tem sido investida para compreender os problemas e áreas de melhoria.
Este é um problema de saúde pública e uma questão econômica. Se existem muitas trocas de fluxos com o ar externo, os ambientes fechados têm muitas especificidades. A qualidade do ar interior é consistentemente pior do que a de um espaço aberto .
Esta poluição é explicada pelos produtos e objetos do nosso dia-a-dia que emitem muitas substâncias, pelas nossas atividades e práticas e pela armadilha do isolamento se o ambiente for mal ventilado. Atenção especial ao ar interno é necessária para pessoas sensíveis: bebês, mulheres grávidas, asmáticos, idosos e pessoas com doenças cardíacas e insuficiência respiratória.
No exterior, existem diferentes ambientes para os quais se monitora a qualidade do ar: canteiros de obras, áreas industriais, etc.
Efeito estufa
Mudanças climáticas, associadas ao aumento das concentrações de gases de efeito estufa (GEE), que absorvem a radiação infravermelha emitida pela superfície terrestre e, assim, contribuem para o efeito estufa. Alguns GEEs estão naturalmente presentes, como dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e ozônio.
Outros chamados industriais são "fabricados artificialmente", como freon, CFCs, HFCs, etc. A priori diferentes em seus efeitos, as questões ligadas à poluição atmosférica e às mudanças climáticas estão intimamente ligadas. A poluição do ar e o aquecimento do clima não se substituem, mas somam-se. Suas origens e efeitos estão interligados.


